Perfeccionismo: o que é, causas, quando se torna um problema

Na psicologia, o perfeccionismo é definido como um padrão de comportamento em que a pessoa estabelece expectativas excessivamente elevadas para si mesma, com uma forte necessidade de alcançar metas “perfeitas”.

Pessoas perfeccionistas tendem a ser detalhistas, exigentes consigo mesmas e com os outros se preocupam excessivamente em atender altos padrões de entrega.

Culturalmente, a perfeição é vista com bons olhos. Afinal, fazer as coisas perfeitamente parece ser uma ótima qualidade. No entanto, é importante entender que a perfeição e o êxito são coisas diferentes. Fazer as coisas bem feitas nem sempre significa que elas serão perfeitas.

Por isso, muitas vezes, o perfeccionismo pode trazer dificuldades para quem o vive de forma intensa e rigorosa. 

Para saber mais sobre o perfeccionismo e entender mais sobre quando ele passa a ser um problema, quais sinais ficar atento e formas de tratamento, é só continuar a leitura!

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Quais são as características do perfeccionismo?

O perfeccionismo não se resume apenas à busca pelo melhor resultado, mas também envolve uma autocrítica intensa e, muitas vezes, uma dificuldade em aceitar erros ou falhas. 

Esse traço de personalidade é composto por uma série de comportamentos e pensamentos que moldam a forma como lidamos com atividades e metas. Algumas das características mais comuns do perfeccionismo são: 

Autoexigência extrema

Ter metas grandes, rigorosas e muitas vezes inatingíveis é um traço comum dos perfeccionistas. Essas pessoas geralmente estabelecem esses parâmetros inalcançáveis e, quando não conseguem cumpri-los – o que acontece com frequência, já que as metas são irrealistas – se veem extremamente tristes e insatisfeitas. 

Essa busca incessante por excelência, inclusive, gera uma pressão interna constante, que pode a outros distúrbios psicológicos, como a ansiedade, por exemplo.

Medo intenso de falhar

Evitar situações em que seja possível cometer erros, é outra característica comum de pessoas perfeccionistas. Qualquer falha, nesse caso, está intimamente relacionada à perda de valor pessoal.

Por isso, é comum, inclusive, que perfeccionistas não comecem novas atividades, hobbies e outras tarefas que sejam iniciantes. 

Autocrítica exagerada

Não basta fazer bem feito. É necessário ser “perfeito”. O perfeccionista tende a ser extremamente crítico consigo mesmo. 

Por isso, vive em um estado de descontentamento, que pode, muitas vezes, afetar a autoestima e gerar insegurança.

Procrastinação

A procrastinação é o ato de adiar tarefas constantemente. 

Muitas pessoas, atualmente, buscam formas de acabar com a procrastinação. Porém, antes de tudo, é indispensável entender a sua origem, isso porque, na maioria dos casos, ela está intimamente relacionada com o perfeccionismo.

Muitos perfeccionistas adiam tarefas por medo de não executá-las com perfeição. O que leva não só a culpa ou estresse, mas também dificuldades de entregas demandas no trabalho e no dia a dia em geral. 

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Dificuldade em delegar

O perfeccionista também pode ter problemas em confiar no trabalho de outras pessoas, já que acredita que ninguém faz as coisas do mesmo jeito que ele.

Quais são os tipos de perfeccionismo?

O perfeccionismo não é um traço único. Ou seja, ele se manifesta de diferentes maneiras nas pessoas. 

Na psicologia, os estudiosos identificaram diferentes tipos de perfeccionismo, que podem influenciar como cada pessoa reage aos desafios e pressões. 

São eles o perfeccionismo pessoal, social e o direcionado. 

Perfeccionismo pessoal

O perfeccionismo pessoal se relaciona ao desejo interno e intenso de alcançar padrões altos, que a própria pessoa cria. 

Quem tem esse tipo de perfeccionismo geralmente sente uma motivação extrema para atingir suas próprias metas e se cobra muito para conquistar isso. 

Essas pessoas fazem uma autocrítica constante, que pode levar a sentimentos de insatisfação e esgotamento quando elas não alcançam seus objetivos irrealistas.

Perfeccionismo social

Já no perfeccionismo social, a pessoa sente que precisa atender às expectativas dos outros, seja no trabalho, entre amigos ou familiares. 

Em uma época onde a produtividade é constantemente cobrada e forçada,  o perfeccionismo social pode ser mais comum.

Perfeccionistas sociais costumam ter medo de serem julgados ou rejeitados ao falharem em alguma tarefa. Geralmente, inclusive, essas pessoas têm medo de dizerem “não” e acabarem por não agradar os outros. 

A aversão ao desapontamento alheio tende a gerar uma grande tensão emocional, ansiedade e, até mesmo, depressão pelo sentimento de insegurança. 

