A esquizofrenia é um transtorno mental complexo caracterizado por sintomas psicóticos como delírios, alucinações e desorganização do pensamento. O transtorno afeta a percepção da realidade e impacta profundamente a vida de quem a enfrenta — cerca de 1% da população mundial.
Nesse artigo, vamos explorar a sua definição, os seus principais sintomas e suas possíveis causas, oferecendo uma visão abrangente sobre este transtorno desafiador.
É importante lembrar que as informações aqui presentes têm caráter informativo e não substituem a consulta com um profissional de saúde. Se você suspeita de um quadro de esquizofrenia, buscar ajuda médica é o primeiro passo para um diagnóstico preciso e um tratamento adequado.
O que é esquizofrenia?
A esquizofrenia é um transtorno mental grave caracterizado por distorções de pensamento, percepção, emoção, linguagem, senso de si e comportamento. Ela frequentemente inclui sintomas como alucinações, delírios e redução das funções sociais ou emocionais.
Por conta dessas manifestações, o transtorno compromete atividades diárias, relacionamentos e capacidade de trabalho.
Compreendê-la é fundamental para o desenvolvimento de tratamentos eficazes e para o suporte adequado aos pacientes.
Sintomas da esquizofrenia
Os sintomas da esquizofrenia são variados e podem ser classificados em duas categorias: positivos e negativos. É válido destacar que os sintomas positivos ou negativos não se referem a algo bom ou ruim, mas sim a sintomas que se acrescentam ou que reduzem as funções normais do indivíduo. Também existem alguns sintomas cognitivos, como você verá a seguir.
Sintomas positivos
Os sintomas positivos representam uma adição ao comportamento normal, são comportamentos psicóticos que não são vistos em pessoas que não possuem o transtorno e incluem:
- Alucinações: percepções sensoriais sem a presença de um estímulo real, como ouvir vozes que não existem;
- Delírios: crenças falsas e fixas, como acreditar que se é perseguido ou ter uma identidade grandiosa;
- Pensamento desorganizado: dificuldade em organizar pensamentos de forma lógica, resultando em discurso incoerente ou irrelevante;
- Comportamento motor desorganizado ou anormal: inclui desde agitação até comportamentos bizarros, rigidez corporal (catatonia) ou falta total de resposta.
Vale destacar que o uso de medicamentos em casos de esquizofrenia visam minimizar os sintomas positivos do transtorno.
Sintomas negativos
Referem-se à ausência ou redução de capacidades normais do indivíduo, como:
- Apatia: falta de motivação e interesse em atividades diárias;
- Anedonia: incapacidade de sentir prazer;
- Alogia: diminuição na quantidade e conteúdo do discurso;
- Retraimento social: evitar interações sociais e preferir o isolamento;
- Embotamento afetivo: pouca ou nenhuma demonstração emocional.
Sintomas cognitivos
Envolvem problemas com os processos mentais, tais como:
- Déficits de memória: dificuldade em recordar informações ou em manter a atenção;
- Dificuldades com função executiva: problemas em planejar, organizar e tomar decisões;
- Problemas de atenção: incapacidade de focar ou sustentar a atenção em tarefas específicas.
O impacto dos sintomas varia entre os indivíduos e pode flutuar em intensidade ao longo do tempo, afetando significativamente a capacidade de funcionamento diário e a qualidade de vida.
Causas da esquizofrenia
As causas da esquizofrenia são complexas e multifatoriais, resultando de uma interação entre fatores genéticos, ambientais e neurobiológicos, como você verá a seguir:
Fatores genéticos
Entre os diversos fatores que contribuem para seu desenvolvimento, a genética se destaca como um dos mais importantes. Estudos demonstram que a hereditariedade desempenha um papel relevante na predisposição ao transtorno.
Indivíduos com histórico familiar de esquizofrenia apresentam um risco significativamente maior de desenvolvê-la do que a população em geral.
Gêmeos idênticos, que compartilham todo o seu material genético, possuem a taxa de concordância mais alta, chegando a 40% em alguns estudos. Já os irmãos que compartilham apenas parte do DNA, apresentam concordância menor, em torno de 10%.
No entanto, a herança não é determinística. A presença de genes predisponentes não garante o desenvolvimento da esquizofrenia, e outros fatores também modulam o risco.
Fatores ambientais
A esquizofrenia tem suas bases em predisposições genéticas, porém o ambiente e as experiências de vida também são antecedentes no seu desenvolvimento e manifestação. Estudos demonstram que fatores ambientais podem aumentar o risco de uma pessoa desenvolver esquizofrenia, mesmo na ausência de histórico familiar.
