Masculinidade tóxica: como afeta a saúde mental no ambiente da empresa

masculinidade toxica homem berrando

Você já ouviu falar em masculinidade tóxica?

“Isso não é coisa de homem!”. Será mesmo? Quem nunca ouviu frases como “menino não chora”, “menino não pode usar rosa”, “menino não brinca de boneca nem casinha” e ainda “meninos não se abraçam”? Aposto que muitas vezes ao longo de todas as nossas vidas pelo menos uma destas frases nós fomos obrigados a ouvir, não é mesmo?

Isso porque, desde muito cedo os garotos são ensinados que não podem demonstrar seus sentimentos, não podem mostrar suas “fraquezas” e muito menos reclamar. Eles tem que aguentar calados suas dores e temores, pois “o sexo frágil são as mulheres”.

É claro que isso é algo que pra muitos já está ultrapassado, mas ainda tem gente pensando assim ou reproduzindo essas falas sem ao menos se dar contar que tudo isso faz parte da “Masculinidade Tóxica”, que vem de muito tempo e foi algo enraizado culturalmente falando.

Menino não pode isso, não pode aquilo. Há uma dificuldade – ou incapacidade – de muitos, em demonstrar seus sentimentos mais profundos por conta desse peso da masculinidade que carregam. E os danos desse silêncio estão quantificados em pesquisas, estatísticas e até documentários.

Neste artigo trazemos um panorama dos prejuízos causados pela masculinidade tóxica à sociedade e até aos próprios homens, focando especialmente no ambiente de trabalho que muitas vezes se torna insustentável devido tais padrões de comportamentos.

Boa leitura!

O que é masculinidade tóxica?

masculinidade toxica homem segurando mulher
O que é masculinidade tóxica?

Para início de conversa, é preciso entendermos o que é masculinidade tóxica.

Trata-se da noção de que determinado conjunto de valores, crenças, ideias, comportamentos e características biopsicossociais associadas aos homens, e incentivadas culturalmente, podem causar consequências nocivas nos seus mais variados aspectos não só para as mulheres e os próprios homens, mas para a sociedade como um todo.

Quando falamos que é algo incentivado pelas nossas culturas não é à toa. Afinal, a masculinidade tóxica é algo que vem de anos – quando os primeiros homo sapiens usavam da força bruta para assumir comando, por exemplo. O que se valoriza, neste caso, eram características como a força física e agressividade.

Tais comportamentos, infelizmente, estão presentes na sociedade por séculos. Isso porque, com o passar do tempo – ao longo da história – governantes do sexo masculino cada vez mais eram ovacionados, ganhando forças ao vencer guerras e conquistando outros territórios.

Mas, estas visões de masculinidade precisaram ser revistas entre as décadas de 1980 e 1990, quando estes padrões de comportamentos começaram a não ser mais compatíveis com a sociedade contemporânea.

Contudo, apesar do incentivo feito pela sociedade desta época há uma mudança em relação a isso, ainda há quem seja vítima de tais “normas esperadas”

E é então que a masculinidade se torna algo tóxico, pois o homem que não atende aos tais requisitos exagerados pode achar que agredindo outras pessoas pode restabelecer sua “masculinidade”, por exemplo. Espalhando atos nocivos tanto para as pessoas à sua volta quanto para a sociedade.

Qual o conceito de masculinidade?

Falando em conceito, este está concentrada na idéia de que certos traços culturais ligados à masculinidade são arcaicos, conservando a homofobia, a violência, o gosto pela dominação e a hipercompetitividade

Isso está bem descrito em uma pesquisa publicada pelo Journal of School of Psychology que define a masculinidade tóxica como “a constelação de traços socialmente regressivos [masculinos] que servem para promover a dominação, a desvalorização das mulheres, a homofobia e a violência gratuita”.

Em tempos contemporâneos, o termo “masculinidade tóxica” é usado para descrever traços do sexo masculino que são um exagero, aceitos ou até glorificados por muitas culturas – já até falamos de alguns traços por aqui que incluem a falta de emoção e sede ao poder.

