O ego é uma parte essencial da nossa personalidade e desempenha um papel fundamental na nossa forma de lidar com o mundo ao redor. Na psicanálise, de acordo com Freud, o ego age como um mediador entre nossos impulsos e a realidade. Assim, ajuda a equilibrar nossos impulsos com as regras sociais – e nossa ética, por exemplo.
Manter um ego saudável, portanto, afeta diretamente as nossas relações pessoais e, claro, a qualidade de vida.
Para entender mais sobre como ter um ego saudável, quais as características de um ego inflado e quando buscar ajuda profissional por conta do ego, é só continuar a leitura!
Entenda o Ego
Pelo dicionário, a palavra “ego” significa “eu”. Na psicanálise, seu lar de origem, o termo é um pouco mais completo – e complexo – que essa simples definição.
O ego é um conceito fundamental nas ciências que estudam a psique. Ele representa o modo como percebemos a nós mesmos e como nos apresentamos ao mundo. Por isso, desempenha um papel essencial na formação da personalidade.
Ele funciona como um medidor que regula os nossos impulsos e nossas leis internas que regem nossa moral, ética e valores culturais. Na prática, ele é responsável pela nossa tomada de decisões e nos ajuda a gerenciar nossas reações no dia a dia.
O ego regula as exigências dos nossos impulsos primários, decide se eles devem ser satisfeitos imediatamente, adiados para momentos mais apropriados ou reprimidos parcial ou totalmente. Ele age sobre o princípio da realidade e das vontades da mente. Assim, ajusta o indivíduo ao ambiente e resolve conflitos entre suas necessidades internas e o que o mundo externo permite.
Em outras palavras, ele equilibra nossas vontades psicobiológicas àquilo que é possível no meio externo e pesa também as imposições do meio social – que ditam o que é certo e errado. O resultado disso, a nossa personalidade, é o Ego.
A nossa personalidade, entretanto, de acordo com Freud, é formada não só pelo ego, mas também pelo Id e Superego. O ego, na verdade, é o resultado do equilíbrio dessas duas outras estruturas psíquicas. Para compreender ele em sua totalidade, se faz necessário, enfim, entender mais sobre o Id e o Superego.
Id
Sigmund Freud é considerado até hoje a personalidade mais influente do campo da psicologia. O neurologista foi criador da psicanálise e, por consequência, idealizador das três estruturas psíquicas abordadas neste artigo.
Mesmo que nesta altura do artigo você já saiba o que é o ego, de acordo com Freud, o Id é a primeira das nossas estruturas psíquicas. Enquanto o ego age como o ponto de equilíbrio, o Id é um dos pesos que puxa a balança para um dos lados.
O Id é a estrutura que representa nossos desejos mais imediatos e impulsivos. Ele é movido pelo que dá prazer. Justamente por isso, essa é a única estrutura presente desde o nosso nascimento. O Id é quem rege o nosso comportamento pelo menos nos dois primeiros anos de vida.
De acordo com Freud, o Id é considerado uma reserva inconsciente dos desejos e impulsos de origem genética voltados para a preservação e propagação da vida. Ele procura uma resposta imediata a esses estímulos de instintos primários sem considerar as circunstâncias da realidade.
Em outras palavras, o Id é a nossa parte animalesca. Ele age sem medir as consequências e governa apenas pelo princípio do prazer imediato relacionado ao próprio corpo. Totalmente alheio às imposições do exterior.
Superego
Enquanto o Id representa a parte mais impulsiva da psique humana, o Superego é o oposto. Ele age como uma força de censura, é o órgão da psique que define o que é certo ou errado. Elerepreende impulsos que o Id deseja satisfazer e que o mundo externo considera inaceitáveis.
O Superego funciona como um juiz interno. Por isso, impede e repreende o ser humano de atender aos seus desejos imediatos. Ele absorve padrões culturais e regras sociais e as usa como guia de nossas ações. Desenvolvido entre a infância e a adolescência, ele molda a nossa personalidade moral e social.
Basicamente, é ele que guia a nossa ética, moral e nossos valores.
É o Superego, por exemplo, que faria você devolver os R$40 a mais que o caixa do mercado te entregou por engano.
O Id, Superego e Ego na prática
Na prática, essas estruturas psíquicas regem a nossa vida a todo momento.
No entanto, mais do que em situações de grandes reações, a presença do Id, Superego e Ego é constante. Ou seja, na menor das decisões, eles estão sempre em ação. Para você compreender melhor, usaremos uma situação que já deve ter acontecido milhares de vezes.
