Imagine entrar em uma sala cheia de pessoas e sentir o coração disparar, as palmas das mãos suarem e um desejo esmagador de escapar. Para muitas pessoas, essas reações são uma realidade diária devido à fobia social.
Este transtorno, que afeta milhões ao redor do mundo, vai além da simples timidez, tornando as interações sociais um verdadeiro desafio.
Neste artigo, vamos explorar o que é a fobia social, suas causas, sintomas e como superá-la. Continue lendo para descobrir como identificar essa condição e encontrar maneiras eficazes de tratá-la.
O que é fobia social?
A fobia social é um transtorno de ansiedade caracterizado por um medo intenso e persistente de ser julgado, humilhado ou envergonhado em situações sociais.
Este medo pode desencadear um comportamento evitativo e interferir na vida diária, afetando o trabalho, a escola e as relações pessoais.
Segundo a Associação Americana de Psiquiatria, cerca de 7% da população dos EUA sofre de fobia social em algum momento de suas vidas.
Diferença entre fobia social e timidez
Embora tanto a fobia social quanto a timidez envolvam desconforto em situações sociais, a fobia social é mais extrema e incapacitante.
A timidez é uma característica de personalidade que pode causar algum nervosismo, mas não impede a pessoa de participar de atividades sociais.
Em contraste, a fobia social provoca uma ansiedade tão intensa que leva à pessoa a evitar sistematicamente situações sociais.
Enquanto a timidez pode diminuir com o tempo e a exposição, a fobia social frequentemente requer tratamento profissional para ser superada.
Como a fobia social se manifesta
A fobia social pode se manifestar de várias maneiras, dependendo da situação e da pessoa envolvida. Por exemplo, o transtorno pode ser fruto de experiências traumáticas, bullying, exclusões e outras vivências psiquicamente marcantes.
Algumas pessoas podem experimentar sintomas apenas em situações específicas, como falar em público, enquanto outras podem sentir ansiedade em quase todas as interações sociais.
Manifestações típicas incluem evitar encontros com outras pessoas, sentir um medo intenso de ser observado ou julgado e experimentar sintomas físicos e emocionais desconfortáveis.
Sinais e sintomas da fobia social
Sintomas físicos
A fobia social gera uma reação de luta ou fuga no organismo. Ou seja, a pessoa que sofre se vê, mesmo que de forma inconsciente, frente a uma ameaça.
Dessa forma, tal condição costuma suscitar sintomas e sinais no corpo, dentre eles:
- Sudorese: transpiração excessiva em situações sociais;
- Tremores: mãos trêmulas ou voz trêmula ao falar;
- Palpitações: batimentos cardíacos acelerados;
- Náusea: sensação de enjoo ou dor de estômago.
Sintomas emocionais
Os sintomas emocionais da fobia social incluem:
- Medo intenso de julgamento: preocupação constante de ser avaliado negativamente pelos outros;
- Ansiedade antecipatória: nervosismo extremo antes de eventos sociais;
- Sentimentos de vergonha: sentir-se envergonhado ou humilhado com facilidade.
Sintomas comportamentais
Os comportamentos comuns em pessoas com fobia social podem incluir:
- Esquiva ou fuga de situações sociais: evitar encontros, festas ou reuniões de trabalho, ou até participar desses ambientes, mas ir embora por não tolerar a ansiedade ou os pensamentos catastróficos e o sentimento de não pertencer ao local;
- Dificuldade em interagir com outras pessoas: evitar conversas ou manter contato visual, ter dificuldade de responder perguntas e não ter habilidades sociais desenvolvidas e ser incapaz de desenvolver falas;
- Isolamento social: preferir ficar sozinho para evitar a ansiedade social;
- Comportamentos de risco: por vezes, a pessoa com o transtorno busca um refúgio no álcool ou outras drogas para “aguentar” a ansiedade social ou “se soltar mais”, o que pode levar ao uso abusivo e trazer mais riscos ao indivíduo.
Causas e fatores de risco da fobia social
Fatores genéticos
A genética pode desempenhar um papel na predisposição à fobia social.
Estudos sugerem que o transtorno pode ser mais comum em pessoas com histórico familiar de ansiedade ou outros transtornos mentais.
Fatores ambientais
Experiências de vida, como traumas ou educação superprotetora, podem contribuir para o desenvolvimento da fobia social.
Crianças que enfrentam bullying, rejeição ou críticas severas podem ser mais suscetíveis a desenvolver este transtorno.
Fatores psicológicos
Características de personalidade, como baixa autoestima ou alta sensibilidade à crítica, podem influenciar a fobia social.