Segundo valores mais últimos tóxicos tradicionais, um homem que não exibe o suficiente destas características não pode ser considerado “homem de verdade”. O que pode causar desequilíbrios aos que tentam corresponder a tais expectativas. Agressividade e isolamento são só alguns destes desequilíbrios.

Como identificar masculinidade tóxica?

Identificar e refletir sobre a masculinidade tóxica é muito importante para tentar eliminar tal comportamento nocivo. Porém, nem sempre enxergamos os nossos próprios erros, não é mesmo? Então, talvez você homem não identifique a toxicidade em suas atitudes ou até de pessoas próximas.

Isso é fato se lembrarmos que estes ensinamentos tóxicos vem desde a infância e são até mesmo herdados dos homens da família. Além disso, a crença popular de que “os homens são assim mesmo” acaba reforçando tais comportamentos prejudiciais.

No entanto, por mais que seja difícil abrir mão de padrões como este ou até leve um certo período para isso acontecer, é necessário.

Os homens, se quiserem, podem passar por um processo (muitas vezes solidário) para que deixem a toxicidade de lado e possam ter a liberdade tão desejada.

Faça um dos testes que iremos te apresentar logo abaixo e se esforce para mudar a sua visão de determinadas situações.

Como a masculinidade tóxica afeta os homens?

masculinidade toxica homem telefone
Como a masculinidade tóxica afeta os homens?

Sim, os homens são afetados por comportamentos decorrentes da masculinidade tóxica. Baixa autoestima e pouca confiança são apenas um dos resultados destas atitudes. Logo, não possuem inteligência emocional suficiente para lidar com os obstáculos da hora e é aí que temos homens agressivos, hostis e desrespeitosos.

Tudo isso porque a masculinidade tóxica consiste na aversão a comportamentos e interesses geralmente ligados ao público feminino – como o autocuidado, por exemplo. Tornando o homem quase que uma máquina autodestrutiva que o força a superar seus limites.

De acordo com uma pesquisa de 2011 do  Journal of Health and Social Behavior, homens que crêem mais na masculinidade inerente possuem metade da probabilidade de receber cuidados médicos preventivos, comparado aos que acreditam moderadamente sobre o que é ser homem.

Mas não é só isso, outro estudo, de 2007, apontou que homens que seguem as regras masculinas tóxicas têm grande probabilidade de aderir a comportamentos arriscados os considerando normais – como fumar e beber em excesso e comer coisas não saudáveis.

Conceitos importantes ligados à masculinidade tóxica

masculinidade toxica homem mulher telefone
Masculinidade tóxica no relacionamento.

Como vimos, as imposições acima costumam resultar em repressão e violência, valorizando a força física e tornando as emoções um sinal de fraqueza do homem. Os afetando nos mais variados campos da vida, perpetuando em casos de machismo, misoginia e homofobia, por exemplo. Veja a seguir mais sobre estes termos:

Machismo

Machismo é um termo muito usado atualmente, pois trata-se de uma forma de preconceito, expresso por meio de palavras e atitudes que vão contra a igualdade de gêneros – favorecendo o gênero masculino em declínio do feminino.

Misoginia

Misoginia se define como o ódio às mulheres. Ou seja, trata-se de um ato de descriminação sexual para com o público feminino, negativamente – por isso, é também uma forma de sexismo.

Exemplos de masculinidade tóxica

masculinidade toxica homem gritando
Exemplos de masculinidade tóxica.

Há certas frases e expressões que reproduzimos sem nos dar conta dos significados que elas carregam. Essas reproduções são responsáveis por garantir que a masculinidade obrigatória, dominante e tóxica se mantenha. Confira alguns exemplos:

Homem não chora

Essa é uma frase que de tão reproduzida se tornou um sucesso musical. Trata-se de fazer com que os homens se recusem a demonstrar seus sentimentos e emoções com outras pessoas, especialmente com outros homens.

Homem não usa rosa

Podemos dizer que nem todas as atitudes são realmente por maldade, mas precisam de atenção por mais pequenas que estas sejam. Restrições como “não usar roupas cor-de-rosa”, por mais simples e inofensiva que pareça, contribui para a naturalização e disseminação de comportamentos tóxicos. 

