Com o passar do tempo, há uma nova geração surgindo e, consequentemente, um novo mercado de trabalho acompanhado de novas exigências e também novas respostas à elas. Isso porque, a cada ano novos termos relacionados ao trabalho aparecem. Um deles é o funcionário escala 24×7.
Ao pé da letra, o número quer dizer as 24 horas por dia, durante os 7 dias da semana. Mas o que ser um funcionário que trabalha na escala 24×7 significa? Confira a resposta neste artigo.
Ao longo deste texto, além de explicar qual é o perfil deste colaborador, vamos explorar as problemáticas deste conceito e o limite da dedicação versus saúde mental. E mais do que isso, mostraremos que existem outras escalas de trabalho fora a do funcionário 24×7 e os modelos mais populares 5×2 e 6×1, por exemplo.
Aproveite a leitura!
O que é escala de trabalho?
Para início de conversa, é preciso compreender que escala de trabalho nada mais é do que uma distribuição de horas trabalhadas pelos dias da semana, assim como a determinação das folgas dos profissionais.
É diferente da jornada de trabalho que se refere ao período de tempo em que o colaborador fica na companhia executando suas tarefas diárias. Então podemos concluir que, na prática, a diferença entre jornada e escala de trabalho está nas especificidades de tempo.
Mas retornando a escala de trabalho, é preciso ressaltar que, conforme aponta a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), o colaborador pode trabalhar por até 44 horas semanais ou 8 horas por dia, sem a necessidade da empresa pagar as horas extras. No total são 220 horas ao mês. Esta é uma das escalas mais comuns nas companhias.
Entretanto, é importante dizer que as escalas não necessariamente ocorrem em dias seguidos, e tampouco iniciam e terminam no mesmo horário. Com isso, há a possibilidade delas apresentarem variações. (conforme será possível ver mais adiante!).
Outro ponto a se destacar é que mesmo a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) estabelecendo regras ou um máximo de horas trabalhadas por dias/semanas/meses, a empresa segue livre para definir a escala que mais se adeque ao cargo/função e distribuir as horas de trabalho ao longo dos dias. E é a partir daí que surgem os mais variados tipos de escalas de trabalho.
Um bom exemplo disso é em empresas onde a operação não pode parar, fazendo com que os colaboradores tenham que encarar uma jornada de turnos ininterruptos e se revezam para isso.
A seguir abordaremos os principais modelos adotados pelas empresas e com mais precisão o modelo de funcionário 24×7 que tem gerado uma certa “polêmica” e conflitos.
Tipos de escala de trabalho
De acordo com o que já relatamos por aqui, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), define que um funcionário pode atuar por, no máximo, 44 horas por semana, ou 8 horas ao dia. Porém, a escala de trabalho pode ser definida pela empresa, conforme suas necessidades.
Você perceberá que algumas escalas são organizadas por dias de trabalho e outras são medidas por horas de trabalho. Veja algumas possibilidades de escala dentro dessa carga horária semanal:
– Escala 5×1
Neste modelo de escala de trabalho, os colaboradores trabalham por 5 dias e possuem 1 dia de folga, ou seja, o profissional tem direito a folgar a cada 5 dias trabalhados – normalmente, são 7 horas de trabalho ao dia. Essa folga, de acordo com a CLT, deve cair ao menos uma vez por mês, em um domingo.
Já a jornada de trabalho na escala 5×1 deste funcionário precisa obedecer às 7 horas e 20 minutos para que as 44 horas semanais não sejam ultrapassadas.
– Escala 5×2
Esta escala de 5×2 é semelhante à anterior e uma das mais comuns. Neste modelo o colaborador trabalha por 5 dias e tem direito a 2 dias de descanso. Podemos dizer que ele trabalha de segunda a sexta, descansando nos sábados e domingos, mas as folgas não precisam ser necessariamente em dias seguidos.
Nesta escala, as jornadas geralmente são de 8 horas e 48 minutos ao dia, totalizando as 44 horas semanais.
– Escala 6×1
Nesta escala de trabalho, o funcionário trabalha por seis dias e pode ter uma folga, com diárias mais curtas – visto que geralmente ocorre em empresas que não podem fechar e fazem revezamento na equipe, com folgas alternadas. Tal escala de trabalho é muito comum.
A folga concedida pode ser fixa em um dia da semana ou variável dependendo da escala da empresa. Contudo, o funcionário deve ter um domingo para descanso a cada 7 semanas, ao máximo. Vale ressaltar ainda que quando o funcionário atua aos domingos e feriados, seu salário pode dobrar.
