Luto: estágios, sintomas e formas de enfrentamento

foto de uma mulher idosa, sentada na ponta de sua cama, olhando para a janela e abraçando um retrato

Perder alguém querido é uma das experiências mais dolorosas que podemos enfrentar na vida. O luto, como chamamos esse processo de sofrimento, é uma jornada individual e complexa, marcada por diferentes etapas e manifestações. 

Neste artigo, vamos te guiar por esse caminho, explorando os estágios e os sintomas do luto, além de apresentar formas de enfrentamento que podem te auxiliar nesse momento tão difícil.

É importante lembrar que as informações aqui apresentadas têm caráter informativo e não substituem a ajuda profissional. 

Em casos de luto intenso ou prolongado, buscar um psicólogo ou outro profissional de saúde mental é fundamental para garantir um suporte adequado e personalizado.

O que é luto?

O luto é a reação emocional e psicológica que ocorre após a perda de alguém ou algo significativo. Essa experiência pode envolver uma gama de sentimentos, como tristeza, raiva, culpa e desespero, afetando tanto a saúde mental quanto física. 

Apesar de uma sensação “ruim”, o luto é relevante porque é uma parte natural do processo de adaptação à perda, permitindo que a pessoa eventualmente encontre maneiras de seguir em frente e reconstruir sua vida.

Quais situações podem gerar o sentimento de luto?

Embora o luto seja comumente associado à morte de um ente querido, é importante reconhecer que essa experiência pode ser desencadeada por diversas outras situações que impliquem perda e ruptura.

Perdas que provocam luto:

  • Morte: a perda de um familiar, amigo ou animal de estimação é uma das formas mais conhecidas de luto;
  • Fim de relacionamentos: o término de um namoro, casamento ou amizade pode gerar um luto significativo, marcado por sentimentos de tristeza, saudade e raiva;
  • Perdas profissionais: a perda de um emprego, a aposentadoria ou a mudança de carreira pode trazer consigo sentimentos de luto, principalmente relacionados à identidade e ao propósito na vida;
  • Doenças e limitações: diagnósticos médicos, acidentes ou doenças graves podem desencadear luto, tanto pela perda da saúde quanto pelas mudanças que impõem na vida da pessoa;
  • Mudanças significativas: mudanças de residência, divórcios, filhos indo morar longe, entre outras grandes mudanças na vida, podem ser percebidas como perdas e gerar luto.

Estágios do luto

Os cinco estágios do luto, conforme descritos pela psiquiatra Elisabeth Kübler-Ross, são uma estrutura que ajuda a entender as reações emocionais comuns à perda. Esses estágios não são necessariamente lineares, e nem todas as pessoas passam por todos eles. No entanto, eles fornecem um guia útil para compreender o processo de luto.

Negação

A fase de negação e isolamento é geralmente a reação inicial à perda. Durante essa fase, a pessoa pode ter dificuldade em aceitar a realidade do que aconteceu. Frases como “Isso não pode estar acontecendo” ou “Não acredito que é verdade” são comuns. 

A negação funciona como um mecanismo de defesa temporário que nos ajuda a lidar com o choque da perda, permitindo que a realidade comece a se infiltrar aos poucos.

Raiva

À medida que a negação começa a diminuir, a realidade e a dor emergem. A fase de raiva pode se manifestar de várias formas: raiva direcionada ao falecido, a si, aos outros ou até a uma entidade superior. Perguntas como “Por que isso aconteceu comigo?” ou “Quem é o culpado?” são frequentes. 

Essa raiva é uma expressão da intensidade da dor emocional, e é uma tentativa de lidar com a vulnerabilidade e a impotência que a perda traz.

Barganha

Na fase de barganha, a pessoa tenta negociar para reverter ou minimizar a perda. Pensamentos como “Se eu tivesse feito isso de outra forma…” ou “Eu prometo ser uma pessoa melhor se…” são comuns. 

Essa fase representa uma busca desesperada por controle ou uma tentativa de adiar o inevitável. A barganha é uma maneira de enfrentar a dor ao tentar encontrar maneiras de evitar a realidade da perda.

Depressão

A fase de depressão é caracterizada por uma profunda tristeza e sensação de vazio. Nesse estágio, a realidade da perda se instala, e a pessoa pode sentir-se sobrecarregada pela dor. Sentimentos de desesperança, solidão e desamparo são comuns. 

Esse estágio não deve ser confundido com a depressão clínica, embora possa compartilhar alguns sintomas. É um passo natural e necessário no processo de luto.

Aceitação

Na fase de aceitação, a pessoa começa a encontrar maneiras de seguir em frente. Isso não significa que a dor da perda desaparece completamente, mas sim que a pessoa encontra uma forma de lidar com ela e reestruturar sua vida sem a presença do que foi perdido. 

Frases como “Vai ficar tudo bem” ou “Posso seguir em frente” refletem essa aceitação. É um momento de recomeço, onde a pessoa pode começar a construir uma nova normalidade e encontrar paz.