Homem precisa ser violento

Alguns pais podem até não perceber, mas implicitamente incentivam a violência em determinadas situações por não querer que os filhos sejam vistos como “mulherzinhas”. Com essa influência de violência tanto física quanto verbal são criados homens dispostos a agressividade e pouca paciência.

O homem não heterossexual deve ser diminuído

Aqui é um comportamento não aceitável da masculinidade tóxica que discrimina o público LGBTQIA+. A prática de homofobia é neutralizada, mas é importante dizer que é um crime – com até 3 anos de reclusão.

O homem deve buscar sexo a todo instante

O discurso de que homens sempre estão em busca de sexo é terrível. Isso porque acaba estimulando a tratarem suas relações sexuais como conquistas – pois não ligam para os sentimentos – e as mulheres como meros objetivos.

Além de causar problemas de saúde ao homem como impotência sexual, ansiedade e disfunção erétil, conforme apontam sexólogos.

“Boys will be boys”

Tal frase pode ser traduzida como “Garotos serão Garotos”, justificando comportamentos tóxicos dos homens ao dizer que eles são assim e não há nada a se fazer.

Deixando-os livres para dar opiniões machistas e preconceituosas e praticar atos discriminatórios e violentos, por exemplo. Neutralizando esses comportamentos prejudiciais especialmente para as mulheres.

Masculinidade tóxica no ambiente da empresa

masculinidade toxica homem estressado
Masculinidade tóxica no ambiente da empresa.

A masculinidade tóxica está cada vez mais em alta atualmente, sendo indispensável sua discussão nas empresas e em outros ambientes – considerando que a toxicidade está presente em nossas vidas de diferentes maneiras.

Focando no ambiente corporativo, é essencial a criação de debates acerca do tema para que todos possam compreender as formas de evitar/reduzir tais comportamentos prejudiciais e pensar em novas possibilidades para o local de trabalho – tudo isso junto aos gestores.

Comportamentos de masculinidade tóxica no trabalho

Você já chegou a ouvir sobre mansplaining ou manterrupting? Talvez falando nomes você não se recorde, mas com certeza muitas mulheres já sofreram com estas ações em seus postos de trabalho – e é provável que você mulher que está lendo este artigo esteja incluída nesta lista.

Basicamente, mansplaining se refere ao homem que quer explicar uma coisa simples ou óbvia a uma mulher. Na maioria das vezes em tom  paternalista, como se ela não fosse intelectualmente capaz de entender.

Enquanto que o manterrupting, por sua vez, é quando uma mulher sofre interrupções contínuas por um homem, não sendo permitida de concluir seus pensamentos e frases.

Claro que quando citamos o ambiente corporativo, vemos um prato cheio de atitudes masculinas tóxicas (não somente estas). E ao ampliarmos para outros ambientes a toxicidade é ainda mais. Por isso, é importante prestar atenção e evitar estas ações no dia a dia. 

Impactos na saúde mental decorrentes da masculinidade tóxica nas relações de trabalho

A masculinidade tóxica também pode interferir na saúde mental. Aliás, ela interfere diretamente na saúde mental.

E pesquisas reforçam a importância de evitar comportamentos prejudiciais como estes para não ocasionar em problemas como depressão, ansiedade, problemas de autoestima  e até abuso de álcool e substâncias, fora outros problemas que podem surgir com a falta de preocupação com a saúde. 

Nós já falamos por aqui de guardar sentimentos para não demonstrar suas fraquezas. Mas não somos máquinas, certo? Então tal comportamento imposto pela masculinidade tóxica pode e é muito nocivo.

Guardar o que sentimos, principalmente nos momentos mais difíceis, só prejudica a nós mesmos. Não é à toa que os homens estão em maior número quando falamos em suicídio .

Em 2019, um documentário feito pelo portal “Popo de Homem” junto com a instituição ONU Mulheres apontou dados preocupantes. A cada  10 homens, 7 afirmam terem sido ensinados na infância e na adolescência a não demonstrar fragilidade e a cada 10 homens, 7 têm que lidar com algum distúrbio emocional.

