Em geral, quando uma mulher pretende engravidar, a primeira coisa que faz é procurar um médico para verificar as condições físicas e dar início a tudo o que for necessário para preparar o corpo para a gravidez. Mas, em contrapartida, raríssimas vezes vejo uma mulher procurar apoio psicológico para preparar-se emocionalmente para todo o processo de tornar-se mãe.
A maternidade implica necessariamente no nascimento de um novo Eu, pois é uma etapa que marca o início de um novo modo de ser, de pensar e de enxergar a nós mesmas e o mundo à nossa volta. E como qualquer processo de ruptura, implica no luto de dar adeus a alguém que um dia fomos e na abertura para vivenciar um novo Eu que nasce, cheio de medos e expectativas.
Tudo muda junto com a gente, nosso corpo, nossa mente, nossos relacionamentos, nossas prioridades... e para isso não há nenhuma forma de prever o que virá. A única certeza é de que vamos lidar com o novo, com o inesperado, o incerto... e para encarar tudo isso, precisamos de uma mente saudável, para além de um corpo saudável. Por isso, na psicoterapia podemos encontrar o apoio emocional necessário, o auxílio para nos reorganizarmos e conectarmos com os novos seres: o bebê e a “mãe-bebê”.
[tie_index]Gravidez: Um momento de potencial crise[/tie_index]
Gravidez: Um momento de potencial crise
O período gestacional precisa ser acompanhado com bastante atenção porque as transformações complexas que ocorrem nesta fase podem influenciar diretamente na saúde mental materna, do bebê, do casal e até mesmo dos familiares. Por isso o acompanhamento psicológico é muito importante neste momento, de forma complementar ao pré-natal biomédico.
A gravida neste momento pode desenvolver alguns adoecimentos mentais, pelo fato de muitas vezes não poder contar com ninguém pelo medo de serem julgadas, isso porque a sociedade só enxerga a gravida FELIZ, mas nem sempre é o que está acontecendo.
Autores que se dedicaram ao estudo da psicologia da gravidez como Marie Langer (1986), Raquel Sifer (1992), Maria Tereza Maldonado (1997) e Myriam Szejer (1997) e outros classificaram os diferentes motivos pelos quais as gestantes sentem-se ansiosas ao longo dos três trimestres da gestação, sendo que cada trimestre é marcado por experiências específicas que o caracterizam. Por isto a importância de cuidar do emocional, psíquico e social, em todos os trimestres de sua gestação.
[tie_index]Os trimestres de gestação[/tie_index]
Os trimestres de gestação
- Primeiro Trimestres - 1° até 13° semanas de gestação. Momento da descoberta e turbilhões de sentimentos.
- Segundo Trimestres - 13° até 27° semanas de gestação. Momento de mudanças no corpo.
- Terceiro Trimestres - 27° até 42° semanas de gestação. Momento de maior ansiedade e com nervos à flor da pele.
[tie_index]O Pré-Natal Psicológico(PNP)[/tie_index]
O Pré-natal Psicológico(PNP)
O Pré-natal Psicológico auxilia, portanto, na prevenção de transtornos psicoemocionais ao longo da gestação e no pós-parto. Por meio do Pré-Natal Psicológico o profissional oferece acolhimento e orientação psicológica para a gestante, e à sua família, com o objetivo de abrir um espaço de conversa sobre questões que permeiam a gestação e a parentalidade. Ajudando-a a lidar com as mudanças deste período. Auxilia, portanto, na prevenção de transtornos psicoemocionais ao longo da gestação e no pós-parto.
[tie_index]A importância do PNP – Pré-natal Psicológico[/tie_index]
A importância do PNP – Pré-natal Psicológico
Sua importância se dá pelo fato de ser um acompanhamento com a abordagem diferente dos cursos para gestantes, trata-se de um processo terapêutico voltado para uma maior humanização do processo gestacional, onde cada mulher ou casal é visto de maneira singular e subjetiva. Respeitando e levando em consideração as experiências e histórias de vida de cada um até ali.