Quais são os sintomas do luto?

O luto pode manifestar-se de diversas maneiras, tanto física quanto emocionalmente. Cada pessoa pode experimentar esses sintomas de forma diferente, mas há alguns que são comuns durante o processo de luto.

Sintomas emocionais:

  • Tristeza profunda: sensação persistente de tristeza que pode ser acompanhada de crises de choro e vazio emocional;
  • Raiva: sentimentos de revolta e irritação que podem ser direcionados a outras pessoas, a si, ou a uma entidade superior;
  • Culpa: sensações de culpa ou arrependimento, questionando o que poderia ter sido feito de diferente;
  • Ansiedade: preocupações intensas sobre o futuro e a capacidade de enfrentar a vida sem a pessoa ou coisa perdida;
  • Desespero: sensação de vazio e falta de propósito, como se a vida tivesse perdido o significado;
  • Entorpecimento: sensação de estar desligado das emoções e da realidade ao redor;
  • Solidão: sentimento de isolamento e de que ninguém compreende a profundidade da sua dor.

Sintomas físicos:

  • Fadiga: sensação constante de cansaço e falta de energia, mesmo após períodos de descanso;
  • Alterações no sono: dificuldades para dormir (insônia) ou sono excessivo;
  • Alterações no apetite: perda de apetite ou, em alguns casos, comer em excesso como forma de lidar com a dor;
  • Problemas digestivos: dores de estômago, náuseas ou outros desconfortos digestivos;
  • Dores e tensões musculares: dores físicas, como dores de cabeça, dores no peito, ou tensão muscular;
  • Sistema imunológico enfraquecido: maior suscetibilidade a resfriados e outras doenças devido ao estresse emocional;
  • Palpitações cardíacas: sensação de coração acelerado ou irregularidades nos batimentos cardíacos devido à ansiedade.

Esses sintomas são reações normais ao luto e podem variar em intensidade e duração. É importante que as pessoas que estão passando por isso reconheçam esses sinais e procurem apoio, seja de amigos, familiares ou profissionais de saúde mental, para enfrentar esse período difícil.

Quanto tempo o luto pode durar?

O luto é uma experiência altamente individual, e não existe um tempo exato definido para a sua duração. Algumas pessoas podem começar a sentir-se melhor após algumas semanas ou meses, enquanto outras podem levar anos para se adaptar completamente à perda.

O período de luto pode ser influenciado por diversos fatores, incluindo a natureza da perda, a relação com quem ou o que foi perdido, o apoio social disponível e as experiências anteriores de luto. 

Este não é um processo linear: as pessoas podem se mover entre os diferentes estágios do luto de maneira imprevisível e podem revisitar certos estágios em diferentes momentos.

Além disso, é normal que o luto se intensifique em determinadas datas significativas, como aniversários, feriados ou datas comemorativas relacionadas à pessoa, ou coisa perdida. O mais importante é que cada pessoa se permita sentir o que precisa sentir e busque apoio quando necessário. 

Não há um “tempo certo” para superar o luto, e cada um deve respeitar seu próprio ritmo no processo de cura.

Luto comum x luto patológico

A diferenciação entre o luto comum e o luto patológico é importante para entender como o processo de luto pode variar e quando pode ser necessário buscar ajuda profissional.

O luto comum é a resposta natural e saudável à perda. Ele inclui os sentimentos e sintomas que discutimos anteriormente, como tristeza, raiva, culpa e até sintomas físicos. Embora seja doloroso, o luto comum permite que a pessoa comece eventualmente a aceitar a perda e a encontrar maneiras de seguir em frente com a vida. 

O tempo que o luto comum dura pode variar, mas geralmente, os sintomas começam a diminuir em intensidade com o tempo e a pessoa consegue retomar suas atividades diárias, ainda que a perda continue a ser sentida.

O luto patológico, também conhecido como luto complicado, ocorre quando o processo de luto é prolongado e interfere de maneira significativa na capacidade da pessoa de funcionar no dia a dia. Existem vários sinais que podem indicar um luto patológico, incluindo:

  • Persistência da dor intensa;
  • Foco excessivo na perda;
  • Dificuldade em aceitar a realidade;
  • Isolamento social;
  • Dificuldade em retomar atividades diárias;
  • Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva;
  • Sintomas físicos prolongados.

Se esses sintomas persistirem por um período prolongado e interferirem significativamente na vida da pessoa, pode ser um sinal de luto patológico. Nesse caso, é essencial buscar a ajuda de um profissional de saúde mental, como um psicólogo ou psiquiatra, que pode oferecer estratégias de enfrentamento e tratamentos adequados para ajudar a pessoa a lidar com a perda de maneira saudável.

