A hipomania é caracterizada por energia elevada, entusiasmo e atividade aumentada, que pode ser um sinal de alerta para alguns transtornos mentais.
Neste artigo, vamos desvendar o que é hipomania, explorando seus sintomas, causas e as diversas faces dos transtornos que podem tê-la como companheira.
É importante lembrar que as informações aqui presentes têm caráter informativo e não substituem a consulta com um profissional de saúde. Se você suspeita que possa estar passando por hipomania, buscar ajuda médica é o primeiro passo para um diagnóstico preciso e um tratamento adequado.
O que é hipomania?
A hipomania é um estado de humor elevado que se caracteriza por um aumento significativo na energia, na atividade e na produtividade. Essa fase, embora possa parecer positiva à primeira vista, pode trazer consigo algumas consequências negativas se não for devidamente acompanhada.
É importante ressaltar que a hipomania não é uma doença em si, mas sim um sintoma de diversos transtornos mentais, como o transtorno bipolar e a ciclotimia.
Diferença entre mania e hipomania
A principal diferença entre mania e hipomania está na intensidade dos sintomas e no impacto que eles têm na vida da pessoa.
Enquanto a hipomania envolve um aumento moderado de energia e humor, sem causar danos graves ao funcionamento diário, a mania é mais intensa e pode levar a comportamentos arriscados e até a hospitalização.
Sintomas da hipomania
A hipomania, caracterizada por um estado de humor elevado, se manifesta por meio de uma série de sintomas que podem afetar diversas áreas da vida da pessoa. Vamos explorar alguns dos sintomas mais comuns para que você possa identificá-los e buscar ajuda se necessário.
Aumento de energia
Durante episódios hipomaníacos, a pessoa experimenta um aumento significativo de energia e atividade. Isso pode se manifestar como uma necessidade constante de estar em movimento ou de se engajar em atividades produtivas.
A pessoa pode sentir-se incansável, com menos necessidade de sono, e pode iniciar vários projetos ao mesmo tempo. Esse aumento de energia pode ser visto como uma produtividade excepcional, mas também pode levar a um desgaste físico e mental se não for controlado.
Humor elevado
O humor elevado é outro sintoma característico da hipomania. A pessoa pode sentir-se anormalmente feliz, otimista e eufórica. Esse estado de euforia pode ser contagiante, fazendo com que a pessoa se torne mais sociável e falante.
No entanto, o humor elevado também pode se manifestar como irritabilidade. A pessoa pode ficar facilmente frustrada ou zangada, especialmente se algo ou alguém interromper suas atividades ou planos. Esse humor volátil pode afetar as relações pessoais e profissionais.
Comportamentos impulsivos
A hipomania pode levar a comportamentos impulsivos e de risco. A pessoa pode tomar decisões precipitadas sem considerar as consequências, como gastar grandes quantias em compras desnecessárias ou participar de atividades sexuais de risco.
Outros exemplos de comportamentos impulsivos incluem dirigir de forma imprudente, assumir projetos excessivos ou fazer investimentos financeiros arriscados. Embora esses comportamentos possam parecer excitantes ou libertadores no momento, eles podem resultar em consequências negativas a longo prazo.
Causas da hipomania
A hipomania pode ser causada por uma combinação de fatores genéticos, biológicos e ambientais.
Vamos explorar as principais causas e fatores de risco associados à hipomania para entender melhor suas origens.
- Genética: a predisposição genética desempenha um papel significativo na hipomania. Pessoas com histórico familiar de transtornos de humor, como o transtorno bipolar, têm maior probabilidade de desenvolver hipomania;
- Desequilíbrios químicos no cérebro: desequilíbrios nos neurotransmissores, que são substâncias químicas responsáveis pela comunicação entre as células nervosas, estão associados à hipomania. Alterações nos níveis de neurotransmissores como a dopamina, serotonina e noradrenalina podem contribuir para mudanças de humor e comportamento;
- Fatores ambientais e estresse: eventos estressantes da vida, como traumas, perdas significativas ou mudanças importantes, podem desencadear episódios hipomaníacos, especialmente em indivíduos predispostos geneticamente;
- Uso de substâncias: o consumo de substâncias como álcool e drogas pode desencadear ou exacerbar episódios hipomaníacos. Certos medicamentos, especialmente antidepressivos, também podem induzir hipomania em algumas pessoas, particularmente aquelas com predisposição a transtornos de humor;
- Distúrbios do sono: alterações nos padrões de sono podem influenciar o humor e o comportamento. A privação de sono ou mudanças drásticas nos hábitos de sono podem desencadear episódios hipomaníacos, evidenciando a importância de um sono regular e de qualidade na manutenção da estabilidade emocional.
A hipomania é uma condição complexa, resultante da interação de múltiplos fatores. Compreender esses fatores de risco pode ajudar na identificação precoce e no manejo adequado da condição, mas é sempre essencial buscar orientação médica para um diagnóstico preciso e tratamento eficaz.
