A cirrose é uma doença crônica e de caráter irreversível, que afeta milhares de pessoas no Brasil e no mundo, sendo a maior parte formada por homens, a partir dos 45 anos. Tal irreversibilidade da doença ocorre em estágios avançados, em que o tecido hepático fica bastante comprometido.
No entanto, dependendo do nível de lesão hepática do indivíduo, realizar intervenções de modo precoce, pode ajudar a retardar a progressão da lesão (fibrose).
Em casos em que é diagnosticado o comprometimento do tecido do fígado, essa condição pode desencadear a destruição de algumas de suas células ou torná-las limitadas em suas funções dentro do organismo.
A destruição das células hepáticas (hepatócitos) acontece por causa da necrose hepatocelular e apoptose, geralmente provocadas por fatores etiológicos, como infecções virais crônicas (hepatite B e C), abuso de álcool ou doenças metabólicas.
Isso prejudica o bom funcionamento do órgão e ocasiona a formação de cicatrizes, fibroses e nódulos em seu tecido.
Além disso, a cirrose é uma doença oligossintomática, ou seja, pode não apresentar nenhum sintoma relacionado à lesão ou apenas demonstrar sintomas leves e descontínuos em sua fase inicial, tendo manifestações clínicas em estágios mais avançados da doença.
Alguns sintomas podem surgir na fase compensada da cirrose, isto é, quando os sinais não são perceptíveis, como cansaço anormal e perda de peso ou cabelo; já outras, como a icterícia e ascite, aparecem na fase descompensada, quando o corpo apresenta sintomas evidentes da doença.
Contudo, a cirrose ocorre por ser a soma de processos inflamatórios, causados por modificações progressivas no tecido normal para o tecido cicatricial (fibrose) que não é funcional. Por conta desses processos e alterações, o fígado é impedido de funcionar em sua totalidade, comprometendo outros processos do organismo.
Além de afetar a ação do fígado, a cirrose pode facilitar outros desequilíbrios dentro do metabolismo e organismo como, por exemplo, o funcionamento do sistema imunológico, que fica mais suscetível a entrada de vírus e bactérias, no processo de coagulação de sangue e, também, na distribuição de água entre o sangue e os tecidos.
Tipos de Cirrose
A cirrose pode se manifestar a partir de alguns quadros específicos, dependendo da raiz de sua causa. A seguir, conheça alguns tipos da doença:
Cirrose alcoólica
A cirrose alcoólica é originada pelo alto consumo de bebidas alcoólicas, sendo compreendida como um estágio avançado da doença hepática alcoólica. Esse tipo de cirrose apresenta uma fibrose difusa e nódulos regenerativos.
Cirrose hepática
A cirrose hepática é a mais recorrente, tendo sua ocorrência gerada por lesões das células do fígado, sendo substituídas pelo tecido cicatricial. A cirrose hepática pode ser considerada o estágio final da fibrose do fígado e seu quadro é considerado irreversível.
Cirrose pós-necrótica
A cirrose pós-necrótica é referente a morte de parte das células do fígado que, na maioria dos casos, resultam da utilização em excesso de drogas ou pela exposição de bactérias. Suas principais causas são infecções, como as Hepatites B e C.
Cirrose biliar
A cirrose biliar geralmente é subdividida entre primária e secundária, tendo sua origem em uma anormalidade do sistema imunológico, o que causa inflamações e a eliminação de alguns ductos biliares (estruturas pertencentes ao longo da bile).
A cirrose biliar primária advém de um processo inflamatório em que há um acúmulo de bile no fígado e sua evolução difere da hepática, podendo ter uma ligação com doenças autoimunes. Já a cirrose secundária é oriunda de algum tipo de lesão como, por exemplo, uma cirurgia na vesícula biliar em que os ductos biliares sofrem danos de forma acidental.
O que leva uma pessoa a ter cirrose?
É importante destacar que qualquer pessoa pode desenvolver o quadro de cirrose. Porém, ela é uma doença que afeta mais homens do que mulheres e, esse fato, pode ter correlação com o hábito de consumir bebidas alcoólicas em altas quantidades por dia.