Imagine o seguinte:
Uma mulher, mãe de uma criança de 3 anos, vai à praia com seu filho. Ela está com o filho na areia, numa tarde ensolarada de sábado. Está tomando água de coco e levou seu livro que há tempos está parado na cabeceira da cama. Finalmente ela tem um tempo pra ler, pegar uma marca de sol na pele que não sente uma vitamina D há meses e relaxar por algumas horas.
Isso se seu filho não tivesse inventado de fazer birra porque queria ter comido areia e ela, claro, não deixou.
Pelo Id, a mãe simplesmente deixaria a criança berrar e jogar os brinquedos para todos os lados.
O superego, por outro lado, quer que a mãe consiga fazer o filho parar de chorar. Isso porque, a criança pode atingir alguém com os brinquedos e incomodar as demais pessoas da praia.
O ego, por fim, é quem regula a balança e determina a ação da mãe. Ela pode deixar a criança de castigo, brigar e pontuar que não pode comer areia e tampouco jogar as coisas para o ar porque têm pessoas em volta. Ou, pode ainda, distrair a criança para que ela pare de chorar. Ou, fazer justamente o que o Id queria, por exemplo.
As respostas do ego podem ser infinitas. Porém, sempre surgem de acordo com predisposições do Id e do Superego.
Como o Ego se desenvolve
O Ego se desenvolve à medida em que as capacidades psíquicas se diferenciam em resposta ao contato com a realidade externa.
Por agir sobre o princípio da realidade, o Ego se desenvolve a partir das nossas experiências. De acordo com Freud, o Ego é um mecanismo que se adapta e aprende a lidar com o mundo exterior para beneficiar o indivíduo.
Equilibrar os desejos impulsivos do Id, a rigidez moral do Superego e as pressões do ambiente ao redor é uma função que aprendemos, com o passar do tempo, a realizar com mais maestria tendo em vista o melhor cenário possível.
O aprimoramento dessa capacidade é visto, geralmente, como a maturidade do ser humano sendo construída. Ela se desenvolve a partir da nossa interação com a realidade, e é influenciada por fatores genéticos, ambientais e culturais.
O que influencia no desenvolvimento do Ego
O ser humano nasce com o Id, a parte impulsiva e instintiva da psique que busca gratificação imediata. Por isso, na infância, especialmente até cerca dos dois anos de idade, nossas ações são controladas principalmente por desejos e impulsos.
Nesse período, Freud se refere à criança como “Sua Majestade, o Bebê”. Essa fase é constituída por um estágio de narcisismo primário, onde a criança se vê como o centro do universo, e demanda atenção e satisfação imediata.
Aqui, o comportamento do bebê é guiado exclusivamente pelo Id.
- Ele chora quando sente fome
- Reclama ou faz birra quando suas vontades não são atendidas
- Pega sem pestanejar um brinquedo de outra criança se assim ela desejar
A moderação desses impulsos ainda não acontece de forma natural e necessita, constantemente, do controle e imposição de limites dos pais.
É nesta fase que o Ego começa a se desenvolver. A partir da interação com o mundo externo, ela passa a perceber que nem todos os desejos podem ser satisfeitos imediatamente.
- A educação dos pais
- O ambiente escolar
- Amizades
- E responsabilidades
São as principais influências na formação do Ego na infância. E, é claro, à medida em que a criança cresce, do Superego também.
O “não”, nessa fase, pode ser uma das palavras que a criança mais escuta. Isso porque, ele é necessário na imposição de limites e desenvolvimento da criança como ser humano.
A maturidade do Ego é fundamental no crescimento e entendimento da criança como um ser a parte de seus pais. Assim, conforme ele é desenvolvido, a criança se vê como uma pessoa com vontades próprias, valores próprios e uma personalidade única.
Por isso, se a criança cresce sem uma orientação e limitação consistente, o ego pode se desenvolver de forma inadequada e gerar problemas futuros.
Ao não controlar os impulsos naturais e permitir que o Id prevaleça sempre, o narcisismo primário pode se estender na fase adulta.
Quando, por outro lado, seus desejos são sempre reprimidos e o Superego é construído de forma extremamente rigorosa e é constantemente ativado, a criança pode crescer com complexos de perfeccionismo e dificuldade em tomar decisões no futuro.