Existem gatilhos para um episódio hipomaníaco?
Sim, existem vários gatilhos que podem precipitar um episódio hipomaníaco. Entre eles, o estresse é um dos mais comuns, podendo ser causado por eventos como problemas no trabalho, conflitos familiares ou mudanças significativas na vida.
A privação de sono ou alterações drásticas nos padrões de sono também podem contribuir para o início de um episódio.
A genética desempenha um papel importante na predisposição à hipomania. Estudos indicam que transtornos de humor, como o transtorno bipolar, tendem a ocorrer em famílias, sugerindo uma forte componente hereditária.
Indivíduos com parentes de primeiro grau (pais, irmãos) que têm transtorno bipolar ou hipomania têm um risco significativamente maior de desenvolver esses mesmos transtornos.
Quais comportamentos podem indicar hipomania?
A hipomania pode se manifestar por meio de uma série de comportamentos que podem ser percebidos pela própria pessoa ou por pessoas ao seu redor. Alguns dos comportamentos que podem indicar hipomania incluem:
- Aumento de energia e produtividade: a pessoa pode se sentir mais disposta e ativa do que o habitual, com maior facilidade para realizar tarefas e projetos;
- Necessidade reduzida de sono: a pessoa pode dormir menos horas do que o normal sem se sentir cansada;
- Loquacidade e pensamentos acelerados: a pessoa pode falar mais do que o habitual, com dificuldade em interromper a fala, e ter pensamentos acelerados, passando rapidamente de um tópico para outro;
- Comportamento Impulsivo: a pessoa pode tomar decisões precipitadas, se envolver em atividades arriscadas ou gastar dinheiro sem controle;
- Autoestima Inflável: a pessoa pode se sentir grandiosa, com crença exagerada nas próprias capacidades.
O diagnóstico de hipomania é feito por profissionais de saúde mental, como psiquiatras e psicólogos, que utilizam uma combinação de entrevistas clínicas, histórico médico e critérios diagnósticos específicos.
Quais transtornos podem apresentar hipomania como sintoma?
Hipomania pode ser um sintoma de vários transtornos mentais, principalmente aqueles relacionados ao humor. Os principais transtornos que podem apresentar hipomania como sintoma incluem:
- Transtorno Bipolar tipo II: este transtorno é caracterizado por episódios recorrentes de depressão maior e hipomania. Ao contrário do transtorno bipolar tipo I, onde a mania é presente, o tipo II envolve hipomania, que é menos intensa;
- Transtorno Ciclotímico: este é um transtorno crônico do humor que envolve períodos alternados de sintomas hipomaníacos e sintomas depressivos leves que não atendem aos critérios completos para um episódio depressivo maior. As flutuações de humor são menos graves do que no transtorno bipolar, mas ainda podem causar dificuldades significativas na vida do indivíduo;
- Transtorno Bipolar Tipo I: embora a mania completa seja a característica distintiva deste transtorno, episódios de hipomania também podem ocorrer. O diagnóstico de transtorno bipolar tipo I exige pelo menos um episódio de mania, mas hipomania pode ser parte do quadro clínico;
- Transtornos de personalidade: certos transtornos de personalidade, como o transtorno de personalidade borderline, podem apresentar sintomas de hipomania como parte das flutuações de humor características dessas condições. Embora não seja um critério diagnóstico principal, a instabilidade emocional pode incluir períodos de humor elevado;
- Transtornos depressivos com características mistas: em alguns casos, pessoas com transtorno depressivo maior podem apresentar sintomas mistos, incluindo elementos de hipomania. Esses episódios mistos são caracterizados por sintomas depressivos concomitantes com sintomas de hipomania.
Diagnóstico da hipomania
Para garantir um diagnóstico preciso e iniciar o tratamento adequado, o profissional de saúde mental realiza uma avaliação completa que combina a entrevista clínica com critérios diagnósticos e, em alguns casos, testes complementares.
Avaliação clínica
O diagnóstico de hipomania envolve uma avaliação clínica detalhada realizada por profissionais de saúde mental, como psiquiatras ou psicólogos.
Durante a entrevista clínica, o profissional de saúde coleta informações detalhadas sobre os sintomas do paciente, histórico médico, histórico familiar de transtornos mentais e qualquer evento estressante recente. É importante explorar a duração, a frequência e a intensidade dos episódios hipomaníacos, bem como seu impacto na vida cotidiana do paciente.
O profissional utiliza os critérios estabelecidos no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) para identificar a presença de hipomania.