E nesse acompanhamento acolhemos, cuidamos e entendemos todos esses sentimentos que ocorrem nos trimestres da gestação, que citamos acima.
No processo gravídico-puerperal (da gravidez ao pós-parto) a mulher vive um período de intensa sensibilidade que envolvem sentimentos de ambivalência, fantasias, medos, expectativas, ansiedade, insegurança, dúvidas, etc.
Hoje, em meio à pandemia do Covid 19 a saúde emocional da gestante e/ou do casal, das puérperas pode ficar ainda mais comprometida, sentimentos de medo, ansiedade e insegurança ficam em mais evidencia. Isso torna ainda mais importante para as mulheres e/ou o casais olharem para dentro de si, buscarem acolhimento e através do acompanhamento terapêutico ter possiblidade de expressar e elaborar suas questões.
[tie_index]Como atuam os Psicólogos Perinatais [/tie_index]
Como atuam os Psicólogos Perinatais
Os Psicólogos Perinatais atuam de modo especializado sobre as questões da perinatalidade e da parentalidade, ou seja, de modo a considerar os fenômenos específicos que ocorrem com mais frequência neste período. Sempre de modo individualizado, de acordo com as características biopsicossociais de cada sujeito, levando em consideração a sua subjetividade, sua história de vida.
Esse acompanhamento pode ser feito em forma de grupos psicoeducativos sobre gestação, parto e pós-parto, mediados por uma psicóloga, para proporcionar suporte socioemocional, de orientação sobre os mais diversos temas da maternidade.
Por isto não deixe de fazer seu Pré-natal Psicológico, porque na gestação passamos por muitas emoções, estresse, medo, angústia, e ter um apoio de um profissional nesta área é muito importante para ter um puerpério tranquilo.
[tie_index]O que é o Puerpério ou Pós-parto?[/tie_index]
O que é o Puerpério ou Pós-parto?
Puerpério é um período muito particular e intenso na vida de uma mulher. Começa assim que o bebê nasce e a placenta sai. Para a medicina dura 45 dias e para a psicologia perinatal pode durar cerca de dois anos.
Estes 45 dias, chamamos de baby blues ou disforia puerperal, é um momento de emocional, que ocorre por fatores hormonais onde o organismo da mulher está se reorganizando para voltar ao seu estado normal, usualmente inicia nos primeiros dois a três dias após o parto e pode durar de duas semanas à 45 dias. Neste período ocorre:
- Maior sensibilidade emocional;
- Vontade de chorar constantemente;
- Crises de ansiedade;
- Alteração brusca de humor;
- Irritabilidade;
- Dificuldade de se concentrar;
- Insônia;
- Impaciência;
- Insegurança e autodepreciação;
- Baixa autoestima.
Se os sintomas persistirem por mais de 45 dias a mulher está entrando na depressão pós-parto, que pode levar até dois anos, em alguma casos pode levar mais tempo.
O puerpério para muitas é considerado o mais complicado de todo o processo da maternidade, pois além das transformações físicas, intensas alterações hormonais, fisiológicas, metabólicas, psíquicas, emocionais, sociais, comportamentais e de rotina acontecem. Nesse período existe um bebê fora da barriga, dependente de cuidados e de responsabilidade principalmente da mãe que nutri.
É muito comum os sintomas do estresse, ansiedade e depressão nessa fase. Então, para se ter uma gravidez tranquila e uma puerpério sem tantos sintomas, recomenda-se fazer o Pré-natal Psicológico.
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Adriane Hublet
CRP 05/23893RJ
Psicóloga Clínica – Perinatal da Parentalidade
Referências
- Instituto Mater Online – Rafaela Schiavo.
- Psicologia na Pratica Obstétrica – Aborgagem Interdiciplinar, Fatima Ferreira Bortoletti, Antonio Fernandes Moron, João Bortoletti Filho, Mary Uchiyama Nakamura, Renato Martins Santana , Rosiane Mattar, Editora Manole -1edição-2007.
- Psicologia da Gravidez – Maria Tereza Maldonado, Editora Ideias &Letras, 3 Impressão.