Comunicação em tempos de crise

Conteúdo criado pelo LIV, programa de educação socioemocional para as escolas.

O LIV fala sobre como a comunicação pode ser um recurso para o individual e o coletivo em momentos de crise.

Ao vivenciar tempos de crise, momentos sentidamente caóticos, podemos reagir de infinitas maneiras. Em geral, a forma como lidamos, ou deixamos de lidar com essas situações, costuma ter uma relação íntima com o nosso jeito e os nossos pensamentos e sentimentos. A singularidade de cada um é um aspecto importante quando falamos sobre momentos de crise e, por isso, podemos dizer que não há regras nem receitas sobre o que fazer ou como reagir a eles.

Mas, ainda assim, existe algo que é compartilhado em meio à crise: nossas emoções ficam à flor da pele. Como diz Zeca Baleiro: “ando tão à flor da pele que qualquer beijo de novela me faz chorar”. Muitos choram, mas há quem grite, quem silencie, quem dance ou cante, etc. 

Manter uma comunicação clara e eficaz durante esses momentos pode ser essencial para lidar com eles de forma coletiva. Vamos entender como a inteligência emocional pode nos ajudar a desenvolver uma comunicação melhor e uma escuta ativa em tempos de crise?

[tie_index]Como se perceber em um momento de crise?[/tie_index]

Como se perceber em um momento de crise?

Em tempos de crise é natural que nossas emoções se agigantem e, até mesmo, nos engulam. As mudanças na rotina, as incertezas do futuro, o medo e o risco constantes se transformam em insônia, culpa, irritabilidade e cobranças. 

Em meio a esse redemoinho, a inteligência emocional pode ser um recurso valioso, uma vez que possibilita maior conhecimento e compreensão dos nossos sentimentos. Se quisermos evitar ser engolidos por nossas emoções, uma das vias é o autoconhecimento, a autorregulação e o gerenciamento das nossas atitudes, a conexão empática com os outros e a aposta em nossos relacionamentos. 

E cada um desses pontos nos ajudam a desenvolver uma habilidade socioemocional fundamental para nossa vida em sociedade e mesmo para nossa vida em família: a comunicação - comunicar para poder conectar. 

Essa conexão não se dá sem intercorrências, afinal, entre uma mensagem transmitida e a pessoa que a recebe, pode haver um abismo. Adicione a essa equação as emoções à flor da pele e teremos um caldo para desentendimentos. Quando nos comunicamos, queremos nos sentir compreendidos, assim, se há em nossa comunicação essa intenção, precisamos refletir sobre como esta se dá e pensar: o que será que é mais importante no ato de comunicar?

[tie_index]3 Pontos importantes para se comunicar em tempos de crise[/tie_index]

3 Pontos importantes para se comunicar em tempos de crise

1) A comunicação não é feita apenas de palavras

Em geral, temos uma grande preocupação acerca de quais palavras utilizar e permanecemos no exercício de escolher, dentre todo o nosso universo da linguagem, aquelas que vão transmitir a mensagem que queremos. Esse cuidado ao se expressar em palavras é muito importante!

Mas nem só de palavras vive nossa comunicação. Grande parte dela é composta pela linguagem corporal e também pelo tom de voz. Temos, dessa forma, múltiplas ou, até mesmo, infinitas formas de nos comunicar, seja de maneira verbal ou não-verbal. É bom ficarmos atentos a elas e ao significado que elas transmitem em nossas relações. 

2) Exercitar uma escuta ativa

A audição, muitas vezes, é necessária para nossa comunicação e tem como característica ser um sentido passivo. Isto é, ouvimos mesmo sem termos a intenção de parar e escutar. Não é de se estranhar que as crianças quando não querem ouvir o que falamos, tapem os ouvidos e gritem “lá, lá, lá” bem alto, na tentativa intencional de não ouvir.

O convite aqui é de fazermos o caminho inverso e aguçar nossos ouvidos para ouvir intencionalmente, de forma ativa, abandonando a passividade. Mais do que prestar atenção, trata-se de demonstrar interesse no que a outra pessoa está comunicando, interessar-se genuinamente pelo outro e pelo seu mundo particular. Essa escuta atenta é transmitida, em sua maioria, de forma não-verbal, tanto pelo olhar quanto pela postura, como já mencionamos anteriormente. 

3) Compreender e diferenciar os tipos de conflitos

Seja como for, ainda que estejamos mantendo nossa atenção, exercitando a escuta ativa e botando em prática nossa inteligência emocional, quando se trata da comunicação, existe um fator que não podemos esquecer e que não conseguimos escapar: os conflitos.

Apesar de possuirmos uma noção de que eles seriam algo negativo e que devemos evitar, é preciso diferenciar os tipos de conflito. Há aqueles que promovem reflexões e trazem outras formas de enxergar e viver o mundo, mas há também alguns que funcionam no sentido de interromper qualquer tipo de comunicação. 

No primeiro caso, é como o encontro de planetas diferentes que, ao esbarrar, soltam faíscas e, com o tempo, promovem as adaptações necessárias para conviver - o encontro de dois mundos, em toda sua complexidade, habitando o mesmo espaço. Já no segundo caso, a imagem que temos é a da construção de barreiras, ou até de fortalezas, que não só proíbem qualquer entrada, mas também impedem as saídas.

Tratando-se de conflitos, o que vemos são diversas pessoas que não se deixam mostrar suas vulnerabilidades, que é o tempero necessário para as conexões. 

[tie_index]Comunicação: da criança ao adulto[/tie_index]

Comunicação: da criança ao adulto

Enquanto adultos, já possuímos uma bagagem de experiências e recursos para lidar com diversas situações. Esse repertório de vivências permite uma adaptação e uma reação mais adequada ao momento de crise e é justamente isto que as crianças e os adolescentes ainda não possuem.

Seus repertórios são, por vezes, ainda muito limitados, tendo o choro e a explosão de sentimentos papéis importantes ao longo de seus anos de vida. Estes são alguns dos recursos já conhecidos e utilizados até então, presentes desde seu nascimento - mesmo os recém-nascidos já respondem e recusam o que não é de seu agrado.

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É responsabilidade do adulto acessar as crianças em suas linguagens, rompendo as possíveis barreiras criadas, mostrando e oferecendo formas diversas de lidar com as adversidades que a vida lhes impõe.

Nessa dinâmica, podemos nos valer da Inteligência Emocional, estando atentos ao que está por trás do comportamento, fazendo-nos presentes, reconhecendo as colaborações das crianças e adolescentes e elogiando suas ações. É importante, também, encontrar espaços para ensinar sobre os sentimentos, sobre olhar para si e fazer a dobradinha da firmeza com a gentileza.

[tie_index]O que pode nos ajudar na conexão?[/tie_index]

O que pode nos ajudar na conexão?

Todos nós em momentos de crise e de fortes emoções, acabamos, por vezes, construindo muros na tentativa de nos proteger de tudo que está acontecendo. Dessa forma, podemos inibir qualquer possibilidade de comunicação e nos fecharmos em nosso mundo interior. Se queremos romper essas barreiras e acessar o outro, podemos nos valer de sua linguagem. 

Isso significa que se há diferentes formas de comunicação que variam e dependem da personalidade de cada pessoa, podemos aproveitar para experimentar o que faz mais sentido naquela relação. Falar, cantar, escrever, dançar, fazer um vídeo, um desenho, uma carta… O que pode nos ajudar na conexão com o outro?

A comunicação é uma habilidade socioemocional muito importante em nossas vidas, mas você sabia que existem muitas outras? Clique aqui e acesse o post que fala sobre essa e outras habilidades.

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