Conforme o DSM-5, um episódio hipomaníaco deve incluir um período de humor elevado, expansivo ou irritável, acompanhado de pelo menos três (ou quatro, se o humor for apenas irritável) dos seguintes sintomas:
- Aumento da autoestima ou grandiosidade;
- Redução da necessidade de sono;
- Fala mais rápida ou pressão para continuar falando;
- Fuga de ideias ou sensação de pensamentos acelerados;
- Distração;
- Aumento da atividade direcionada a objetivos ou agitação psicomotora;
- Envolvimento excessivo em atividades prazerosas que têm um alto potencial para consequências dolorosas.
Testes complementares
Em alguns casos, testes complementares podem ser utilizados para apoiar o diagnóstico de hipomania.
Exames de sangue e testes de função hepática podem ser solicitados para descartar outras condições médicas que possam estar contribuindo para os sintomas, como problemas de tireoide ou distúrbios metabólicos.
Além disso, avaliações neuropsicológicas podem ser realizadas para avaliar funções cognitivas específicas, como atenção, memória e função executiva. Isso pode fornecer insights adicionais sobre o impacto dos sintomas de hipomania no funcionamento cognitivo do paciente.
Tratamento da hipomania
Existem várias opções de tratamento para a hipomania, dependendo da gravidade dos sintomas e das necessidades individuais do paciente:
Medicamentos estabilizadores de humor
Os medicamentos estabilizadores de humor são frequentemente prescritos para controlar os episódios de hipomania. Eles ajudam a estabilizar os sintomas do humor, reduzindo a intensidade das oscilações emocionais.
Exemplos comuns incluem estabilizadores de humor que ajudam a regular os níveis de neurotransmissores no cérebro. É fundamental lembrar que não se deve praticar a automedicação e que isso pode ser perigoso para a saúde e bem-estar.
Psicoterapia
A psicoterapia tem um papel importante no tratamento da hipomania ao ajudar os pacientes a entender seus sintomas, identificar gatilhos e desenvolver habilidades para gerenciar melhor seu humor. Abordagens comuns incluem:
- Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): ajuda os pacientes a identificar e modificar padrões de pensamento e comportamento que possam contribuir para a hipomania;
- Terapia Interpessoal: foca na melhoria das habilidades de comunicação e nos relacionamentos interpessoais, o que pode ser crucial para reduzir o estresse e o conflitos que podem desencadear episódios;
- Psicoeducação: ensina aos pacientes e seus familiares sobre o transtorno bipolar e estratégias para reconhecer e manejar os sintomas.
É importante lembrar que todas as abordagens de terapia podem ser ferramentas na identificação e gerenciamento da hipomania. O importante é que o paciente se identifique com a abordagem e se sinta confortável em endereçar o problema.
Quando ir ao psiquiatra investigar uma possível hipomania?
Se você está experimentando sintomas como aumento anormal de energia, humor elevado, irritabilidade intensa, fala acelerada ou comportamentos impulsivos, pode ser o momento certo para consultar um psiquiatra.
Esses sintomas podem indicar hipomania, um estado que pode fazer parte de diferentes transtornos do humor, como transtorno bipolar ou ciclotimia.
A telemedicina tornou mais acessível e conveniente o acesso ao cuidado psiquiátrico especializado. Por meio de consultas online, você pode consultar um psiquiatra, discutir seus sintomas e receber orientações sem sair de casa.
Além do psiquiatra, a psicologia online também pode ser uma opção valiosa. Terapeutas especializados podem ajudar a explorar os sintomas, compreender melhor as causas subjacentes e desenvolver estratégias eficazes de manejo.
Juntos, esses profissionais podem oferecer um suporte abrangente para avaliar seus sintomas, diagnosticar corretamente e iniciar o tratamento adequado para garantir seu bem-estar emocional e mental.
O que esperar da consulta médica?
Durante uma consulta médica para investigar possíveis sintomas de hipomania, é importante estar preparado para discutir seus sintomas de maneira clara e aberta.
Anote quaisquer sintomas que você tenha experimentado, incluindo alterações de humor, padrões de sono, níveis de energia e comportamentos impulsivos. Prepare uma lista de seu histórico médico, incluindo quaisquer condições de saúde pré-existentes e medicamentos que você esteja tomando.
Para não esquecer de nada, uma boa dica é preparar uma lista de perguntas para o médico, como sobre possíveis diagnósticos, opções de tratamento e expectativas de longo prazo.
Durante a consulta, seja honesto e compartilhe abertamente seus sentimentos, preocupações e experiências com o médico. Quanto mais informações você fornecer, mais precisa será a avaliação.
A telemedicina oferece uma maneira conveniente de se consultar com um médico especializado em saúde mental, sem a necessidade de deslocamento. Você pode agendar uma consulta pelo Conexa Saúde para discutir seus sintomas e obter orientações personalizadas.
Créditos da imagem: FG Trade em iStock
Revisado por:
Carolina Porfirio
Psicóloga graduada pela UNIFAE, pós graduada em Avaliação Psicológica pela PUC Minas. Atua como Coordenadora de Saúde Mental na Conexa e Responsável Técnica da plataforma Psicologia Viva.