– Escala 12×36
Como dito anteriormente, as escalas podem ser por horas da jornada e não por dias de trabalho e a escala de 12×36 é um destes casos. É nesta escala que o funcionário trabalha por 12 horas e descansa as 36 horas posteriores.
O modelo de 12×36 é uma das principais escalas adotadas em hospitais e centros médicos no Brasil, por exemplo, mas vem sendo utilizado em outras categorias e se tornando cada vez mais comum. Isso ocorre graças à Reforma Trabalhista.
– Escala 18×36
Essa escala também tem as horas como cálculo e pode-se dizer que é semelhante a de 12×36. Porém, neste modelo o colaborador trabalha durante 18 horas e folgando nas 36 horas seguintes.
Vale ressaltar, no entanto, que não há uma previsão legal para este modelo de escala de trabalho. Sendo assim, ao aderir a esta escala, a empresa precisa fazer um acordo coletivo ou consultar a convenção coletiva.
– Escala 24×48
No caso da escala de 24×48 podemos dizer que se trata de uma escala mais radical. Por isso, seu tempo de descanso é bem maior, de 48 horas.
Esta escala é para profissionais muito específicos, considerando que poucas pessoas aguentam trabalhar por 24 horas seguidas. Entre as profissões em que esta escala se aplica estão policiais, bombeiros e cobradores de pedágios.
Nesta escala também é necessário consultar a convenção coletiva antes de aplicá-la ao funcionário, já que a escala 24×48 ultrapassa os limites de jornada semanais e mensais previstos na lei.
– Escala 24×7
Esta escala talvez seja a mais radical de todas já apresentadas aqui se você pensar que o funcionário trabalha 24 horas por dia durante os 7 dias da semana. Mas calma! Não é bem assim.
Nesse caso, ao invés da empresa ter uma jornada fixa para todos os funcionários, a organização se divide por equipes em horários bem separados entre manhã, tarde e noite, por exemplo. É muito comum em empresas industriais.
O que é escala 24×7?
Como deu para perceber, a escala 24×7 é uma escala criada para abranger todo o nosso tempo.
As 24 horas que temos ao dia e os 7 dias que temos na semana. É um estilo de trabalho integral que muitas empresas utilizam para garantir o funcionamento ininterrupto de suas operações/atendimento.
Logo a seguir você verá como ela realmente funciona na prática, mas basicamente, o superior divide os funcionários de sua equipe em turnos – de acordo com a necessidade da companhia – e acompanha todo este processo.
Vale ressaltar que para adotar esse tipo de escala de trabalho é necessário respeitar uma série de regras estabelecidas pelas leis de trabalho.
Como funciona a escala de trabalho 24×7?
Na escala de trabalho escala 24×7 a empresa não tem uma jornada fixa para os seus colaboradores e sim, em horários variados que se dividem entre os turnos de manhã, tarde e noite, e ainda dependendo, de madrugada, para que a operação siga funcionando.
Um exemplo deste revezamento pode ser: 6h às 12h – 12h às 18h – 18h à 00h – 00h às 6h, desta forma há uma linha de revezamento com jornadas de 6 horas – que é o máximo estabelecido pela CLT para esta escala de trabalho, totalizando 36 horas semanais.
Em relação a intervalos para almoço ou descanso, a CLT também tem regras, tais como: intervalo de 15 minutos para jornadas de 6 horas (meio período) e ao menos 1 dia de descanso semanal remunerado, por 24 horas consecutivas, em todos os tipos de escala/expediente.
Em caso de descumprimento das regras, a empresa pode sofrer punições.
Como montar uma equipe escala 24×7?
Um time que esteja sempre à disposição, 24 horas por dia e 7 dias por semana. Que está sempre de prontidão para que o cliente nunca fique sem suporte quando precisar, é muito importante para manter a operação funcionando.
A área de Tecnologia da Informação (TI), por exemplo, costuma aproveitar este tipo de equipe para entregar mais qualidade em seus serviços.
1 – Defina bem os horários dos colaboradores:
Procure definir a escala entre turnos conforme a necessidade da companhia: manhã, tarde, noite e, se preciso, até madrugada para garantir que a operação siga em funcionamento.
2 – Faça o acompanhamento de cada turno:
Não adianta definir horários, se o superior não acompanhar a escala. Este acompanhamento deve ser feito de forma periódica, com o objetivo de detectar possíveis falhas e dificuldades que os colaboradores possam vir a enfrentar em seus horários.