Formas de enfrentamento do luto

Lidar com o luto é um processo desafiador, mas há várias maneiras de enfrentá-lo de maneira saudável. Aqui estão algumas orientações práticas que podem ajudar:

Suporte social

Contar com uma rede de apoio de amigos e familiares é importante durante o luto. Conversar com pessoas de confiança sobre os sentimentos e experiências pode proporcionar conforto e alívio emocional. 

A presença de pessoas queridas pode oferecer uma sensação de normalidade e segurança, ajudando a pessoa enlutada a se sentir menos isolada. Participar de grupos de apoio para pessoas enlutadas também pode ser benéfico, pois permite compartilhar experiências com outros que estão passando por situações semelhantes.

Terapia e aconselhamento

Um psicólogo pode te auxiliar a compreender suas emoções, desenvolver mecanismos de enfrentamento e encontrar formas saudáveis de lidar com a perda. Se a perda afetou toda a família, a terapia familiar pode ajudar a fortalecer os laços e melhorar a comunicação entre os membros.

Diversas psicoterapias podem ser úteis para lidar com pensamentos negativos e encontrar formas de reestruturar a vida após a perda. Além disso, o aconselhamento de luto pode oferecer um espaço seguro para a pessoa enlutada discutir sua perda e suas emoções.

Autocuidado

Praticar o autocuidado é essencial durante o período de luto. Isso inclui cuidar da saúde física, emocional e mental. Algumas práticas de autocuidado incluem:

  • Manter uma alimentação saudável: comer bem pode ajudar a manter os níveis de energia e melhorar o humor;
  • Exercício físico: a atividade física pode aliviar o estresse e melhorar o bem-estar geral;
  • Dormir bem: garantir uma boa qualidade de sono é importante para a recuperação emocional;
  • Realizar atividades prazerosas: engajar-se em passatempos ou atividades que trazem alegria pode ajudar a proporcionar momentos de alívio e distração da dor.

Aceitar os sentimentos e não os ocultar

É fundamental aceitar os próprios sentimentos durante o luto, incluindo a tristeza, a raiva, a culpa e o desespero. Permitir-se chorar, sofrer e expressar emoções é uma parte importante do processo de cura. Fugir desses sentimentos, apesar de gerarem alívio momentâneo, pode afetar o processo de luto no longo prazo. 

Entender que esses sentimentos são normais e esperados pode ajudar a pessoa enlutada a lidar com eles de maneira mais saudável. Tentar ocultar ou reprimir os sentimentos pode prolongar o processo de luto e dificultar a recuperação.

Como cuidar de si durante o processo de luto?

Cuidar de si durante o processo de luto é um passo importante para navegar por esse período de maneira saudável. 

Reconheça situações, lugares ou objetos que possam intensificar a dor do luto e, quando possível, evite-os até se sentir mais forte emocionalmente. Estabeleça limites e não se sinta pressionado a participar de eventos ou interações que possam ser emocionalmente desgastantes. Respeitar seus próprios limites durante esse período é fundamental.

Buscar suporte profissional pode ser extremamente benéfico. O atendimento de psicologia online, que oferece a conveniência de receber suporte no conforto de sua casa, permite maior flexibilidade e acessibilidade. 

Nesses casos, os benefícios da telemedicina são grandes: proporcionam acesso fácil e rápido a profissionais de saúde mental, garantindo que você receba o cuidado necessário sem precisar se deslocar. Isso pode incluir consultas com psicólogos, psiquiatras e conselheiros de luto.

Enfrentar o luto é um desafio significativo, mas com práticas de autocuidado e apoio adequado, é possível encontrar maneiras de passar por esse período de maneira mais saudável

Quando o luto pode requerer apoio profissional?

Embora seja natural sentir tristeza, raiva, saudade e outras emoções após uma perda significativa, nem sempre é fácil lidar com esses sentimentos por conta própria. Em alguns casos, o luto pode se tornar patológico e surgir o questionamento de quando procurar um psiquiatra ou apoio na terapia.

Se a pessoa experimenta pensamentos persistentes de culpa excessiva, inutilidade, ou até mesmo pensamentos suicidas, é essencial buscar ajuda imediata. 

O mesmo vale para início de sintomas que não são típicos do processo de luto normal, como alucinações, sentimentos de desrealização (sensação de que o mundo ao redor não é real), ou comportamentos extremos. Não é recomendado buscar solução na automedicação.

Nesses casos, psicólogos e psiquiatras podem oferecer suporte especializado para ajudar a pessoa a processar o luto de maneira saudável. A terapia pode proporcionar um espaço seguro para explorar sentimentos complexos, desenvolver estratégias de enfrentamento eficazes e iniciar o processo de cura emocional.

Se você ou alguém que você conhece está enfrentando dificuldades significativas durante o luto, não hesite em buscar ajuda profissional. 

A Conexa Saúde oferece acesso fácil a consultas online com psicólogos e psiquiatras, proporcionando suporte especializado no conforto de sua casa.

Créditos da imagem: FG Trade em iStock


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