Qual o limite que separa o uso saudável do uso problemático das tecnologias digitais? Como estabelecer regras para o uso saudável das telas? O termo “telas” refere-se, basicamente, ao uso de internet, celular, videogame e TV pelos jovens. Para responder a essas questões, a Sociedade Brasileira de Pediatria criou o Manual de Saúde de Crianças e Adolescentes na Era Digital.
De acordo com esse manual, são vários os sintomas que distinguem o uso equilibrado do uso problemático das telas. Isso vai além da quantidade de horas diárias que as crianças e os adolescentes passam acessando a rede mundial de computadores, levando em consideração também outros sintomas de saúde física e mental.
Como ensinar as crianças o uso equilibrado da tecnologia
Crianças de 0 a 10 anos
Para prevenir o uso compulsivo das tecnologias digitais, os pediatras recomendam que os pais não permitam que crianças com idades de zero a dois anos acessem a internet, pois esta é a fase da vida onde há um maior desenvolvimento cerebral , o que pode ser a semente para um futuro uso compulsivo das tecnologias digitais. Logo depois desta fase, os médicos sugerem que os pais limitem o uso das telas a uma hora por dia para crianças de dois a cinco anos e que não deixem seus filhos de zero a dez anos usarem a internet sozinhos para evitar acesso a conteúdos sensíveis na rede e cyberbullying.
Adolescentes
Com relação aos adolescentes, os médicos sugerem que os jovens usem as telas por até no máximo duas horas por dia. Os pediatras alegam que este tempo é suficiente para que os jovens estudem, joguem e possam interagir através das redes sociais, equilibrando melhor as atividades virtuais e presenciais, para que possam levar uma vida mais saudável e equilibrada.
Buscando o equilíbrio na vida adulta
Nunca é tarde para aprender a lidar de forma saudável com a tecnologia e construir hábitos que busquem o equilíbrio entre o tempo diante das telas e as horas livres para aproveitar a vida real. Alguns movimentos sugerem formas de alcançar essa harmonia, conheça dois deles.
Movimento slow: desacelerando em busca da harmonia
O movimento slow também questiona os excessos do uso de telas não só pelos jovens mas pelos adultos. Este movimento social incentiva que as pessoas desaceleram o ritmo de vida no seu cotidiano e façam um uso mais equilibrado entre atividades virtuais e presenciais, enfatizando a importância de se preservar o meio ambiente e gerar menos lixo tecnológico. Esse movimento sugere que as pessoas façam pausas, reservando um horário na agenda para checar e-mails e redes sociais e ficar um dia no final de semana completamente desconectado da internet. Outra dica importante: responder e-mails no tempo que for possível e não com tanta rapidez.
Esse movimento tem sugerido alguns questionamentos que podem ajudar no processo de se desconectar, tais como: quantos anos da sua vida você pretende passar jogando ou interagindo nas redes sociais? Será que esta meia hora a mais no Facebook não impedirá que você encontre aquele amigo que você não vê há tempo para uma conversa no café? Aliás, uma das máximas deste movimento social é equilibrar melhor as atividades presenciais e virtuais, pois tempo é felicidade.
Minimalismo: viver melhor com menos
Já o movimento minimalista também tem feito as pessoas repensarem a forma como usam e consomem as tecnologias digitais com o refrão: “menos é mais”. O minimalismo sugere levar uma vida mais simples e comprar apenas aquilo que é essencial, evitando assim, o consumo desenfreado de diferentes ferramentas tecnológicas e o uso mais parcimonioso da tecnologia. Esse movimento também nos faz repensar o consumo ao indagar: será que eu realmente preciso comprar um novo smartphone neste momento, enquanto o meu aparelho atual continua em bom estado? Será que o uso excessivo de tecnologia não está impedindo que eu dedique mais tempo à criação dos meus filhos?
Benefícios para todas as idades
Um aspecto que todos esses movimentos têm em comum é que eles incentivam conciliar a atividade online com a prática de esportes ao ar livre para se levar uma vida mais saudável, evitando o excesso de consumo e do uso das telas pelos jovens e seus familiares.
Essas questões podem ser úteis para que pais possam debater o assunto no trabalho de orientação psicológica online e assim estabelecer regras familiares que ensinem todos os membros da família a lidar melhor com o uso das telas, de maneira mais saudável e empoderadora. Para acessar o Manual Saúde de Crianças e Adolescentes da Sociedade Brasileira de Pediatria clique aqui.
Referências
ALBUQUERQUE-LIMA. Ana Maria. Família Conectada: prevenindo riscos e promovendo o uso seguro da internet. Disponível em: http://bit.ly/2kmN8DN Acesso em: 10 de fevereiro de 2018.
AZEVEDO, Alda; EISENSTEIN. Evelin & BERMUDEZ, Beatriz et all. Saúde de crianças e adolescentes na era digital da Sociedade Brasileira de Pediatria. Disponível em: < http://bit.ly/2x3acfK > . Acesso em: 10 de fevereiro de 2018.
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JAY, Francine. Menos é Mais. São Paulo: Editora Fantamar, 2016.
PASSARELI. Brasilina & JUNQUEIRA, Hélio. Gerações Interativas Brasil: crianças e adolescentes diante das telas. Disponível em: <http://bit.ly/2EpjXJA >. Acesso em: 10 de fevereiro de 2018.