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Perfeccionismo direcionado

O perfeccionismo direcionado, por outro lado, ocorre quando a pessoa exige padrões elevados dos outros. 

Diferente dos tipos anteriores, essa forma de perfeccionismo foca principalmente na qualidade de execução das pessoas ao seu redor. 

Quem é perfeccionista direcionado  é crítico com o trabalho e o desempenho alheio, o que pode gerar conflitos em ambientes profissionais e pessoais.

Pessoas com esse traço, principalmente quando estão em posição de liderança, tendem a ter problemas com seus liderados e desencadear problemas emocionais a terceiros. 

Quais são as possíveis causas do perfeccionismo?

O perfeccionismo pode acontecer por diferentes fatores, que podem ser tanto internos, quanto externos. O traço pode surgir, assim, por influência psicológica, social ou cultural.

Algumas das principais causas do perfeccionismo são:

Influência familiar

Em muitos casos, o perfeccionismo se desenvolve na infância. Principalmente quando pessoas com esse traço crescem em ambientes altamente exigentes. 

Pais que colocam nos filhos a pressão de atingir padrões altos, por exemplo, podem desenvolver na criança uma autocrítica intensa e um sentimento de sempre precisar agradar o próximo e não saber como dizer “não”.

Pressão social e cultural

Atualmente, o trabalho é extremamente valorizado. A sociedade age como se ele regesse integralmente a personalidade de uma pessoa. 

Por isso, consideram, muitas vezes, que quando uma pessoa não vai bem no trabalho, automaticamente ela não está bem na vida como um todo. 

Essa alta valorização e busca extrema por realizações e resultados cria pressão para que as pessoas sejam constantemente produtivas e “perfeitas”. 

Em redes sociais, especialmente naquelas em que se promove uma imagem de sucesso e perfeição, esse clima tende a ser ainda mais forte. O que intensifica o perfeccionismo social e a autocobrança.

Personalidade

Algumas pessoas têm certa predisposição para serem mais perfeccionistas.

Isso ocorre porque elas possuem características como necessidade de estar sempre no controle e organização exagerada, por exemplo. 

Quando expostas a determinados cenários, essas características, embora sejam boas em alguns momentos, podem se intensificar e, assim levar ao perfeccionismo.

Condições psicológicas adjacentes

Em outros casos, o perfeccionismo também pode acontecer devido a outras condições psicológicas adjacentes. 

Pessoas com ansiedade, TOC ou estresse, geralmente, desenvolvem o perfeccionismo como uma estratégia para lidar com essas emoções. 

O perfeccionismo surge como uma tentativa de controle para gerenciar situações que geram desconforto.


Seja qual for a causa, quando o perfeccionismo começa a se tornar um problema e causar prejuízos na vida da pessoa, é importante o agendamento de uma consulta com um psicólogo.

Como a condição afeta diretamente o dia a dia do paciente e de terceiros, muitas vezes, a busca por ajuda em caso de perfeccionismo pode ser urgente. Nesse caso, uma consulta online pode ser uma ótima opção. 

Um dos benefícios da telemedicina é justamente a facilidade e rapidez no atendimento médico. Na Conexa Saúde, você agenda sua consulta com um psicólogo em poucos minutos e é atendido logo em seguida.

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Quando o perfeccionismo é um problema?

É claro que, em alguns casos, o perfeccionismo pode ser benéfico. 

Procurar fazer as coisas com a melhor qualidade possível é ótimo. Mas, essa busca se torna um problema quando leva a um padrão de autocobrança excessiva, gerando impactos negativos na saúde mental e na qualidade de vida. 

O perfeccionismo se torna um problema quando a pessoa apresenta:

1. Autocrítica intensa e paralisante

O perfeccionista avalia a si mesmo de forma rígida e negativa, o que diminui sua autoestima e mina a autoconfiança. 

2. Rejeição extrema de falhas próprias e de terceiros

Quando a busca pela perfeição encontra um desafio e uma falha acontece, por menor que seja, esse “erro” é visto como um grande fracasso. 

Isso, além de prejudicar a si, de forma que a pessoa evite a todo custo iniciar novas atividades que provavelmente leve a falhas, causa prejuízos emocionais e conflitos a outras pessoas quando a cobrança perpassa a esfera individual.

3. Insatisfação frequente com resultados e conquistas

Mesmo após atingir grandes coisas, o perfeccionista dificilmente se sente satisfeito. Ele tende a minimizar suas conquistas, já que seu padrão de excelência é inatingível, o que reforça sentimentos de inadequação e falta de realização.

