[tie_index]Introdução [/tie_index]
Introdução
Existe uma grande probabilidade de você nunca ter ouvido sobre este assunto pois, por muitos anos, achávamos que a psicoterapia atuava na “mente”, como se fosse algo subliminar e não observável. Hoje, sabemos que ela atua no cérebro, alterando sua configuração funcional e estrutural que, em última análise, alterará o comportamento e o humor.
Este texto possui um conteúdo riquíssimo e de alta complexidade, mas vou ser a sua facilitadora, e te conduzirei pela compreensão da importância de fazer psicoterapia e como este processo atua no seu cérebro.
Para guiar a sua compreensão vamos fazer uma trilha do conhecimento, certo? Primeiro falaremos sobre memória, em seguida neuroplasticidade, e por último falaremos sobre psicoterapia guiada pela abordagem Cognitiva Comportamental.
Esses 3 tópicos são fundamentais para a compreensão da atuação da psicoterapia na nossa estrutura cerebral, e usarei como exemplo um paciente que possua ansiedade.
[tie_index]A memória[/tie_index]
A memória
Na década de 90 um sujeito chamado Eric Kandel descobriu a neurobiologia do armazenamento das memórias. Kandel viu que para uma memória ser armazenada de forma adequada se faz necessária a síntese de novas proteínas.
Essas, por sua vez, atuarão permitindo que a célula (neurônio) “lembre” daquele estímulo com mais facilidade e estabeleça uma conexão de forma a possibilitar que você lembre da informação (memorize-a). Esse fenômeno foi chamado de Potenciação de Longo Termo (LTP), que já havia sido descrito anos antes, mas sem saber ao certo como funcionava. Kandel foi agraciado com o Nobel em 2000 por mostrar como isso funciona.
[tie_index]Neuroplasticidade [/tie_index]
Neuroplasticidade
Interessantemente, pelo fato de criar novas proteínas que vão permitir essa conexão física entre diferentes células do seu cérebro, Kandel observou que a aprendizagem literalmente altera a forma física do cérebro.
Modificações físicas no cérebro geradas pela nossa experiência é o que chamamos de neuroplasticidade. A neuroplasticidade é a chave para tratar ou evitar transtornos psicológicos.
A figura do post demonstra o que ocorre em uma sinapse (transmissão de sinais entre dois neurônios), estas transmissões são alteradas pelo nosso comportamento aprendido. A neuroplasticidade é isso: o fortalecimento ou mesmo a criação de novas sinapses por meio da experiência.
[tie_index]Terapia Cognitivo-comportamental [/tie_index]
Terapia Cognitivo-comportamental
A interação entre psicólogo e paciente tem o mesmo poder de alterar a forma física do cérebro, via NEUROPLASTICIDADE. Isso não é de se espantar, afinal, a psicoterapia é uma forma de aprendizagem e deve ser encarada como tal.
Uma, das várias técnicas, utilizadas na Terapia Cognitiva Comportamental (TCC) é a psicoeducação, esta é uma técnica que relaciona os instrumentos psicológicos e pedagógicos com o objetivo de ensinar o paciente e seus cuidadores sobre a patologia física e/ou psíquica, bem como sobre seu tratamento.
Ou no caso de não possuir nenhum diagnóstico, apenas ensinar o paciente o seu funcionamento e assim contribuir para uma melhor adaptabilidade ao mundo. Assim, é possível desenvolver um trabalho de prevenção e de conscientização em saúde.
Alguns dos passos a serem ensinados na psicoterapia com pacientes com queixa de ansiedade são:
- Identificar pensamentos automáticos.
- Identificar crenças centrais e intermediárias.
- Reestruturação cognitiva.
- Resolução de problemas.
- Respiração diafragmática.
[tie_index]Conclusão [/tie_index]
Conclusão
A psicoterapia está para além de um tratamento de patologias, ela também funciona como prevenção. Procure este acompanhamento e encare ele como uma aula sobre você mesmo, um local para aprender novos comportamentos ou reestruturá-los.
Agora que você aprendeu como funciona, provavelmente se engajará mais em cuidar de si mesmo, pois todo comportamento pode ser aprendido, e você é capaz de construir uma maior qualidade de vida.
Referências
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Liveira, M. I. S. (2011). Intervenção cognitivo-comportamental em transtorno de ansiedade: relato de caso. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas, 7(1), 30-34. Recuperado em 04 de outubro de 2019, de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-56872011000100006&lng=pt&tlng=pt.