Vivendo o sentido de cada momento: Reflexões que levam à mudança

[tie_index]Pequenos momentos de sentido[/tie_index]

Pequenos momentos de sentido

Podemos ser levados a pensar erroneamente que viver uma vida com sentido é ter grandes experiências como viagens para lugares paradisíacos, ter o emprego dos sonhos, uma boa situação financeira, etc. Pois bem, isso em alguma medida pode nos trazer uma sensação de realização na vida. Porém, muitas pessoas têm essas experiências e mesmo assim carregam uma sensação de vazio que parece inexplicável.

Ao vermos uma pessoa com esses privilégios e reclamando da vida porque não é feliz, nos indagamos automaticamente: “como pode alguém com tudo isso na vida não ser feliz?”. Segundo o psicólogo e fundador da logoterapia Viktor E. Frankl, o sentido da vida está em cada momento. Ou seja, em cada situação que vivemos podemos encontrar sentido e cabe a nós decidirmos se seguiremos ou não o sentido que a vida nos coloca nessas situações.

Para ficar mais claro, tome como exemplo a seguinte situação: Ex. Maria é uma pessoa que está em dificuldades financeiras devido a gastos desnecessários com roupas, sapatos e almoços e jantares em lugares razoavelmente caros. Maria tem consciência que deve economizar para pagar suas dívidas, mas não consegue abrir mão do estilo de vida que tem mesmo sabendo que está indo ladeira abaixo agindo assim. Toda vez que ela pensa em comprar algo desnecessário lhe surge o seguinte pensamento: “eu não deveria tá comprando isso, já tenho o suficiente para passar muito tempo”; “ eu poderia estar cozinhando em casa para economiza”; “toda vez que saio gasto muito dinheiro”.

[tie_index]Impulsos que nos levam em outra direção[/tie_index]

Impulsos que nos levam em outra direção

Apesar dos pensamentos realistas que Maria tem sobre sua situação financeira e do caminho que ela deveria seguir (caminho com sentido), ela não consegue se desvencilhar de antigos hábitos e acaba incorrendo novamente em gastos desenfreados.

Numa situação onde estamos sobre forte impulso, como é a situação que acorre com Maria, ainda temos a liberdade de escolher qual decisão iremos tomar: se cederemos aos impulsos ou se iremos nos opor a eles e tomar uma decisão responsável: uma decisão que tomamos conscientemente e que sabemos que é a decisão certa. Como é dito na logoterapia: “O ser humano não é livre de determinadas condições sociológicas, biológicas ou psicológicas, mas ele é livre para TOMAR UMA POSTURA diante dessas condições”. 

Podemos entender a frase dita acima da seguinte forma: não somos livres para escolher em qual família, cidade, país, cultura, etc., iremos nascer (condicionamentos/condições sociológicas); não somos livres para escolher nossa altura, cor dos olhos, cabelos, tamanho dos olhos, das orelhas, ou até se iremos nascer com determinadas condições médicas hereditárias (condicionamentos/condições biológicas); não somos livres para escolher como nossas crenças, visão de mundo, e forma de pensar em diversas situações são formadas (condicionamentos/condições psicológicas), mas somos livres para escolher mudar muito do que nos foi ensinado e imposto pela sociedade, pela nossa criação familiar, pela escola, dentre outros. Como também podemos mudar nossa forma de pensar e de se portar diante de situações que são inalteradas.

[tie_index]Pausa reflexiva: Saber identificar o caminho errado[/tie_index]

Pausa reflexiva: Saber identificar o caminho errado

Dado o avanço tecnológico que vivenciamos, ocorre que a maioria das pessoas, devido à correria que a sociedade moderna nos impõe, podem passar pela vida de forma muito rápida, perdendo as várias oportunidades de realização de sentido que a vida nos traz. Eles ficam presos em seus velhos hábitos e impulsos destrutivos e abrem mão de escolher se opor a tudo que lhes fazem mal. Podem até adquirir a consciência de seu estilo de vida destrutivo, mas não fazem nada para resolvê-lo. O que podemos chamar de resignação passiva.  