Independente do lado que penda na balança, qualquer desequilíbrio na formação do Ego pode ser problemático.
Como o Ego afeta as relações interpessoais
Por ser responsável pelo nosso “eu”, o Ego tem um peso enorme nas nossas relações interpessoais. Ele molda a forma como reagimos às situações da vida, como nos vemos e vemos o próximo e como interagimos com outras pessoas.
Quando ocorrem distúrbios no Ego, relações amorosas, familiares, amizades ou de trabalho podem ser mais instáveis e sensíveis. Seja uma pessoa que cede excessivamente aos desejos do Id, ou que se reprime em demasia com o Superego, o Ego é afetado e, automaticamente, todas as suas relações.
Um ego em desequilíbrio pode acarretar problemas como:
- Comportamento egoísta
- Autoritarismo
- Intolerância
- Perfeccionismo
- Sentimentos de culpa e vergonha
- Busca excessiva por validação
- Rigidez
- Ciúmes em excesso
Todas essas características, em qualquer relacionamento, pode trazer dificuldades em manter relações saudáveis e duradouras.
Diferença entre Ego e autoestima
Atualmente, termos com prefixo “auto” estão em alta. Fala-se em autoamor, autorresponsabilidade, autossuficiência, autoestima… e muitos outros “autos”.
Principalmente no que se refere a este último, é muito fácil confundi-los com o ego. Afinal, existe diferença entre autoestima e ego? Veja a seguir.
Ego
O Ego é uma estrutura psíquica que regula nossos impulsos e instintos biológicos e nossas crenças oriundas de regras e imposições sociais. Ele é o que origina a nossa personalidade e a forma como nos enxergamos e enxergamos o mundo. Nossa percepção sobre tudo advém do Ego. Não nos esqueçamos que Ego significa “Eu”.
Autoestima
A autoestima, por outro lado, é uma autoavaliação que o indivíduo faz. Ela surge como ferramenta para evidenciar qualidades das pessoas e torná-las mais confiantes de quem são. A autoestima também permite reconhecer seus defeitos numa tentativa de melhorá-los.
Ter autoestima significa reconhecer quem se é e estar contente com sua personalidade. É se valorizar como pessoa.
O que diferencia um ego saudável de um ego em desequilíbrio?
Como explicamos anteriormente, um Ego em desequilíbrio é responsável por relações em desequilíbrio. Isso porque, ele é o regulador de nossos instintos e das nossas censuras. Ou seja, independente do lado da balança para qual o Ego penda, ele trará problemas no convívio social e na percepção sobre si mesmo.
Um Ego saudável é caracterizado por aquele que tem um bom equilíbrio entre as vontades e impulsos do Id e as imposições do Superego. Ou seja, uma pessoa com um Ego saudável consegue ser flexível entre suas vontades e rigidezes.
Vemos um exemplo de pessoa com Ego saudável.
Isabela está no shopping e vê um livro de romance que ela queria muito. Mas, é dia 29 do mês e o seu cartão vira dia 8. Mesmo que ela tenha limite no crédito, seu salário já está todo comprometido. Então, ela não compra e decide esperar.
Após o dia 8, Isabela retorna ao Shopping e compra o livro.
Nessa situação, o Superego teve seu primeiro impacto e, posteriormente, o desejo do Id foi atendido. Mesmo que ela quisesse comprar no dia 29, Isabela não teria dinheiro para pagar a fatura do cartão posteriormente.
Nesse exemplo, vemos um Ego saudável, onde há uma regulação entre desejos e censuras.
Por outro lado, um Ego em desequilíbrio poderia ou fazer Isabela comprar imediatamente o livro, esquecendo das consequências; ou, ainda, não comprar o livro independente de poder adquiri-lo no dia 8, porque ela deve economizar seu dinheiro a qualquer custo para, algum dia, comprar um carro – mesmo que ela não queira tanto assim um carro.
Características de um Ego saudável
Aqui estão algumas das principais características de um Ego saudável:
- Flexibilidade
- Autoconfiança
- Empatia e respeito pelos outros
- Regulação emocional
- Resiliência
- Disciplina
Características de um ego em desequilíbrio
Agora, aqui vai uma lista de características que pessoas com o Ego em desequilíbrio podem manifestar:
- Autocrítica excessiva
- Autoestima inflada
- Impulsividade
- Dificuldade em estabelecer limites
- Comportamento narcisista
- Incapacidade de aceitar limitações
- Insegurança constante
Ego inflado
Quando se fala em Ego, uma das primeiras coisas que vem à mente é o Ego inflado. Mas, afinal, o que significa ter o Ego inflado?
