Nas últimas décadas, ocorreram mudanças no perfil de adoecimento da população. Com redução dos casos de doenças infectocontagiosas e aumento da incidência de doenças crônico-degenerativas, como câncer, torna-se fundamental medidas para a prevenção dessas doenças.
No mundo, devido a pandemia do novo coronavírus, ocorreram mudanças na rotina desses pacientes oncológicos. No Brasil, o Ministério da Saúde tomou uma série de medidas para mitigar o impacto dessa pandemia no país, entre essas estão a aprovação do uso da telemedicina.
Quer saber mais sobre o assunto? Então, continue a leitura e confira alguns benefícios da telemedicina na Oncologia.
Autorização do uso da telemedicina no Brasil
No Brasil, o Ministério da Saúde autorizou, por meio da PORTARIA Nº 467, DE 20 DE MARÇO DE 2020, o uso da telemedicina em todo o território nacional. Essa autorização tem caráter excepcional e temporário, com o objetivo de reduzir a circulação de pessoas no ambiente hospitalar e, assim, tentar evitar mais exposições ao coronavírus. O uso da telemedicina está autorizado nos âmbitos: atendimento pré-clínico, suporte assistencial, consulta, monitoramento e diagnóstico, tanto no meio público quanto privado.
Conhecendo a Telemedicina na Oncologia
A telemedicina, no Brasil, era praticada em hospitais e instituições de saúde apenas para capacitar os profissionais da área, trocando informações com instituições de referência na oncologia e facilitando o acesso a segunda opinião (teleinterconsulta) do especialista de forma rápida e segura.
A partir de março, iniciou-se o uso para consultas médicas, não só para Oncologia, mas para todas as especialidades médicas. Devido a pandemia, algumas consultas foram postergadas, como as de acompanhamento de pacientes com doença estável e alguns procedimentos cirúrgicos não urgentes, sendo importante o papel da telemedicina nesse cenário, para fornecer ao paciente acompanhamento médico sem sair de casa. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), para a avaliação de novos casos, a telemedicina pode ser utilizada também como triagem dos pacientes que necessitem atendimento presencial.
No mundo, a teleoncologia começou a ser utilizada para fornecer atendimento a populações de regiões rurais. Com a utilização da teleoncologia, foi possível aumentar o acesso a serviço de saúde e diminuir os custos. Atualmente, já há um vasto campo de atuação, tendo inclusive desenvolvido o atendimento multidisciplinar. Exemplos de aplicações de teleoncologia bem-sucedidas incluem: telegenética do câncer, supervisão quimioterápica remota, gerenciamento de sintomas, cuidados de sobrevivência, cuidados paliativos e abordagens para aumentar o acesso a ensaios clínicos de câncer. Esse atendimento pode ocorrer tanto de forma sincrônica quanto anacrônica ou mista. Além da oncologia, há a telerradioloiga e a telepatologia, que também auxiliam no diagnóstico e tratamento das neoplasias.
Benefícios da Telemedicina na prática
O cenário da saúde sofre com uma distribuição desigual de profissionais capacitados em Oncologia. Apesar de termos, no Brasil, uma quantidade de oncologistas suficiente de acordo com a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), há concentração desses profissionais em grandes centros. Por exemplo, em 2019, São Paulo tinha mais de mil oncologistas e Roraima tinha apenas cinco. Desse modo, a telemedicina possibilitaria uma maior equidade no acesso a esses serviços de saúde.
A seguir, observe alguns benefícios da telemedicina na prática oncológica:
- Aumenta o acesso aos cuidados;
- Informações para o autocuidado e prevenção das doenças;
- Troca de informações para diagnóstico e tratamento eficazes;
- Redução de deslocamentos para os pacientes e especialistas;
- Melhora da equidade tanto no acesso quanto na qualidade dos serviços de saúde;
- Facilita a educação continuada de profissionais da saúde, principalmente os que estão localizados em zonas rurais.
Teleducação na oncologia
A educação continuada em saúde contribui para o processo de qualificação do trabalho com ensino mediado pelo uso de tecnologias.
Levando em consideração as necessidades dos médicos, a Teleducação possibilita o profissional se atualizar no próprio local de trabalho e em qualquer lugar. Como consequência, tem uma otimização do seu tempo e pode disseminar os conhecimentos para um grande número de pessoas.
Assim, percebe-se que a telemedicina pode trazer diversas vantagens à prática médica, incluindo para a Oncologia.
Referências
Ministério da Saúde (BR). Portaria nº 467, de 20 de março de 2020. Dispõe em caráter excepcional e temporário sobre as ações da Telemedicina no Brasil. Diário Oficial União. 20 mar 2020; Seção 1-extra.
Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica. SBOC, 2019. Telemedicina tem potencial de ampliar acesso a atendimento especializado no Brasil. Disponível em <https://sboc.org.br/noticias/item/1719-telemedicina-tem-potencial-de-ampliar-acesso-a-atendimento-especializado-no-brasil>. Acesso em 25 de Maio de 2020.
Sirintrapun SJ, Lopez AM. Telemedicine in Cancer Care. Am Soc Clin Oncol Educ Book. 2018; 38:540‐545. doi:10.1200/EDBK_200141
Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica. SBCO, 2020. Epidemia de Covid-19: pronunciamento da SBCO. Disponível em: <https://www.sbco.org.br/central-de-noticias/view/epidemia-de-covid-19-pronunciamento-sociedade-brasileira-de-cirurgia-oncologica>. Acesso em 25 de Maio 2020.
Autora: Lyz Tavares. Atualização: Isabella Gutierres