O transtorno de personalidade borderline é uma condição de saúde mental definida como uma instabilidade generalizada nas relações interpessoais, mudanças de humor significativas, comportamentos impulsivos e estado emocional irregular.
Pessoas que apresentam esse tipo de transtorno têm dificuldade em lidar com a solidão e tentam evitar a qualquer custo a sensação de abandono, adotando medidas extremas e socialmente pouco aceitáveis.
Por ser uma condição que merece alerta, é crucial entender sua gravidade. Estudos indicam que o risco de suicídio em pacientes com TPB é 40 vezes maior que o da população geral, e estima-se que 10% morrem por suicídio. Compreender o que é transtorno de personalidade borderline e seus principais sinais é essencial para oferecer apoio adequado e tratamento especializado.
Leia o nosso artigo e confira tudo sobre esse transtorno de personalidade. Confira!
O que é transtorno de personalidade borderline?
O transtorno de personalidade borderline, conhecido também pela sigla TPB, é uma condição de saúde mental caracterizada por um padrão de instabilidade considerável nas emoções, nas relações interpessoais e na autoimagem. Esse padrão de alta intensidade emocional também leva à impulsividade, em que as pessoas agem frequentemente sem pensar, sendo motivadas apenas pelos seus sentimentos.
Quem sofre com o transtorno de personalidade bipolar tende a ter um medo muito elevado de abandono e de rejeição. Esses pacientes costumam apresentar relacionamentos turbulentos, episódios frequentes de desregulação emocional e até tentativas de suicídio.
Qual é a diferença entre borderline e bipolaridade?
Frequentemente, o transtorno de personalidade borderline é confundido com o transtorno afetivo bipolar.
Pessoas com transtorno bipolar apresentam episódios de polarização de humor de maneira endógena, com duração de vários dias a semanas, e sem obrigatória relação com um evento causal.
Já no transtorno borderline, a baixa tolerância à frustração costuma ser o desencadeante para a agudização de sintomas, que costumam ser transitórios não durando mais do que algumas horas.
Nada impede que o paciente seja portador tanto de transtorno afetivo bipolar como de transtorno de personalidade borderline. Estudos mostram que cerca de 20% dos pacientes com bipolaridade tipo II e 10% do tipo I também se encaixam nos critérios diagnósticos de borderline.
Como diferenciar entre bipolar e borderline?
Uma forma simples de entender a diferença é usar a analogia de “clima” versus “tempo”.
- O transtorno bipolar é como o “clima”: refere-se ao humor e muda em estações longas, com episódios de depressão ou mania durando dias, semanas ou meses.
- O transtorno borderline é como o “tempo”: refere-se às emoções e pode mudar drasticamente várias vezes no mesmo dia, geralmente em reação a um gatilho interpessoal (como uma discussão ou o medo de abandono).
Outra distinção importante é que o transtorno bipolar é frequentemente descrito como uma condição focada na energia (períodos de alta energia (mania ou hipomania) ou depressão profunda). Já o transtorno borderline é um transtorno focado na identidade, marcado por oscilações constantes e intensas de humor ao longo do dia, sentimentos de vazio existencial e um medo central de abandono.
Quais são as causas do transtorno de personalidade borderline?
As causas para o desenvolvimento do transtorno de personalidade borderline são multifatoriais, envolvendo aspectos neurobiológicos, psicológicos e ambientais
Do ponto de vista psicológico e ambiental, citamos vivências estressantes na infância, que incluem traumas, abuso físico ou sexual, negligência, separação dos cuidadores, abandono ou perda de um dos pais.
Do ponto de vista biológico, já foi encontrada predisposição genética para esses casos. A hereditariedade do TPB é estimada em aproximadamente 40%. Indivíduos com parentes de primeiro grau com o diagnóstico têm uma chance cinco vezes maior de desenvolver o transtorno.
Quais são os sinais e sintomas do transtorno de personalidade borderline?
Os sinais sintomas do transtorno de personalidade borderline são variados, impactando diretamente o comportamento e o estado emocional dos indivíduos. Veja:
- Medo extremo de rejeição ou abandono: esse aspecto leva a comportamentos exacerbados para evitar essa situação.