Além disso, outras condições psicológicas, como depressão e ansiedade, podem exacerbar os sintomas.
Diagnóstico da fobia social
O diagnóstico da fobia social é feito por profissionais de saúde mental através de avaliações clínicas que incluem entrevistas e questionários.
É essencial que o diagnóstico seja preciso para que o tratamento adequado possa ser iniciado.
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) é frequentemente utilizado como referência.
Vale pontuar que a avaliação de um especialista pode ser feita de forma física ou por meio de telepsicologia.
Quais os impactos da fobia social no dia a dia?
A fobia social pode afetar uma série de áreas da vida, tendo impacto nos âmbitos:
- social: dificuldade em fazer e manter amigos, evitando eventos sociais;
- acadêmico: medo de falar em público ou participar de discussões em sala de aula;
- no trabalho: evitar apresentações ou reuniões importantes, afetando o desempenho profissional;
- amoroso: dificuldade em iniciar e manter relacionamentos amorosos devido à ansiedade social.
Tratamentos para fobia social
Assim como na maior parte dos transtornos da mente, o tratamento da fobia social é multifatorial e envolve questões sociais, ambientais, genéticas e biológicas.
Dessa forma, vejamos algumas das abordagens para o tratamento da ansiedade social.
Psicoterapia
Vários são os tipos de terapia que se fazem eficazes para a fobia social. A psicoterapia é uma ferramenta eficaz e que pode ajudar o paciente a lidar melhor com a fobia social, aumentando sua tolerância à eventos sociais com apoio psicológico e superando seus medos, pouco a pouco, de forma controlada.
Medicamentos
Medicamentos como antidepressivos e ansiolíticos podem ser usados no tratamento da fobia social. Contudo, é importante realizar uma avaliação com psiquiatra. Nunca faça a automedicação. Remédios psiquiátricos devem ser usados apenas sob orientação médica.
Estes medicamentos ajudam a reduzir os sintomas de ansiedade e são frequentemente combinados com psicoterapia para melhores resultados.
Como lidar e superar a fobia social?
Práticas de autocuidado
Ações de autocuidado podem ajudar a aliviar os sintomas da fobia social. Essas práticas incluem:
- Atividade física: exercícios regulares podem melhorar o humor e reduzir a ansiedade;
- Alimentação saudável: uma dieta equilibrada pode contribuir para o bem-estar geral;
- Técnicas de relaxamento: práticas como meditação e ioga podem ajudar a reduzir o estresse.
Desenvolvimento de habilidades sociais
Desenvolver habilidades sociais desde cedo pode prevenir a fobia social.
Participar de atividades em grupo e praticar interações sociais pode aumentar a confiança e reduzir a ansiedade.
Por exemplo, aulas de teatro, que exigem uma certa exposição, são de grande valia na recuperação e prevenção da fobia social.
Quando procurar ajuda profissional
Se a fobia social estiver afetando significativamente sua vida diária, é importante procurar ajuda de um profissional de saúde mental.
A telepsicologia pode oferecer uma maneira conveniente de acessar esses serviços.
Em quanto tempo posso superar a fobia social?
O tempo necessário para superar a fobia social varia de pessoa para pessoa e depende de vários fatores, incluindo a gravidade dos sintomas e a adesão ao tratamento.
Com um plano de tratamento adequado, muitas pessoas começam a ver melhorias dentro de algumas semanas a meses.
Por fim, lidar com a fobia social é um desafio, mas é possível encontrar alívio e melhorar a qualidade de vida com o tratamento adequado.
Se você ou alguém que você conhece está enfrentando essa condição, considere buscar ajuda profissional.
Como dito, práticas de autocuidado e suporte emocional são bons auxílios para a superação da fobia social, porém, um apoio especializado é importante para que você consiga ter um desenvolvimento gradual da fobia social e possa melhorar suas habilidades de interação social e comunicação.
Nesse sentido, um psicólogo te oferece um espaço seguro, uma escuta qualificada e um processo respeitoso, cuidadoso e levando em conta sua individualidade. Assim, você desenvolve mecanismos para não só lidar com a fobia social, mas também compreender o que levou a isso.
Na Conexa, você encontra psicólogos e psiquiatras que realizam consultas online e podem te atender de qualquer lugar. Esse é um primeiro passo importante para a superação da fobia social.
Créditos da imagem: Alona Siniehina em iStock
Revisado por
Carolina Porfirio
Psicóloga graduada pela UNIFAE, pós graduada em Avaliação Psicológica pela PUC Minas. Atua como Coordenadora de Saúde Mental na Conexa e Responsável Técnica da plataforma Psicologia Viva.