O Ego inflado refere-se a uma visão exagerada e distorcida que uma pessoa tem de sua própria importância, habilidades ou valor. Nesse caso, o indivíduo tem uma autoimagem inflacionada e se enxerga como superior ou mais competente do que os outros.
Em vez de manter uma percepção realista de si, a pessoa com ego inflado frequentemente se destaca pela autoconfiança excessiva e pela necessidade de reconhecimento constante.
Pessoas com o Ego inflado geralmente têm relações pouco saudáveis e nada duradouras. Isso porque, seus cônjuges ou amigos podem ter dificuldades em lidar com suas atitudes.
Sinais de Ego inflado
Pessoas que têm o Ego inflado podem apresentar algumas características. Como:
- Dificuldade em lidar com críticas
- Autossuficiência exagerada
- Sensação de superioridade
- Traços narcisistas
- Competitividade excessiva
- Confiança superestimada
É possível controlar ou equilibrar o ego?
Um Ego equilibrado é fundamental para uma vida saudável. Isso não só na vida pessoal, como também na profissional. Se o Ego está em harmonia, melhoramos a forma como nos percebemos, como percebemos o mundo e como interagimos socialmente.
Um Ego em equilíbrio traz benefícios para diversas áreas da vida.
- Melhora a comunicação
- Ajuda na aceitação de críticas
- Autoestima
- Controle e regulação das emoções
- Gerenciamento de conflitos
- Diminui a ansiedade e o estresse
Como ter um Ego mais equilibrado?
O Ego é uma estrutura psíquica que se desenvolve na infância, mas passa por adaptações por toda a vida. Caso você queira encontrar formas de deixar seu Ego mais equilibrado, aqui vão algumas práticas que podem te ajudar:
Pratique a humildade
Reconhecer suas limitações e aceitar que ninguém é perfeito ajuda a evitar a arrogância. No fim, somos únicos em nossas diferenças e são exatamente elas que nos unem. No planeta, existem mais de 8 bilhões de pessoas. Para nós, somos sim importantes, mas não somos únicos no mundo.
Entender que cada um tem seu valor ajuda a reduzir um ego inflacionado e manter uma perspectiva saudável.
Faça autoavaliações e reflexões
Reservar um tempo para refletir sobre suas ações, motivações e comportamentos ajuda a manter uma autoimagem realista e a desenvolver o autoconhecimento. Manter um diário de autoavaliação pode oferecer insights valiosos e ajudar a ajustar comportamentos indesejados. É sempre bom recalcular a rota e reavaliar.
Aceite críticas
Pedir feedback a colegas, amigos e mentores pode oferecer perspectivas valiosas e ajudar a identificar áreas para melhoria. Claro que nem sempre conseguimos reagir positivamente a críticas. Mas, procure vê-las como oportunidades de melhoria e não ataques pessoais.
Evite levar tudo para o lado pessoal
Como dissemos, no planeta existem mais de 8 bilhões de pessoas. Será mesmo que você recebe tantos ataques e ofensas assim? Muitas vezes as pessoas tampouco prestam atenção em nós. Cada um está ocupado com a sua vida. Aceitar a nossa indiferença é libertador.
Trabalhe a sua autoconfiança
Para um Ego equilibrado também é preciso trabalhar a autoconfiança. Ser confiante com humildade e reconhecendo suas capacidades e limitações é indispensável não só no mercado de trabalho, mas na vida como um todo. Esteja aberto a reconhecer seus defeitos, mas nunca se esqueça de suas qualidades. Uma boa autoestima é fundamental para um Ego saudável.
Quando buscar ajuda profissional por conta do ego?
Manter o Ego saudável é crucial para o bem-estar emocional e psicológico de uma pessoa. Para isso, muitas vezes pode ser necessário a ajuda de um psicólogo.
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- Tem dificuldade em aceitar críticas
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- É excessivamente competitivo ou egocêntrico
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Créditos da imagem: TarikVision em iStock
Revisado por:
Amanda Ferreira Maximiano
Psicóloga graduada pela UNESP, especialista em psicologia hospitalar pelo HCFMUSP e especialista em atenção básica e saúde da família pela UNINOVE. Atua como Psicóloga Supervisora no time de Gestão em Saúde Mental na Conexa. CRP 06/148389.