O objetivo geral do tratamento do TAG na modalidade cognitiva de intolerância à incerteza é desenvolver uma maior tolerância à incerteza, por meio da redução da preocupação excessiva e da ansiedade. Ao identificar as formas de incertezas e suas reações, os pacientes são encorajados a não evitar situações que induzem à incerteza, abandonar comportamentos de reasseguramento.
O tratamento tem por objetivo:
- Identificar quais componentes específicos exacerbam ou mantêm a preocupação excessiva;
- Quais são as crenças positivas responsáveis por manter as preocupações;
- Ajuda-se o paciente a resolver os seus problemas ao invés de só se preocupar com eles;
- E um último objetivo é, pela exposição imaginária, que os pacientes encarem seus piores medos.
A redução significativa dos sintomas está relacionada ao aprendizado das habilidades adquiridas ao longo do tratamento e, por fim, que os pacientes entendam que a preocupação e a ansiedade são controláveis, proporcionando uma melhor qualidade de vida.
Seis dicas úteis
# Dica 01: Psicoeducação e treinamento de conscientização da preocupação
Ensina-se ao cliente os princípios da TCC, a relação entre pensamento, sentimento e comportamento, explicando o diagnóstico da TAG (exemplos de ansiedade normal e excessiva e sintomas com: situação ⇨ e se? ⇨ preocupação ⇨ ansiedade ⇨ comportamento: exaustão) e treinamento de conscientização da preocupação.
O individuo “enxerga” e reconhece os seus próprios sintomas e a relação com os problemas decorrentes deles, com a diferença entre preocupação corrente como “produtiva” e preocupação hipotética ou usualmente definida como “improdutiva”; uso do Diário da preocupação para monitoramento da preocupação.
# Dica 02: Reconhecimento da incerteza e exposição comportamental
Utiliza-se analogias para entendimento do paciente sobre o papel da incerteza como combustível da preocupação excessiva e da ansiedade. Utilizamos analogia das lentes. O indivíduo que usa lentes de incerteza tem capacidade de reconhecê-la mais rapidamente que outras pessoas, maximizando o potencial ruim das coisas que podem vir a acontecer.
Quanto mais intolerante à incerteza for uma pessoa, mais provavelmente começará a se perguntar: “e se?”, desencadeando preocupações e mais preocupações. A explicação sobre as manifestações da intolerância à incerteza: os pacientes se familiarizam com as estratégias usadas por eles para eliminar as incertezas de suas vidas.
O ato de preocupar-se é usado em geral por pessoas com TAG como uma maneira de tentar imaginar todos os cenários e desfechos possíveis, em busca da solução para uma situação incerta, com o objetivo de torná-la previsível ou o menos incerta possível. Essa estratégia costuma trazer sensação de segurança.
Alguns padrões de comportamento disfuncionais, no qual utilizamos a estratégia de aproximação: querer fazer tudo e não delegar tarefas a ninguém; procurar muitas informações antes de começar algo; conferir e voltar a repetir coisas porque você já não tem a certeza de que as fez corretamente.
Estratégias de evitação: evitar se comprometer com certas coisas, como por exemplo com uma amizade ou relacionamento amoroso, porque o resultado é incerto e não há garantias de que vai dar certo; procrastinar, ou seja, deixar para depois o que poderia estar sendo feito agora; protelar uma ligação porque você não está seguro de como a pessoa irá reagir.
Usar monitoramento do comportamento na incerteza para “experimentos de tolerância a incerteza”. Aqui, são eleitos comportamentos de escolha, sentimento de desconforto ao desempenhá-los, pensamentos e depois efetivamente fazê-lo ver quais são os pensamentos envolvidos.
# Dica 3: Reavaliação das vantagens da preocupação
Trabalhamos com crenças positivas sobre as vantagens de se preocupar, pois Indivíduos com TAG tendem a superestimar as vantagens de suas preocupações. ‘’Preocupar ajuda a encontrar soluções para problemas; crença de que a preocupação tem uma função motivacional, garantindo que as coisas sejam feitas; a crença de que a preocupação pode proteger uma pessoa de emoções negativas, etc.
São identificadas quais crenças o paciente apresenta, depois são formuladas afirmações questionadoras sobre as vantagens da preocupação específica dentro da crença nas situações.
# Dica 4: Treinamento de resolução de problemas
O paciente reconhece os problemas e busca resolvê-los; reconhecer que os problemas são parte normal da vida; perceber os problemas como possibilidade e não ameaça. Utilização de capacidades de resolução de problemas, ajudamos o paciente na definição do problema e na formulação objetiva com a geração de soluções alternativas, tomada de decisão, implementação e verificação da solução.
# Dica 05: Exposição imaginária
Trabalha-se com estratégias específicas para lidar com preocupações referentes a situações hipotéticas (que ainda não aconteceram), explicando aos pacientes como a tentativa de evitar certos pensamentos pode ser contraprodutiva (efeito crescimento e efeito rebote).
Os pacientes aprendem a se expor a uma imagem mental de seus medos para que se possa tratar a tendência de evitação cognitiva, por meio de um “mini experimento”, antes de realmente fazerem alguma coisa. Após a exposição imaginária em sessão, os pacientes são orientados a começar a exposição em casa, diariamente, durante 30 a 60 minutos, permanecendo atentos ao cenário pelo tempo necessário até produzirem uma curva de exposição.
Ou seja, ocorre uma elevação do nível de ansiedade que permanece alto por alguns minutos, e logo após retorna-se naturalmente ao nível normal (anterior à exposição). Usada também quando há preocupações hipotéticas.
# Dica 06: Treinamento de relaxamento
Uma primeira opção que pode ser usada para complementar aspectos do tratamento é o treinamento de relaxamento. Utiliza-se o uso das Terapias Baseadas em Aceitação, entre elas a Mindfulness, desenvolvido por Jon Kabat-Zinn.
No geral, a prática de Mindfulness na ansiedade traduz um treinamento mental de atenção voltado para o aqui e agora. A técnica contribui para a aquisição de novas habilidades para lidar com os pensamentos ruminadores e as interpretações catastróficas, permitindo uma melhora gradual dos sintomas nos quadros de ansiedade.
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Psicóloga | Especialista em psicologia clínica – Terapia Cognitivo-comportamental | Telepsicologia | Atendimento Psicológico Online | CRP 08/29039 – 04199855-5683
Referências:
- BARLOW, D. H. Manual clínico dos transtornos psicológicos: tratamento passo. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.
- CLARK, D.; BECK, A. Terapia cognitiva para os transtornos de ansiedade. Porto Alegre: Artmed, 2012.
- DUGAS, M. J.; ROBICHAUD, M. Tratamento cognitivo-comportamental para o transtorno de ansiedade generalizada: da ciência para prática. Rio de Janeiro: Cognitiva, 2009.
- RANGÉ, B. Psicoterapias cognitivo-comportamentais. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011.