3 – Mantenha alinhada a comunicação durante as trocas de turnos:
Aqui a ideia é funcionar como numa corrida de revezamento, onde é feita a passagem de bastão. Nas trocas de turnos é importante que se troque informações entre a equipe como os acontecimentos do dia e pendências em aberto, por exemplo, para que não haja falhas e os colaboradores não se percam no caminho.
4 – entrosamento da equipe é essencial:
É importante que os membros da equipe se conheçam para que as trocas de turnos e informações sejam feitas de forma efetiva. Isso porque, uma equipe que reconhece seus pontos fortes e fracos e todas as suas dificuldades consegue trabalhar da melhor forma para corrigir o que precisa.
5 – Invista em ferramentas que possam auxiliar no monitoramento:
Sempre há como melhorar os processos e a tecnologia ajuda muito nisso. Busque por ferramentas úteis que possam te ajudar no monitoramento e auxiliar a equipe durante o período de trabalho. Veja um exemplo de equipe 24×7 que deu certo e se inspire.
O que é um funcionário 24×7?
Até aqui você compreendeu que a escala 24×7 ocorre em empresas que não podem parar suas operações e que ela funciona de forma totalmente dividida. Contudo, não podemos falar desta escala e não citar os famoso “workaholic” ou em tradução livre “viciado em trabalho”.
Ou seja, quando nos referimos a esta escala de 24×7 também podemos nos referir a esta expressão que descreve profissionais que não se “desconectam” de suas atividades, estando à disposição de suas empresas 24 horas por dia, nos 7 dias da semana. Imagine a seguinte situação:
Um funcionário está aproveitando um domingo de sol em uma praia com sua família. Para ele , este é um momento de relaxamento raro com todos reunidos após dar duro no trabalho de segunda à sexta.
Mas então, o celular toca e do outro lado da linha está o chefe deste colaborador, que o pede para correr no escritório e resolver uma demanda nova e urgente. Neste caso, o que o funcionário deveria responder?
Explicar delicadamente que já tinha programado passar o dia com a família ou largar tudo e correr para manter a imagem de um funcionário exemplar?
Claro que a resposta ideal é a primeira. Afinal, a folga é assegurada por lei e o funcionário se dedicou a semana inteira para poder aproveitá-la. No entanto, infelizmente, grande parte dos colaboradores optaram pela segunda opção. Mas por que será que isso acontece?
Podemos dizer que esta é uma decisão motivada, muitas vezes, por um receio que o colaborador tem de impor seus direitos dentro da empresa.
Já, por outro lado, as companhias veneram quando o funcionário tem o perfil escala 24×7 e essa postura faz com que os colaboradores se sintam coagidos a seguir com a segunda resposta do exemplo dado.
- O poder do “não”
Não há nada de errado em ter um funcionário disposto a dar tudo de si quando problemas surgirem. Na verdade, esta é uma prontidão excelente e desejável. Mas ele é assegurado por direitos trabalhistas e não deve temer usá-los a seu favor.
Por isso, é válido exercer o poder do “não”, apesar de sabermos que dizer não com tranquilidade é para poucos, especialmente quanto falamos em trabalho. Porém, esta “palavrinha mágica” é importante para evitar problemas que possam prejudicar não só a vida pessoal do funcionário, mas sua saúde mental e, consequentemente, sua motivação na empresa.
Principalmente em casos de abuso, uma vez que a cultura do funcionário workaholic não envolve horas extras, e sim a mentalidade de que um bom colaborador é aquele que está sempre disponível.
É preciso que o funcionário tenha em mente que ele foi contratado e é pago para trabalhar em alguns dias, durante certas horas e exercendo tantas funções. Qualquer exigência que fuja muito deste acordo deve ser conversada. E se ele considerar que está fora dos seus limites, que exerça o seu direito de dizer não.
O poder desta decisão está para além da força da palavra. É sobre estabelecer barreiras e criar um equilíbrio entre trabalho e saúde mental, uma vez que o perfil do funcionário na escala 24×7 é apenas um dos vários conceitos de endeusamento da cultura workaholic.
- O endeusamento da cultura workaholic
O fato desta série de comportamentos estar crescendo, graças à tecnologia, é muito benéfica para as empresas e nada para os funcionários. Afinal, tem como lema estar sempre conectado ao trabalho sem folgas para descanso – e sem ganhar a mais por isso – é o certo, o caminho para o sucesso.
A ideologia do vício no trabalho vai totalmente contra o cuidado da saúde mental e não deve ser normatizada.
Não é normal ficar mais horas do que está previsto em contrato no escritório diariamente. Não é normal sempre precisar levar trabalho para casa porque não deu tempo de concluir no horário comercial. Não é normal se ausentar das atividades de família e amigos por excesso de trabalho.