Exemplos desses fatores incluem complicações no parto e no desenvolvimento fetal, como baixo peso ao nascer, exposição a infecções uterinas e parto prematuro, que podem elevar o risco.
Além disso, dificuldades na infância como abuso físico, negligência, sofrimento emocional e falta de apoio social também podem aumentar a vulnerabilidade. O uso precoce e frequente de substâncias psicoativas, especialmente canábis, também é um fator de risco conhecido.
Eventos de vida estressantes, como traumas físicos ou psicológicos, podem desencadear ou exacerbá-la em indivíduos predispostos.
Fatores neuroquímicos
Desequilíbrios químicos no cérebro, especialmente envolvendo substâncias como dopamina e glutamato, são considerados fatores na esquizofrenia.
A teoria dopaminérgica sugere que níveis elevados de dopamina em certas partes do cérebro, como no sistema límbico, estão ligados aos sintomas positivos da esquizofrenia.
Medicamentos antipsicóticos que bloqueiam os receptores de dopamina são eficazes em reduzir esses sintomas, apontando para o papel central da dopamina. No entanto, a esquizofrenia é complexa e outros neurotransmissores, como o glutamato, também são importantes para entender a condição.
Quais os fatores de risco para a esquizofrenia?
Embora a causa exata da esquizofrenia ainda seja um enigma, a pesquisa científica vem revelando os principais fatores de risco que aumentam a probabilidade de desenvolvê-la.
- Fatores genéticos:
- História familiar: um parente de primeiro grau com esquizofrenia aumenta o risco de desenvolvê-la. A probabilidade é cerca de 10% para filhos de pais com esquizofrenia, em comparação com aproximadamente 1% na população geral;
- História familiar: um parente de primeiro grau com esquizofrenia aumenta o risco de desenvolvê-la. A probabilidade é cerca de 10% para filhos de pais com esquizofrenia, em comparação com aproximadamente 1% na população geral;
- Fatores biológicos:
- Desenvolvimento cerebral: alterações no desenvolvimento pré-natal e no início da infância do cérebro, como exposição a toxinas ou infecções, podem aumentar o risco de esquizofrenia;
- Disfunções cerebrais: anormalidades na estrutura e na função do cérebro, como desequilíbrios neuroquímicos e alterações na atividade cerebral, também podem contribuir para o desenvolvimento do transtorno;
- Fatores ambientais:
- Estresse psicossocial: experiências traumáticas na infância, como abuso e negligência, aumentam o risco de esquizofrenia;
- Uso de substâncias: uso de drogas psicoativas, especialmente durante a adolescência, como a canábis, pode desencadear a esquizofrenia em indivíduos geneticamente predispostos;
- Dificuldades socioeconômicas: fatores socioeconômicos desfavoráveis, como pobreza e falta de acesso a serviços de saúde mental, podem dificultar o diagnóstico e o tratamento precoce da esquizofrenia, agravando seu impacto na vida do indivíduo;
- Fatores psicossociais:
- Isolamento social: a falta de suporte social e o isolamento podem contribuir para o desenvolvimento e a exacerbação dos sintomas;
- Experiências de discriminação ou estigmatização: ser alvo de discriminação ou estigmatização pode aumentar o estresse e potencialmente precipitara esquizofrenia.
Como o diagnóstico da esquizofrenia é feito?
O diagnóstico da esquizofrenia é baseado na avaliação clínica realizada por profissionais de saúde mental qualificados, como psiquiatras ou psicólogos clínicos.
Não há um teste laboratorial específico para diagnosticar a esquizofrenia, portanto, o processo diagnóstico envolve uma combinação de entrevistas clínicas, observação do comportamento do paciente e a exclusão de outras possíveis causas para os sintomas apresentados.
Avaliação clínica
É necessário que o profissional também revise o histórico médico completo, incluindo doenças físicas, uso de medicamentos e histórico de internações, auxilia na exclusão de outras condições que podem apresentar sintomas semelhantes à esquizofrenia.
Através da observação de comportamento, fala, humor e cognição do paciente, o psiquiatra busca identificar sinais da esquizofrenia, como desorganização do pensamento, delírios e alucinações.
Testes complementares
Embora não existam exames laboratoriais específicos para a esquizofrenia, exames de imagem, como a tomografia computadorizada (TC) e a ressonância magnética (RM), podem ser solicitados para descartar outras causas de sintomas psicóticos, como tumores cerebrais ou doenças neurológicas.