- Mudança na percepção sobre os outros: ideias alternadas de idealização e desvalorização das pessoas, passando do amor para o ódio em pouco tempo.
- Identidade instável: mudanças significativas na autoimagem e nos valores, podendo mudar de crenças ou interesses rapidamente.
- Impulsividade: atitudes que podem colocar sua integridade física e mental em risco.
- Comportamentos autodestrutivos: automutilação, como cortes e arranhões, e tentativas de suicídio.
- Mudanças de humor extremas: o humor varia repentinamente, como se o indivíduo apresentasse múltiplas personalidades dentro da mesma pessoa.
- Sensação de vazio: falta de propósito e tédio.
- Raiva desproporcional: explosões de raiva e discussões intensas, mesmo em situações comuns.
- Pensamentos paranoicos: despersonalização e distanciamento da realidade.
Apresenta ou conhece alguém com esses sintomas? Pode ser útil fazer uma investigação clínica para entender se há um diagnóstico ou não. Se deseja se aprofundar ou ter melhores esclarecimentos sobre o tema, você pode agendar uma consulta com nossos especialistas agora mesmo. [Quero falar com um médico]
Como é feito o diagnóstico do transtorno de personalidade borderline?
O diagnóstico do transtorno de personalidade borderline deve ser pautado no DSM-5-TR (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), que estabelece que para determinar essa condição o paciente deve apresentar alguns sinais importantes.
Entre eles estão a instabilidade persistente em relacionamentos, autoimagem e emoções, acompanhada da alta impulsividade.
Além disso, o diagnóstico deve ser baseado na existência de, pelo menos, cinco dos seguintes aspectos:
- Medo intenso de abandono;
- Relações intensas e instáveis;
- Autoimagem instável;
- Comportamento impulsivo;
- Comportamentos autodestrutivos, como tentativas repetidas de suicídio ou automutilação;
- Oscilações de humor frequente em curtos períodos;
- Sentimento constante de vazio
- Raiva descontrolada;
- Pensamentos paranoicos e dissociativos;
- Início dos sintomas na adolescência ou no início da vida adulta.
Além de avaliar esses critérios, exames laboratoriais também podem ser solicitados para avaliar possíveis distúrbios hormonais, deficiência de vitaminas, ou para descartar o uso de substâncias.
Com base nesses critérios e também na análise do histórico médico, o profissional de saúde pode realizar uma avaliação criteriosa para confirmar esse diagnóstico.
Outras condições podem ocorrer junto com o TPB?
Sim. O diagnóstico pode ser complexo porque comorbidades são muito comuns. Pacientes com TPB frequentemente também apresentam outras condições, como transtornos do humor (depressão), transtornos de ansiedade, transtornos por uso de substâncias e transtornos alimentares. Identificar e tratar esses transtornos coexistentes é fundamental para o sucesso do tratamento.
Ao passar por uma consulta online na Conexa Saúde, nossos médicos também podem solicitar esses e outros exames físicos. Nesse caso, o paciente retorna para avaliação dos resultados e acompanhamento da condição.
Quais são os tratamentos do transtorno de personalidade borderline (TPB)?
O tratamento do transtorno de personalidade borderline, normalmente, segue os mesmos critérios adotados em outros tipos de distúrbios de personalidade. De forma geral, os tratamentos incluem a psicoterapia e o tratamento medicamentoso.
O pilar central do tratamento para TPB é a psicoterapia com psicólogo competente.
Terapia Comportamental Dialética (DBT)
A Terapia Comportamental Dialética (DBT) é considerada o tratamento mais recomendado, criada especificamente para o TPB. A “dialética” central da DBT é o equilíbrio entre aceitação (validar que a dor e os sentimentos do paciente são reais) e mudança (reconhecer que comportamentos disfuncionais, como automutilação, precisam mudar).
A DBT foca em ensinar 4 módulos de habilidades:
- Mindfulness (Atenção Plena): Aprender a observar emoções e pensamentos no presente, sem julgá-los ou agir impulsivamente.