O funcionário não está sendo rebelde, errado e muito menos um mau colaborador por dizer não quando necessário. O colaborador ideal é aquele que dá o melhor de si no seu horário previsto de trabalho e que consegue relaxar e aproveitar a vida aos finais de semana.
Nada que foge do equilíbrio é saudável e deve ser incentivado.
O que a empresa pode fazer para apoiar funcionários 24X7
É fato que o comportamento de um funcionário 24×7 é prejudicial tanto para ele mesmo quanto para a empresa. Por isso, ter o apoio da própria companhia é essencial para evitar tal atitude.
E não necessita de muito, algumas ações simples feitas pela empresa podem contribuir para que o funcionário comece a deixar, aos poucos, estas características e somente assim conseguir equilibrar sua vida pessoal com a profissional e melhorar sua saúde como um todo.
Veja as principais ações que podem ser adotadas pela companhia:
– Manter uma gestão humanizada
Gestão humanizada é uma excelente forma de ajudar o funcionário 24×7, visto que este tipo de gestão leva em conta o lado humano do colaborador, seus desejos, receios, dificuldades e tudo que venha a afetar seu trabalho.
Gestores que exercem esse tipo de gestão promovem um ambiente de trabalho mais saudável para a sua equipe e conseguem compreender melhor o quanto o excesso de trabalho pode afetar seus colaboradores.
– Estabelecer horários
Os funcionários em escala 24×7 podem trabalhar horas a fio, mesmo sob alta pressão e estresse, apenas para cumprir o que lhes foi determinado. E não, isso não é um exagero, considerando que a tecnologia contribuiu muito para isso.
Sendo assim, é papel dos líderes das empresas estabelecerem limites de horários para que os profissionais entreguem suas tarefas dentro da jornada de trabalho, sem que tenham que sair prejudicados.
– Não ter uma relação abusiva com o colaborador
Relacionamentos abusivos no ambiente corporativo têm se tornado queixas cada vez mais frequentes. Isso porque, não há limites entre as relações e a organização. Hoje entende-se que um abuso se dá de muitas formas e um bom gestor necessita se atentar a isso.
Os gestores precisam cuidar de seus colaboradores para que exerçam o melhor trabalho, assim como rever processos para que não haja complicações nas entregas e resultados.
– Investir em programas de bem-estar
Como dissemos no tópico anterior, os gestores precisam cuidar de seus colaboradores e investir em programas de bem-estar é uma ótima forma de fazer isso – tanto, que eles são considerados uma parte importante da política de benefícios das corporações.
E não é para menos, são programas eficientes não só na questão da saúde mental do funcionário, mas também da saúde como um todo.
São programas que auxiliam no equilíbrio emocional e físico e podem contribuir para reverter os comportamentos de um colaborador escala 24×7. Por isso, devem ser aliados da política de RH.
– Ter planejamento para todos os setores
Você sabe que planejamento nunca é demais e, no caso das organizações, é essencial para manter um bom ambiente de trabalho e evitar a escala 24×7.
É através de um bom planejamento dos setores da companhia que as metas e prazos são estabelecidos, seguindo a necessidade de cada área. Com isso, as famosas atividades urgentes que precisariam ser entregues “para ontem” praticamente desaparecem, o que ajuda na saúde mental dos funcionários.
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Obviamente que após ler todo este texto, você percebeu o quanto é importante oferecer aos seus funcionários os melhores serviços e garantir uma melhor qualidade de vida, considerando um aumento significativo de satisfação e produtividade na sua equipe.
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Conclusão
Como você já deve ter notado, há diferentes tipos de escala de trabalho e que a escala 24×7 é muito comum em determinados setores que não podem parar suas operações, como o industrial.
No entanto, ao falarmos desta escala também podemos utilizá-la para nos referir a um comportamento prejudicial que muitos funcionários cometem: o de estar disponível para a empresa 24 horas por dia e 7 dias por semana.
Tal comportamento ocorre muitas vezes devido aos funcionários não conseguirem dizer “não” aos seus superiores e terem medo de exigir seus direitos na empresa.
O funcionário escala 24×7 tem se tornado tão comum, graças à tecnologia, que hoje já se popularizou outra expressão: workaholic ou em tradução livre “viciado em trabalho”.
Na verdade, podemos até concluir que a escala 24×7 é muito mais do que um tipo de escala de trabalho, usado em operações ininterruptas. Em determinadas situações ela acaba sendo uma expressão popular que denomina os profissionais que não se desligam do trabalho, mesmo que não estejam mais no escritório.
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