Quais agravos a esquizofrenia pode trazer ao indivíduo?
O isolamento social é comum devido à dificuldade em estabelecer e manter relações interpessoais estáveis, o que pode levar à alienação e à exclusão social.
Ademais, há um aumento significativo no risco de suicídio entre os diagnosticados com esquizofrenia, muitas vezes exacerbado pela intensidade dos sintomas psicóticos, sentimentos de desesperança e a presença de sintomas depressivos associados.
Tratamento da esquizofrenia
A esquizofrenia exige um tratamento abrangente e individualizado para auxiliar na jornada de recuperação de cada indivíduo. A combinação de medicamentos, psicoterapia e apoio social são os pilares fundamentais para o sucesso do tratamento.
Tratamento medicamentoso
O tratamento medicamentoso para esquizofrenia envolve geralmente o uso de antipsicóticos, que são medicamentos projetados para controlar os sintomas positivos.
Existem dois tipos principais de antipsicóticos: os típicos e os atípicos.
Os antipsicóticos típicos, também conhecidos como de primeira geração, funcionam bloqueando principalmente os receptores de dopamina no cérebro, o que ajuda a reduzir sintomas como alucinações e delírios.
Por outro lado, os antipsicóticos atípicos, de segunda geração, também têm efeitos sobre outros neurotransmissores além da dopamina, como a serotonina, e são frequentemente prescritos devido a potenciais efeitos colaterais reduzidos em comparação aos antipsicóticos típicos.
O tratamento medicamentoso é geralmente combinado com terapia psicológica e suporte social para ajudar os pacientes a gerenciar melhor a condição e melhorar a sua qualidade de vida. Nunca realize a automedicação, o tratamento medicamentoso deve ser feito exclusivamente com a orientação e acompanhamento de um psiquiatra.
Psicoterapia
Embora a psicoterapia não possa curar a esquizofrenia, ela pode ajudar significativamente na redução dos sintomas, no aumento da adesão ao tratamento e na melhoria da qualidade de vida geral dos pacientes. É frequentemente combinada com o tratamento medicamentoso para melhores resultados a longo prazo.
Diversas abordagens e modelos de terapia, psicoeducação, terapia de grupo, terapia familiar e reabilitação psicossocial ajudam no processo.
No caso da terapia, a psicologia online também é uma opção. Atualmente, a telemedicina vem ganhando força, proporcionando uma maior acessibilidade aos cuidados com a saúde mental.
Terapias de apoio
A terapia ocupacional ajuda os pacientes a desenvolverem habilidades práticas e sociais necessárias para uma vida independente e produtiva.
Por meio de atividades estruturadas e orientadas, os terapeutas ocupacionais trabalham para melhorar a capacidade dos pacientes de realizar atividades diárias, como cuidar de si, gerenciar tarefas domésticas e participar de ocupações significativas.
Além disso, outras terapias de suporte, como a arte-terapia e a musicoterapia, têm demonstrado benefícios na redução de sintomas negativos e na melhoria do bem-estar emocional dos indivíduos com esquizofrenia, proporcionando um meio alternativo de expressão e comunicação.
É possível prevenir o desenvolvimento da esquizofrenia?
Atualmente, não existem medidas definitivas para prevenir o desenvolvimento da esquizofrenia, principalmente porque as causas exatas do transtorno ainda não são completamente compreendidas.
No entanto, algumas estratégias podem ser potencialmente benéficas na redução do risco de desenvolvimento da esquizofrenia em pessoas com predisposição, como identificação e intervenção precoce, a redução de fatores de riscos ambientais, promoção de um ambiente familiar e social favorável e cuidados durante a gravidez e na infância.
Estratégias de enfrentamento e suporte
A esquizofrenia apresenta desafios significativos, demandando resiliência, adaptação e o desenvolvimento de estratégias eficazes de enfrentamento. Isso é importante tanto para o indivíduo que vive com essa condição quanto para seus familiares e amigos.
O suporte emocional, prático e profissional tem um papel na gestão dos sintomas, na promoção do bem-estar e na busca por uma vida mais satisfatória.
Programas de reabilitação
Essas estratégias abrangem uma variedade de abordagens, incluindo terapias e programas de treinamento vocacional.
Além disso, intervenções de reabilitação psicossocial focam em melhorar as habilidades de comunicação, resolução de problemas e interação social, fortalecendo a rede de apoio social do paciente.
