Você já ouviu falar de despersonalização? Trata-se de um tipo de transtorno dissociativo no qual o indivíduo sente um distanciamento do próprio corpo e pensamentos, experimentando uma sensação persistente de separação da própria identidade.
Normalmente, esse distúrbio está relacionado a um estresse grave, depressão, ansiedade, cansaço extremo, abusos físicos e emocionais ou a vivência de episódios traumáticos.
Entender o que é a despersonalização é importantíssimo para que você, ou alguém que conheça, possa reconhecer os sinais desse transtorno de saúde mental e buscar ajuda adequada.
Esse conhecimento possibilita a identificação precoce dessa condição, facilitando a adoção do tratamento adequado, que pode melhorar a qualidade de vida e o bem-estar geral do indivíduo.
Confira no nosso artigo tudo sobre o transtorno de despersonalização, sintomas e os tratamentos disponíveis. Vem com a gente!
O que é despersonalização?
A despersonalização, chamada também de síndrome de despersonalização, é um transtorno mental onde a pessoa se sente desconectada de seu corpo e de seus pensamentos.
Para você entender como ela se manifesta: é como se o indivíduo estivesse observando sua vida do lado de fora, sem conseguir mudar ou mesmo influenciar os acontecimentos.
Inclusive, há muitas pessoas com transtorno de despersonalização que relatam que vivem como se estivessem em uma vida irreal ou artificial.
Quais são as causas de despersonalização?
O transtorno de despersonalização pode ser causado pelos mais diferentes fatores, que incluem estresse intenso, que pode ser causado por situações, como pressão no trabalho, problemas financeiros, dificuldades nos relacionamentos ou exaustão extrema.
Além disso, a despersonalização também pode ser causada pelo consumo de substâncias como maconha e alucinógenos, além de ausência de sono, depressão e ansiedade.
Existem fatores de risco no desenvolvimento da despersonalização?
O surgimento da despersonalização também pode ser desencadeada por fatores de risco, que incluem:
- Abusos emocionais e físicos na infância;
- Violência doméstica ou abusos físicos na vida adulta;
- Vivenciar eventos traumáticos ou de violência severa;
- Luto.
Quais são os sintomas da despersonalização?
Entre os sintomas de despersonalização estão os seguintes:
- Sensação de desconexão com o próprio corpo;
- Ideia de ser um observador extremos;
- Perceber o corpo como algo estranho (como se não pertencesse a si mesmo);
- Não se reconhece ao olhar no espelho;
- Sentir que não tem controle sobre suas ações ou palavras;
- Experimentar um entorpecimento físico e emocional.
Como diferenciar a despersonalização de outros transtornos?
Diferenciar a despersonalização de outros transtornos é importante para obter um diagnóstico preciso e um tratamento adequado.
Como já explicamos, a despersonalização manifesta-se a partir de uma sensação de desconexão do próprio corpo e mente, onde a pessoa se sente como um observador externo da própria vida.
Essa condição é diferente, por exemplo, de transtornos como a esquizofrenia, onde alucinações e delírios são preponderantes, ou do transtorno de pânico, uma condição onde ocorrem crises súbitas de medo intenso, além de sensações físicas.
Somado a isso, a despersonalização pode vir acompanhada de sintomas de desrealização, onde o indivíduo enxerga o ambiente ao redor como algo irreal.
Por outro lado, transtornos de ansiedade generalizada também não devem ser confundidos com a despersonalização. Nesses casos, os sintomas envolvem a preocupação com situações diversas do cotidiano, porém, sem a ideia de dissociação de si.
Já a depressão traz sentimentos de tristeza e perda de interesse em atividades, porém, não há a ideia de desconexão com o corpo, como acontece na despersonalização.
Qual a diferença entre despersonalização e desrealização?
É importante esclarecer que a despersonalização e a desrealização são distúrbios mentais com características diferentes, afetando o indivíduo de maneira distinta.
A despersonalização envolve uma mudança na forma como a pessoa percebe seu próprio corpo e identidade.
Por outro lado, a desrealização é um transtorno que afeta a percepção do ambiente ao redor, que pode ter um aspecto nebuloso, distorcido ou parecido com um sonho.
Vale destacar que, em ambas as condições, o paciente tem conhecimento de que essas experiências, na verdade, são sensações distorcidas e que não representam a realidade.