O que fazer para combater a masculinidade tóxica nas relações de trabalho?

masculinidade toxica homem irritado
Como combater a masculinidade tóxica?

A primeira coisa a se fazer é eliminar as expressões machistas, que foram neutralizadas, do vocabulário dos colaboradores da empresa. Frases que parecem inofensivas e que já citamos por aqui podem ser as mais nocivas.

Adotar uma rotina de feedbacks para todo o negócio, não só nos aspectos técnicos mas também comportamentais, faz a diferença no clima organizacional.

Outra coisa que pode ser feita é a criação de um comitê de diversidade na companhia, buscando abordar temas diversos, dando espaço para uma cultura mais acolhedora e segura para todos.

Aumentar o tempo de licença-paternidade também é uma ótima alternativa para combater a masculinidade tóxica no ambiente corporativo.

Estima-se que, segundo pesquisas, aumentar o tempo de licença-paternidade (que atualmente são de cinco dias obrigatórios por lei) retém talentos, ajuda no aumento de produtividade e na redução da desigualdade de gênero no mercado de trabalho.

De acordo com levantamento do grupo Talenses, 13% das corporações entrevistadas dão até 20 dias para os funcionários pais. A pesquisa aponta ainda que, infelizmente, apenas 1% das empresas costumam dar mais de dois meses de licença-paternidade.

Como as ações do RH podem contribuir para combater a masculinidade tóxica?

Já que estamos falando no combate à masculinidade tóxica no ambiente de trabalho, é importante não deixar de dizer que o RH pode sim contribuir nesta luta pela igualdade e respeito.

Isso porque tudo vai muito além da contratação, promoção e inclusão das mulheres (apesar de isto ser algo prioritário e importante). Os homens – ou melhor – os colegas de trabalho, precisam entender, se engajar nesta causa e participar destas mudanças de forma efetiva.

A hora é de construir pontes e não obstáculos. Por este motivo, é preciso incluir todos da empresa na discussão de diversidade, investindo em um ambiente de segurança, compartilhamento e aprendizado.

Abaixo você confere testes que podem te ajudar na identificação da masculinidade tóxica.

Como fazer teste de masculinidade tóxica?

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Teste de masculinidade tóxica.

É importante estar atento às atitudes que tornam as visões equivocadas para evitar a masculinidade tóxica e levar uma vida melhor e mais saudável. Para isso, separamos alguns testes de masculinidade tóxica para você fazer e entender melhor sobre o termo e as ações que este envolve.

O primeiro teste é este para fins educacionais e pode ser feito rapidamente pelo IDR Labs. Mas neste outro teste elaborado pelo BuzzFeed você poderá apontar as situações em que já presenciou ações decorrentes da masculinidade tóxica, visto que nem sempre paramos para observar isto.

Já se você sente que a sua autoestima está sendo afetada pela masculinidade tóxica, este teste UOL pode te ajudar. Se você quer saber como anda a sua ansiedade, nível de estresse ou se está com sintomas iniciais de depressão, um teste na internet pode te ajudar. Porém, a melhor opção é sempre a procura de ajuda profissional.

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Assim, dá apoio e bem-estar a funcionários e outros colaboradores de companhias, ajudando a reduzir custos e otimizar o seu negócio. Conheça nosso site acessando aqui.

Conclusão

Como vimos, podemos definir a masculinidade tóxica como um conjunto de estereótipos que a sociedade tende a atribuir ao sexo masculino. Estereótipos estes que fazem mal não só a sociedade, mas aos próprios homens (nos mais diversos aspectos de sua vida).

Incluímos então no ambiente de trabalho e na sua saúde mental. Pois tendem a querer corresponder às expectativas e quando não conseguem ficam agressivos e tomam atitudes tóxicas, especialmente nos ambientes corporativos como interromper as mulheres ou tratá-las de forma inferior, intelectualmente falando.

E o perigo mora aí, visto que essa necessidade de querer reafirmar a masculinidade acima de qualquer vestígio de feminilidade pode colocar os homens em relações abusivas e torná-los agressores – acreditando ser esta a forma ideal de reafirmação (o que sabemos que não é).

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