O suporte contínuo, tanto em ambientes clínicos quanto comunitários, é importante para a manutenção dos ganhos terapêuticos, prevenindo recaídas e promovendo uma maior independência e autonomia.
Suporte familiar
Famílias informadas sobre a esquizofrenia podem ajudar a monitorar os sintomas, garantir a adesão ao tratamento e oferecer encorajamento constante. Um ambiente familiar compreensivo e estável pode reduzir o estresse e os conflitos e reduzir os impactos do transtorno na vida do indivíduo, impedindo o agravo do transtorno.
Participar em sessões de terapia familiar pode fortalecer a comunicação e ensinar habilidades de manejo de crises, melhorando a capacidade da família de lidar com episódios agudos e promover a recuperação.
Quando ir ao médico investigar?
Está em dúvida sobre quando procurar um psiquiatra? É importante procurar um médico para investigar a esquizofrenia nas seguintes situações:
- Sintomas psicóticos: apresentação de sintomas como alucinações (ouvir vozes ou ver coisas que não existem) ou delírios (crenças falsas e irracionais);
- Alterações comportamentais: mudanças significativas no comportamento, como retraimento social, comportamentos estranhos ou inapropriados, ou falta de motivação e interesse em atividades diárias;
- Declínio no desempenho funcional: declínio notável no desempenho escolar, profissional ou nas responsabilidades diárias, sem explicação aparente;
- Sintomas cognitivos: problemas com memória, atenção, concentração e capacidade de tomar decisões;
- Comportamentos desorganizados: discursos confusos, dificuldade em organizar pensamentos ou realizar tarefas simples, e comportamento desorganizado ou completamente estranho;
- Alterações de humor e emoções: sentimentos persistentes de apatia, anedonia (incapacidade de sentir prazer), emoções inadequadas ou inexpressivas;
- Fatores de risco conhecidos: caso tenha histórico familiar de esquizofrenia ou outras doenças mentais graves devem estar atentos aos sintomas iniciais.
A avaliação médica precoce é essencial para diagnosticar a esquizofrenia e iniciar um tratamento adequado, que pode melhorar significativamente o prognóstico e a qualidade de vida do paciente.
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O que esperar da consulta médica?
Durante uma consulta médica para investigar a esquizofrenia, você pode esperar o seguinte processo:
- Avaliação inicial: onde médico realizará uma entrevista detalhada para entender os sintomas, seu início, duração e intensidade, além do histórico médico e psiquiátrico do paciente e se ele faz uso de substâncias;
- Histórico familiar: se existe presença de doenças mentais na família, pois a esquizofrenia pode ter um componente genético;
- Avaliação psicológica: o médico pode realizar ou referir para uma avaliação psicológica mais detalhada, utilizando testes e questionários padronizados para avaliar o estado mental, a cognição e o funcionamento emocional;
- Exames laboratoriais: podem ser solicitados de sangue, urina ou outros testes laboratoriais para descartar condições médicas como desequilíbrios hormonais, infecções ou efeitos de substâncias tóxicas;
- Imagem cerebral: em alguns casos, exames de imagem como tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética (RM) podem ser recomendados para excluir lesões cerebrais ou outras anomalias;
- Diagnóstico diferencial: será considerado outras condições que podem causar sintomas semelhantes, como transtorno bipolar, depressão maior com características psicóticas, abuso de substâncias e outras doenças neurológicas ou psiquiátricas;
- Plano de tratamento: se a esquizofrenia for diagnosticada, o médico discutirá as opções de tratamento, que podem incluir medicação antipsicótica, psicoterapia, e suporte social. Eles também fornecerão informações sobre recursos de apoio para o paciente e a família;
- Orientações e seguimento: serão fornecidas orientações sobre como lidar com os sintomas, sinais de alerta para procurar ajuda imediata e a importância da adesão ao tratamento. Também agendará consultas de seguimento para monitorar o progresso e ajustar o tratamento conforme necessário.
As consultas visam estabelecer um diagnóstico preciso e elaborar um plano de tratamento abrangente para ajudar o paciente a gerenciar os sintomas e melhorar a qualidade de vida.
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Créditos da imagem: CasarsaGuru em iStock
Revisado por:
Amanda Ferreira Maximiano
Psicóloga graduada pela UNESP, especialista em psicologia hospitalar pelo HCFMUSP e especialista em atenção básica e saúde da família pela UNINOVE. Atua como Psicóloga Supervisora no time de Gestão em Saúde Mental na Conexa. CRP 06/148389.