Além disso, por ser um distúrbio mental, os sintomas de despersonalização e desrealização também podem variar de pessoa para pessoa, podendo se manifestar de maneiras diferentes.
Como é feito o diagnóstico da despersonalização?
O diagnóstico da despersonalização deve ser feito por um profissional especializado, que no caso é um psiquiatra, que analisa os sintomas relatados, a frequência com que eles ocorrem e como eles impactam as atividades do cotidiano.
Essas análises ajudam o profissional a determinar se, de fato, os sintomas estão associados ao transtorno de despersonalização ou apenas de ansiedade.
Para confirmar o diagnóstico de despersonalização e até mesmo para descartar causas estruturais, especialmente se os sintomas tiverem uma progressão anormal ou sinais atípicos, como após os 40 anos, é possível que o médico solicite outros exames, como
ressonância magnética e eletroencefalograma.
Dependendo do caso, testes toxicológicos de urina, entrevistas e questionários estruturados específicos também podem ser solicitados.
Ao buscar atendimento médico, na Conexa Saúde, você encontra uma equipe de psicólogos, psiquiatras e outros médicos que podem auxiliar no diagnóstico dessa condição por meio de consultas online.
Mesmo em um atendimento online, o médico pode solicitar exames físicos para confirmar o diagnóstico. Após a realização dos exames, o paciente pode retornar para analisar os resultados e para um acompanhamento contínuo com o especialista.
Tratamento da despersonalização
O tratamento da despersonalização pode envolver diferentes tipos de abordagens, como sessões de psicoterapia, onde o médico psiquiatra ou psicólogo pode trabalhar diversas abordagens.
O profissional pode indicar, por exemplo, a terapia cognitivo-comportamental, que envolve a identificação e reestruturação de padrões de pensamento disfuncionais, ou técnicas cognitivas, que contribuem para o bloqueio dos pensamentos obsessivos sobre a sensação de irrealidade.
Outra abordagem muito usada para tratar a despersonalização são as técnicas comportamentais, que estimulam o interesse do paciente em atividades que distraem dessas ideias e sensações.
Além disso, o profissional pode usar técnicas de grounding, que utilizam os cinco sentidos para ajudar os pacientes a se reconectarem com o mundo real, ou a terapia psicodinâmica, que auxilia na gestão de sentimentos negativos e conflitos internos que causam dissociação.
Dependendo do caso, o médico também pode indicar o uso de medicamentos psiquiátricos, como ansiolíticos.
Lembrando que a automedicação nunca é a melhor alternativa para os pacientes, sendo que o mais recomendado é procurar um atendimento especializado.
É importante ressaltar ainda que há casos em que as pessoas com o transtorno de despersonalização podem melhorar sem intervenção médica, principalmente, quando os sintomas surgiram de estresse transitórios, ou seja, passageiros.
Como lidar com a despersonalização?
Pessoas com despersonalização podem adotar estratégias para lidar com esse distúrbio de saúde mental, que ajudam a controlar os sintomas e manter a qualidade de vida do indivíduo.
Além do tratamento indicado pelo médico, o paciente também pode incluir em sua rotina exercícios de respiração e meditação, que ajudam a diminuir a ansiedade e trazem consciência corporal.
A prática de atividade física regular também ajuda a melhorar o humor, reduzindo sintomas de ansiedade e depressão.
Em caso de despersonalização, é importante evitar álcool, drogas e cafeína, pois essas substâncias ajudam a intensificar os sintomas. O suporte de amigos, familiares e grupos de apoio também são essenciais para lidar com esse transtorno.
Essas abordagens são importantes para diminuir a frequência e intensidade dos episódios de despersonalização, garantindo, assim, qualidade de vida e bem-estar aos indivíduos.
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Saiba que, mesmo em um atendimento online, o médico pode solicitar exames físicos para confirmar o diagnóstico. Após a realização dos exames, o paciente pode retornar para analisar os resultados e para um acompanhamento contínuo com o especialista.
Créditos da imagem: Julia Zhurina em iStock
Revisado por:
Maria Clara de Oliveira Scacabarrozzi
Psicóloga, pós-graduada em Psicologia Social pela Uniara e em Projetos Sociais e Políticas Públicas pelo SENAC-SP. Atua como Psicóloga Supervisora no time de Gestão em Saúde Mental na Conexa. CRP 06/158344.