É comum, inclusive, surgir a síndrome do impostor, um fenômeno que acontece quando, por mais capacitada que uma pessoa seja, ela se vê como uma fraude. Como se, na verdade, ela não fosse boa, mas sim enganasse os outros de que ela é.

4. Dificuldade de convivência nas relações pessoais e profissionais

A pressão constante por altos padrões pode afetar as relações do perfeccionista. Em ambientes profissionais, isso pode levar a atritos, discussões e desentendimentos. 

Quais os prejuízos o perfeccionismo pode causar?

O perfeccionismo exacerbado pode resultar em uma série de consequências negativas para o perfeccionista. 

Essas consequências afetam tanto a saúde mental, quanto o bem-estar geral da pessoa. Abaixo, alguns dos principais prejuízos que o perfeccionismo causa:

  • Depressão
  • Procrastinação
  • Baixa autoestima
  • Ansiedade elevada
  • Síndrome do impostor
  • Esgotamento emocional
  • Baixo rendimento profissional
  • Dificuldade em relacionamentos
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Como tratar o perfeccionismo?

Se você ou alguém que conhece está enfrentando esse problema, é importante buscar atendimento médico. 

Com a ajuda de um psicólogo, é possível desenvolver estratégias para gerenciar o perfeccionismo e viver em equilíbrio.

Além do atendimento com um psicoterapeuta, é possível também adotar outras técnicas para tratar o perfeccionismo, como o mindfulness e o cuidado com as condições psicológicas adjacentes. 

Práticas de mindfulness ajudam a cultivar a consciência do momento presente. Isso nos permite reconhecer e aceitar pensamentos e sentimentos sem julgamentos. 

Para quem é excessivamente crítico consigo mesmo, estratégias de mindfulness podem ajudar muito por meio de meditação, exercícios de respiração e atividades de relaxamento.

Além disso, o tratamento do perfeccionismo também envolve o tratamento das condições psicológicas relacionadas a ele. Seja como causa ou consequência, distúrbios como ansiedade e estresse, por exemplo, estão intimamente ligados com a melhora do quadro. 

Como evitar o perfeccionismo no dia a dia?

Como explicamos, algumas pessoas têm tendência a desenvolver o perfeccionismo. Por isso, é essencial ficar atento no dia a dia para que um simples traço de personalidade não se torne um quadro psicológico. 

Para evitar o perfeccionismo no dia a dia, é preciso:

Defina pequenas metas 

Definir metas específicas, pequenas e possíveis é uma das formas de evitar o perfeccionismo. Em vez de buscar a perfeição em tudo, o ideal é focar em fazer progresso e celebrar pequenas conquistas. 

Tenha uma boa gestão de tempo

A gestão de tempo é uma habilidade essencial para evitar o perfeccionismo. Com ela, é possível estipular prazos realistas para cada tarefa e definir entregas diárias de forma a não causar estresse ou sobrecarga emocional. 

Por meio da gestão de tempo, é possível também definir prioridades e entender que nem tudo é urgente ou pra ontem. Isso não só com relação à quantidade de tarefas, mas também com a qualidade das entregas. 

Pergunte a si mesmo: “o que é suficiente?” e ajuste suas expectativas de acordo.

O seu 60% pode ser o 100% do outro

Pessoas perfeccionistas sempre querem entregar um trabalho impecável, sem erros, perfeito. No entanto, quem define o que é ou não perfeito é justamente quem recebe a atividade, e – grande parte das vezes – não quem a executa.

Por isso, entenda que, geralmente, o seu 100% não é necessário. Muitas tarefas precisam estar perfeitas para o outro, e não para você. 

Seja eficaz, certeiro, responsivo e entregue coisas com qualidade sem se cobrar por perfeição, já que o que é perfeito para você, pode não ser para o outro. 

Pratique a autocompaixão

Ser gentil consigo mesmo é crucial para lidar com o perfeccionismo. Quando cometer um erro, trate-se como trataria um amigo. Pense: eu trataria um amigo da forma como estou me tratando?

Aceite a imperfeição

A aceitação da imperfeição é um passo importante para superar o perfeccionismo. Pratique a ideia de que “bom o suficiente” pode ser, de fato, suficiente.

Isso não apenas alivia a pressão, mas também permite um maior espaço para a ser criativo e espontâneo.

Implementar essas estratégias pode ajudar a evitar o desenvolvimento do perfeccionismo como um mal e também a minimizar seus efeitos, caso ele já tenha trazido prejuízos no dia a dia. 

É importante lembrar que essas atividades ajudam a diminuir a condição, mas não substituem uma consulta médica. 

Com um psicólogo é possível tratar especificamente seus sintomas e, mais que isso, a origem do problema. O apoio profissional dá suporte e ferramentas para lidar com o perfeccionismo da maneira mais sadia e eficaz possível. 

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