No momento atual, dentro desse contexto de pandemia e incertezas, é comum que nossas emoções tomem proporções e intensidades bem maiores do que o habitual. Podemos nos sentir por vezes apáticos ou a beira de um colapso mental, ansiosos por respostas para tudo, com medo do futuro e tudo gera no corpo aquela sensação de exaustão, como se estivéssemos doentes ou sem dormir, mesmo depois de uma boa noite de sono ou mesmo sem ter feito nada durante todo o dia.
As emoções falam, devemos escutá-las. Agora mais do que nunca.
A sobrecarga emocional durante a pandemia é uma realidade psicológica que começa a ser vivida por muitas pessoas. Entendemos essa dimensão como uma saturação de sentimentos, pensamentos e sensações que levam ao esgotamento mental e físico.
Sentir esses turbilhões de emoções tomando os nossos dias é quase algo esperado, mas você deve procurar manter o controle o máximo possível.
[tie_index]Quais são os sintomas de uma sobrecarga emocional durante a pandemia?[/tie_index]
Quais são os sintomas de uma sobrecarga emocional durante a pandemia?
Você reage desproporcionalmente a situações comuns. Como por exemplo, ao voltar para casa e não encontrar as chaves ou o celular e sentir uma sensação de pânico, sensação de que algo muito ruim vai acontecer, ou pensamentos de que você não é capaz de guardar coisas simples, quem dirá lidar com coisas mais importantes ou complexas.
- Também é comum a dificuldade de se concentrar e executar tarefas simples. O que antes você conseguia fazer em pouco tempo e com facilidade, agora pode ser muito difícil e pode ser que você até desista de fazer por não conseguir e por pensar que não é mais capaz de fazer coisas que antes tinha habilidade e capacidade.
- É difícil manter uma conversa normal com a família e os amigos. É como se os outros estivessem em outra frequência, onde você se sente incompreendido e até zangado. Nessas situações, é comum que você venha a ter reações explosivas, que você tenha uma tendência a se isolar ou evitar interação.
- As emoções estão sempre à flor da pele. Você sente vontade de chorar por qualquer coisa, fica com raiva por qualquer coisa e a apatia é constante, não permitindo que você se distraia com nada. Pode parece que você está sempre nos extremos. Vivendo no 8 ou 80. Uma hora pode se sentir extremamente triste e só, e no outro, irritado, sem paciência, agressivo e logo em seguida apático, como se não fosse capaz de sentir nada e estivesse vazio, oco.
- Por sua vez, existe um efeito evidente da sobrecarga emocional: cansaço físico. A exaustão é tão intensa que às vezes você até se pergunta se não pegou a COVID-19.
[tie_index]Como administrar os efeitos da sobrecarga emocional no atual contexto?[/tie_index]
Como administrar os efeitos da sobrecarga emocional no atual contexto?
ACEITAÇÃO E ESPAÇO PARA CADA EMOÇÃO SENTIDA
Não se penalize nem ignore suas emoções. É natural se sentir em conflito ou por vezes com medo, com sentimentos negativos ou limitantes e está tudo bem se sentir e pensar assim às vezes. Você deve procurar separar suas emoções uma por uma e identificá-las, dar um nome à elas. O que você sente? Tristeza, angústia, medo, frustração, nostalgia?
Divida, dê espaço e lugar a cada sentimento e aceite-se sem criticar a forma como você se sente. Essas emoções exigem o seu tempo, a sua compaixão. Tenha paciência consigo mesmo. Está tudo bem e é normal se sentir inconstante em tempos caóticos e com tantas incertezas.
TORNE-SE CONSCIENTE DO SEU RACIOCÍNIO EMOCIONAL
Um dos motivos pelos quais essa sobrecarga emocional surge durante a pandemia é o raciocínio emocional que você faz de tudo o que escuta, pensa ou vê.
Procure sempre questionar se aquele pensamento por trás das emoções ou situações são verdadeiros, ou se existem evidências reais que o comprovem.
Enfrente esses pensamentos com evidências reais e outras possibilidades.
MOMENTOS DE DESCONEXÃO, ESPAÇOS DE CALMA
Sabemos que a sobrecarga emocional durante a pandemia é algo que muitos podem experimentar. Portanto, nunca é demais ter em mente algumas dicas simples para a sobrevivência diária.
- Regule sua exposição à informação.
- Mantenha um diário de emoções e pensamentos. Um diário de bordo onde você possa entrar em contato com o seu universo interno.
- Dê a si mesmo momentos de calma para mergulhar em atividades agradáveis nas quais o pensamento descansa e as emoções positivas fluem.
- Converse com pessoas que saibam ouvi-lo(a). Pessoas que adicionem e não subtraiam. Procure alguém que você sinta que não vai julga-lo(a) ou querer dar respostas, talvez o que você precise e queira é apenas ser escutado e sempre tem alguém disposto a escutar com sinceridade e amor.
- Pense em sua mente como em uma sala; ela deve estar organizada e a luz deve entrar em cada canto, sem deixar nada escuro. Em outras palavras, nenhuma emoção deve ser ignorada.
Procure estabelecer uma rotina com micro metas para seus dias
Nesse momento de quarentena, às vezes nos perdemos entre o excesso de trabalho, não respeitando o tempo de casa e de home office, e o excesso de procrastinação, o que pode aumentar a ansiedade e o esgotamento físico.
Procure fazer uma rotina que seja flexível, onde você possa estabelecer metas reais e possíveis de serem alcançadas sem negligenciar o seu bem-estar e sua saúde mental.
- Trabalhe apenas no horário em que você trabalharia se estivesse na sua empresa, no seu serviço ou uma carga horária de trabalho que dê espaço para que você faça pausas para outras coisas.
- Procure definir um horário para acordar e dormir, para que o sono não fique desregulado, independente se você está em casa ou não. Isso também ajuda a melhorar o nível de ansiedade e você tem maior organização no seu dia.
- Faça pausas durante as atividades. Não é preciso trabalhar ou estudar 6 ou 7 horas direto. Você pode fazer sua atividade por 30 minutos ou 1 hora sem interrupção e depois dar uma pausa de 10 a 15 minutos para fazer qualquer coisa.
- Faça outras atividades, principalmente de lazer e principalmente para você; e lembre-se que está tudo bem, você não vai deixar de produzir ou estará sendo irresponsável. Sua saúde e bem-estar é sua prioridade.
E lembre-se: você não está só. Tudo bem não estar bem às vezes, mas vai passar.
Psicóloga Alessandra Dinelli – CRP 20/08653
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