A adolescência é uma fase marcada por diversas mudanças, sejam elas físicas, comportamentais ou sociais. É um período de autoafirmação e autoconhecimento, importantes para a formação de um adulto maduro.
Ser responsável por um adolescente pode ser enriquecedor e divertido, mas bastante desafiador. Você vai precisar ouvir e falar, compreender assuntos que talvez não façam parte da sua vida ou não sejam da sua época, dialogar sem afastar, compreender os limites da individualidade, ser amigo, mas também ser o adulto responsável.
E neste momento vocês devem estar se perguntando: “Mas e quando o tema é o sexo, o que devo fazer?”, “devo chamar meu filho de 15 anos, sentar no sofá e explicar o que é?”, “existe uma idade certa para o início da vida sexual”?
Sim, são muitas dúvidas que rondam o assunto e não só isso, também tabus que estão impregnados em nossa sociedade. Mas vamos, juntos, desmistificar essa fase da vida que tantas mães, pais e responsáveis temem!
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Senta aqui que temos um assunto sério para conversar
Vamos imaginar que você tem 14 anos e está ouvindo música no seu quarto quando sua mãe chega pedindo para você ir até a sala pois precisam conversar sobre um assunto sério. Chegando na sala, você senta no sofá e sua mãe começa a falar sobre sexo.
Você se sentiria confortável para conversar sobre sexo com a sua mãe em uma situação como essa? Acredito que a resposta seja não. Provavelmente este é o desconforto que os adolescentes sentem quando o tema é abordado desta forma.
É uma conversa necessária, mas deve ser realizada de forma leve, descontraída e com orientação. Aqui encontramos a primeira dica: falar sobre sexo não precisa ser uma reunião formal, esteja aberto a momentos oportunos para puxar o assunto, em um ambiente que seu filho(a) se sinta confortável e seguro.
Na adolescência é natural que os indivíduos iniciem um processo de aquisição de independência dos pais e estabeleçam relações mais próximas e intimas com seus pares, ou seja, amigos da mesma idade. Essas relações interpessoais podem trazer benefícios, como a maturidade, mas podem ter malefícios, como comportamentos disfuncionais, de risco.
Por isso quando seu filho(a) o procura para conversar sobre sexo, isso significa que ele está confiando em você e quer que participe desse processo, quer que o acolha, que crie um ambiente confortável, seguro, que não o julgue, não imponha seu ponto de vista, que oriente sobre os caminhos e possibilidades.
Segundo estudo realizado por Dias, Matos e Gonçalves (2007), os jovens acreditam que quando a comunicação é positiva, os pais ajudam na resolução de problemas e são uma fonte de suporte e apoio. Salientam que o diálogo com os pais é muito importante pois os seus conselhos são mais “maduros e experientes”.
Lembra que no inicio conversamos sobre aproveitar os momentos oportunos? Então, tire o foco do seu filho(a) quando for falar no assunto. Uma dica interessante é utilizar terceiros como exemplo, podem ser amigos ou primos próximos. Que tal através de uma série ou filme? Aproveite aquela cena que trata sobre sexualidade e já inicia uma conversa, não saia ou troque de canal, isso pode fazer com que ele pense que deve evitar a temática.
Ouçam os adolescentes, deixem as portas abertas para que eles compreendam que podem procurar por vocês quando precisarem de apoio.
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Tem idade certa para transar?
Será que realmente existe certo ou errado quando falamos sobre idade para se transar? O que uma pessoa precisa para transar? Este deveria realmente ser o nosso debate ou deveríamos ter outras preocupações? E podem ter certeza de que aqui vou trazer mais reflexões do que respostas.
Como adultos, compreendemos a responsabilidade que existe por trás do ato sexual, ele vem carregado de outras demandas como sentimentos, emoções, insegurança, autoestima, gravidez indesejada e, é claro, ISTs.
Mas por que ficamos mais preocupados em julgar um adolescente de 15 anos que iniciou a vida sexual ao invés de colocar a pauta sexualidade cada vez mais em evidência? Debater sexualidade em casa, na escola, munir nossos adolescentes de informação, e quando falo em informação não é listar e mostrar imagens de ISTs, é ajuda-los a realizar reflexões sobre pensamentos, sentimentos e emoções.
Agora para um pouquinho e vamos refletir: se seu filho adolescente entra no seu quarto e fala: “mãe, eu transei”, qual seria sua reação? O que você iria falar para ele? Bom, eu não sei o que você responderia, acredito que aqui teríamos inúmeras respostas diferentes, mas não o julgue, afinal, ele já transou, não é mesmo? Isso não dá para mudar! Pergunte se foi bom, se usou preservativo, como foi a experiência, se sentiu prazer, se sentiu dor e como está se sentindo. Deixe as portas abertas, lembra?
Naturalize o fato do seu filho sentir prazer, isso é bom. Fazer sexo está diretamente ligado à saúde, é gostoso, envolve sentimentos, sensações, hormônios, emoções, é saudável. Converse com seu filho(a) sobre consentimento, os adolescentes precisam compreender que o sexo, quando com outra pessoa, deve ser da vontade de todos os envolvidos. É necessário haver respeito, não pensar apenas no prazer próprio, mas lembrar de que o outro também deve sentir prazer.
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Dicas de conteúdo
Quando o conteúdo é bom, devemos compartilhar! Pensando no tema sexualidade, separei alguns filmes, séries e podcasts que tratam da temática e podem auxiliar vocês nessa caminhada que é ter um adolescente em casa!
- Sex Education – Série encontrada na Netflix
- As vantagens de ser invisível – Filme encontrado na Netflix
- O Mundo Sombrio de Sabrina - Série encontrada na Netflix
- Sexoterapia – Podcast que você pode ouvir através do Spotify ou neste link: https://www.uol.com.br/universa/podcast/sexoterapia/
A próxima dica é para quem tem Instagram. Sigam a Lena Vilela (@lena_vilela), ela é Educadora em Sexualidade e tem muito conteúdo bacana sobre como falar sobre sexo com adolescentes. Além disso, realiza o Método Papo Firme, que ajuda mães, pais e responsáveis a conversarem com os filhos, sejam crianças ou adolescentes, sobre a sexualidade!
O podcast Sexoterapia está na sua 6º temporada e está tratando sobre diferentes fases da vida, então tem episódios sobre sexualidade na infância e adolescência, vale a pena ouvir!
E gostaria de finalizar este texto com uma reflexão que a Ana Canosa, psicóloga e sexóloga que apresenta o Sexoterapia, faz ao final de um dos episódios: “Quando o adolescente passa a concretizar o seu amor e a fazer sexo com alguém, os pais perdem uma criança, viva esse luto e liberte o seu filho”.
Até breve!
Referência
- DIAS, Sónia; MATOS, Margarida Gaspar de; GONCALVES, Aldina. Percepção dos adolescentes acerca da influência dos pais e pares nos seus comportamentos sexuais. Aná. Psicológica, Lisboa , v. 25, n. 4, p. 625-634, out. 2007 . Disponível em <http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-82312007000400008&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 06 mar. 2021.
- #43: Os adolescentes e o sexo. [Locução de:] Ana Canosa, Marina Bessa e Cris Guterres. Universa, 2021. Podcast. Disponível em: https://open.spotify.com/episode/54mKBibWGg9JU72c35BzCg Acesso em: 05 março 2021