- Regulação Emocional: Entender as emoções e reduzir a vulnerabilidade a sentimentos intensos.
- Tolerância ao Estresse: Aprender a sobreviver a momentos de crise intensa sem piorar a situação (ex: sem recorrer a comportamentos autodestrutivos).
- Efetividade Interpessoal: Aprender a navegar conflitos, pedir o que precisa e dizer “não” de forma a manter o respeito próprio e o relacionamento.
O papel dos medicamentos
Não existem medicamentos que “curam” o TPB, mas eles são ferramentas importantes para gerenciar sintomas. Diferente do transtorno bipolar, onde a medicação é central, no borderline a psicoterapia é o pilar.
Os medicamentos mais usados incluem: estabilizadores de humor (para nivelar mudanças intensas), antidepressivos (para ajudar com sintomas de depressão e ansiedade) e, às vezes, antipsicóticos em baixas doses (para controlar raiva e impulsividade).
Jamais se automedique. Estes medicamentos só podem ser receitados por um médico psiquiatra e o uso indiscriminado pode trazer muitos prejuízos.
Como lidar e conviver com o transtorno de personalidade borderline
Para pacientes com TPB: foque no tratamento
Para o paciente, “lidar” com o TPB significa se engajar ativamente no tratamento. As habilidades aprendidas na terapia (especialmente na DBT) são as ferramentas para o dia a dia: praticar a tolerância ao estresse em vez de agir por impulso, usar a efetividade interpessoal para comunicar necessidades e aplicar o mindfulness para conseguir navegar pelas ondas emocionais sem se afogar nelas.
Os processos de mudança que levam à melhora da qualidade de vida do TPB podem ser difíceis e, por vezes, desconfortáveis, mas é importante se manter ativo no tratamento para que o tratamento seja efetivo.
Para familiares e amigos de pessoas com TPB: estabeleça limites com empatia
Conviver com uma pessoa com TPB pode ser desafiador. Conselhos vagos como “apenas pratique a empatia” são insuficientes. Uma abordagem mais eficaz, recomendada por especialistas, é a “assertividade com empatia”. Isso significa:
- Empatia: Validar o sentimento da pessoa (“Eu entendo que você está sofrendo muito agora”).
- Assertividade: Ser firme e estabelecer limites claros (“Mas eu não vou aceitar ser xingado. Vamos conversar quando você estiver mais calmo”).
Outra dica crucial é não proteger o familiar das consequências naturais de seus atos. Se o paciente quebrar um objeto por raiva, ele deve ser responsável por consertar ou substituir. Proteger o paciente impede que ele aprenda com os próprios comportamentos.
Como lidar com o estigma do transtorno de personalidade borderline?
Um dos maiores desafios para quem busca ajuda é o estigma. Pacientes com TPB frequentemente relatam sentir-se discriminados ou incompreendidos, até mesmo por profissionais de saúde.
Esse preconceito é um grande obstáculo, pois pode comprometer a confiança no tratamento e dificultar o acesso à ajuda. É fundamental reconhecer o TPB como uma condição de saúde mental legítima e tratável, e não como uma “falha de caráter”.
Qual profissional procurar para tratar o transtorno de personalidade borderline?
Para tratar o transtorno de personalidade borderline, você pode procurar especialistas, como psiquiatra e psicólogos ou um psicoterapeuta especializado nesse tipo de distúrbio, que podem recomendar terapias e medicamentos.
A boa notícia é que a Conexa Saúde conta com uma equipe multidisciplinar com psicólogos e psiquiatras que podem oferecer total suporte no tratamento para o transtorno de personalidade borderline.
Ao buscar por atendimento de saúde, a Conexa Saúde, você pode passar por consultas online com médicos, psicólogos e outros profissionais especialistas, que podem avaliar e acompanhar o seu caso de maneira personalizada e eficiente.
Apresenta ou conhece alguém com sintomas de transtorno de personalidade borderline? Então, agende uma consulta com nossos especialistas agora mesmo.



