Por falar em resignação passiva, podemos citar aqui algumas ferramentas da modernidade que colaboram e muito no fomento dessa passividade das pessoas: a internet e suas diversas distrações como redes sociais e plataformas de vídeos que são as principais fontes de procrastinação da modernidade.

Ao mesmo tempo em que as redes sociais contribuem significativamente, por exemplo, para divulgação de serviços, agilizar a comunicação entre as pessoas em diferentes partes do mundo, conectar pessoas com interesses em comum, etc., elas exploram vulnerabilidades do ser humano como a buscar por um prazer imediato, alívio da tensão de uma situação ou dia estressantes por meio da visualização de conteúdos banais, dentre outros. 

[tie_index]Escolhendo caminhos de sentido[/tie_index]

Escolhendo caminhos de sentido

Até aqui vimos que o ser humano, apesar de todos os impulsos que é submetido, pode escolher o caminho que quer trilhar. De certo não é uma tarefa fácil, mas como diz um velho dito popular: “As melhores vitórias vêm de grandes desafios”, ou ainda, como gosto de falar: grandes mudanças ocorrem em nós quando aceitamos com coragem seguir o caminho do sentido em oposição aos impulsos e prazeres que nos levam na direção contrária”. 

Dito tudo isto, irei deixar aqui um checklist para ser colocado em prática no dia a dia e que irá ajudar a identificar os sentidos, que como já foi dito, estão em cada momento que vivemos. Vamos lá!

  1. Pare por um momento e PENSE: quais comportamentos tenho diariamente e que não gostaria de tê-los? (podem ser comportamentos simples como dormir um pouco mais do que deveria ou não lavar a louça no momento que você acredita que seria o ideal, passar muito tempo no celular, etc.);
  2. PENSE: Que pensamentos tenho diariamente e que me afasta de meus objetivos diários? Quais pensamentos seriam os mais corretos para eu ter nesse momento de minha vida e que me ajudariam na consecução de meus objetivos?
  3. Quais impulsos agem sobre mim e que me desvia do que devo fazer? (podemos pensar em impulsos para distração no celular, impulsos para sair com os amigos em momentos inoportunos, etc.);
  4. À noite, um pouco antes de dormir, você também pode planejar seu dia posterior para que ele seja produtivo. Então, anote, preferencialmente, em uma folha de papel, o horário que você gostaria de acordar, uma tarefa que você gostaria de fazer pela manhã, outra que gostaria de fazer à tarde e outra à noite. 

Obs: Porque apenas uma tarefa em cada turno? Seria muito difícil para quem não está tendo uma vida produtiva fazer mais de uma atividade durante um turno. Provavelmente isso iria provocar um estresse, culminando na desistência de tudo, o que acabaria lhe deixando ainda pior. Portanto, se certifique que a atividade que você quer realizar não seja muito desafiadora, mas que também não vai ser algo muito fácil a ponto de não te trazer um bem-estar por ter realizado essa tarefa. 

[tie_index]Algumas conclusões [/tie_index]

Algumas conclusões 

Essas dicas e reflexões são ferramentas usadas em psicoterapia que levam ao autoconhecimento e ao desenvolvimento de uma postura ativa do paciente em relação às mudanças que este quer operar em sua vida. 

Obviamente, os recursos psicoterápicos não se esgotam com o que foi dito aqui, pois estes são bem mais vastos e eficazes quando trabalhados em psicoterapia, com um profissional psicólogo acolhedor, empático, humano, características que são essenciais para qualquer psicoterapeuta que deseje facilitar o processo de mudança de seu paciente.  

Referências

  1. FRANKL, Viktor E.; Um sentido para a vida: psicoterapia e humanismo.11.ed. Aparecida-SP: Ideias & Letras, 2005. 
  2. WRIGHT, Jesse H.; BASCO, Monica R.; THASE, E. Michael. Aprendendo terapia cognitivo-comportamental: um guia ilustrado. 1.ed. Porto Alegre-RS: Artmed, 2008.

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