Como lidar quando alguém tem uma doença sem cura

Todos nós estamos propensos a ter algum tipo de doença e algumas delas podem ser graves, chegando a possibilidade de perda de vida, como alguns tipos de câncer ou doenças sem proposta curativa, como no caso das doenças neuropáticas.

Porém, é errôneo dizer que não há mais nada o que fazer, pois, enquanto há vida, há necessidade de cuidado, necessidade de conforto e de viver da melhor forma possível. O nome desse tipo de cuidado é: cuidado paliativo.

O que são os cuidados paliativos?

Sua filosofia é afirmar a morte como um processo natural da vida, onde não precisa ser nem atrasado e nem adiantado. Os cuidados paliativos buscam aliviar as dores e outros sintomas que podem ser angustiantes, auxiliando o paciente a viver o mais ativo possível até sua morte.

Como lidar com os cuidados paliativos de um ente querido?

Quando temos algum familiar ou amigo com alguma doença sem possibilidade de cura, diversos sentimentos nos preenchem: temos medo e insegurança de como será nossa vida sem aquela pessoa; pensamos sobre o que podemos fazer para o paciente sofrer menos; seguramos nossas lágrimas e sentimentos perto do paciente, pois acreditamos que ele não deva achar que somos fracos; pensamos sobre qual o melhor lugar para o paciente estar, em casa ou no hospital?

Mas, o que será que devemos fazer nessa situação? Estudos mostram que os pacientes querem sentir o amor, estar próximo de pessoas queridas, poder bater um bom papo e às vezes até estar em casa.

Pensamos muitas vezes que o melhor lugar seja o hospital, ou até a UTI, devido a todos os profissionais envolvidos e pelo fato de acharmos que estar no hospital é sinônimo de cura, mas esquecemos que quanto mais tempo no hospital mais longe da família o paciente estará, devido horário de visita e regras do hospital, e aí fica confusa a ideia de que estar próximo de pessoas queridas seja importante.

Por que então não perguntar ao paciente o que ele prefere?

Ele pode sim escolher como quer passar os seus dias.

É aí que vem mais uma indagação: falar ou não falar ao paciente o que ele tem? Primeiramente vem a questão, de quem é a doença? Quem está sentindo? Pois bem, isso pertence ao paciente, e portanto, ele tem o direito de saber o que está lhe acontecendo, e se essa for sua vontade, ele pode sim escolher se quer ou não saber.

Isso não significa que ao comunicar deixaremos ele sem esperança, ao contrário, damos oportunidade para ele ressignificar várias de suas questões próprias, que somente ele poderá lidar.

É, não significa também que ele deixará de ser otimista e nem mesmo seus familiares, afinal é alguém que ainda tem vida e seria um pouco esquisito velar alguém vivo. Vale lembrar que a comunicação não verbal é extremamente forte e os pacientes as sentem, então não é porque não foi dito que eles não estão sabendo.

Os familiares de pacientes com doença sem proposta de cura

E os amigos e familiares? Estar com alguém que tem uma doença grave é extremamente doloroso. Sentir tristeza, dores emocionais e às vezes até físicas são normais, pois pode existir aí algo que chamamos de luto antecipatório, que é sentir a perda antes dela de fato acontecer.

Sendo assim, cuidar dos cuidadores, dar espaço para eles poderem expressar seus sentimentos e poderem dividir toda a dor que sentem é extremamente importante, pois os familiares podem também adoecer.

Por isso é importante sempre ter mais de uma pessoa com quem dividir os cuidados e responsabilidade, pois o apoio família e social tem papel importantíssimo nesse processo.

Em que o psicólogo pode ajudar?

O estar doente, precisar de acompanhamento médico, muitas vezes com diversas internações, pode deixar-nos emocionalmente abalados. Diante dessa situação de terminalidade, o psicólogo trabalha diretamente com a qualidade de vida, com as questões do sofrimento, minimizando ansiedade e depressão, medos e fantasias do paciente, auxiliando-o na adesão aos diferentes tipos de tratamento e sobre como lidar com sua nova rotina, uma vez que muitas doenças são limitantes.

Além disso, o suporte psicológico à família é muito importante, pois são os familiares que estão diretamente com o paciente, vivendo a possibilidade de perda a qualquer momento.

Sendo assim, muitas vezes a presença do profissional da psicologia é fundamental para o paciente evoluir e aceitar da melhor forma possível sua nova condição de vida.

Para concluir, vale mencionar a frase de Cicely Saunders: “Ao cuidar de você no momento final da vida, quero que você sinta que me importo pelo fato de você ser você, que me importo até o último momento de sua vida e, faremos tudo que estiver ao nosso alcance, não somente para ajudá-lo a morrer em paz, mas também para você viver até o dia de sua morte”.

Você tem algum ente nessa situação e precisa conversar? Fale com a gente pelos comentários!

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