Em um artigo divulgado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), estima que homens com o costume de ingerir de 30 a 40 gramas de álcool diariamente, dentro de um período de 5 anos, podem desenvolver o quadro de cirrose hepática.
Abaixo, veja alguns dos fatores que podem causar a cirrose:
Consumo excessivo de álcool
O consumo exagerado do álcool pode comprometer o funcionamento do fígado, que ao ser submetido a grandes quantidades de álcool por tempo prolongado, os tecidos vitais do órgão ficam danificados e afetam todo o seu desempenho.
Hepatite medicamentosa
Além do uso excessivo do álcool, a utilização abundante de alguns medicamentos pode contribuir para o surgimento da doença, principalmente se consumidos por um período longo, sem acompanhamento médico.
Isso porque provocam uma inflamação no fígado que, por consequência do excesso dessas substâncias, não consegue metabolizá-las por completo, causando a lesão hepática que tende a evoluir para o quadro de cirrose.
Gordura no fígado
A gordura no fígado também aumenta a probabilidade de desenvolver cirrose, porque eleva a quantidade de lipídios nas células do fígado. Neste caso, é preciso se atentar a alguns fatores de risco, como: obesidade; diabetes tipo 2; hipertensão arterial; colesterol alto; resistência à insulina e excesso de gordura no sangue (dislipidemia).
Por isso, é imprescindível manter os exames em ordem e sempre atualizados, anualmente. A Conexa pode ajudar com consultas online, facilitando a solicitação de todos os exames necessários e, ainda, dando todo suporte à sua saúde.
Hepatite C
A hepatite C é uma inflamação que atinge o fígado, não possui sintomas, é detectada somente por exames de sangue e sua progressão acontece de forma lenta, sendo uma doença silenciosa que pode evoluir para um quadro de cirrose, depois de algum tempo.
Sua transmissão ocorre apenas quando a pessoa tem algum contato com o vírus da doença. Ela pode ser feita por meio de sangue contaminado (transfusão de sangue) e fluídos corporais infectados; compartilhamento de agulhas (via substâncias ilícitas); ou agulhas não esterilizadas usadas para piercings e tatuagens.
Hepatite B
A hepatite B também é uma doença que aflige o fígado, inflamando-o, podendo evoluir para um quadro de cirrose. Mas diferente do tipo C, ela pode apresentar alguns sintomas dependendo do grau da lesão hepática, como: mal-estar geral, cansaço e perda do apetite. Se não for tratada de forma correta, pode se agravar, transformando-se em cirrose.
E, para evitar o surgimento da doença, é extremamente importante ter a vacinação contra o vírus da Hepatite B em dia, porque ela ajuda na prevenção e impede a entrada do vírus, causador da infecção crônica.
Hepatite Autoimune
A hepatite autoimune é uma doença crônica do fígado que possui mais incidência em mulheres jovens. É caracterizada como uma doença de reação autoimune, isto é, o próprio sistema imunológico ataca as células do fígado, o que provoca inflamações e modificações na funcionalidade do órgão, podendo avançar para o quadro de cirrose.
Entre os sintomas dessa doença, estão: a interrupção dos períodos menstruais; dor e edema articular; perda do apetite e ânsia de vômito. Além disso, portadores de hepatite autoimune podem conviver com outras patologias autoimunes como, por exemplo, diabetes mellitus tipo I, colite ulcerativa, doença celíaca, entre outras.
Fatores de risco da cirrose
Além dos fatores citados acima, a cirrose pode ser desenvolvida por outras condições de saúde somado a alguns hábitos:
- Alcoolismo;
- Obesidade;
- Diabetes;
- Colesterol alto;
- Distúrbios digestivos;
- Fibrose cística;
- Triglicérides alto;
- Sedentarismo;
- Dieta inadequada;
- Hipotireoidismo;
- Hipertensão arterial;
- Atresia biliar ou ductos biliares malformados;
- Hipogonadismo, que é uma condição de mau funcionamento das gônadas;
- Hemocromatose, quando indica um alto índice de ferro acumulado no organismo.
Quais são os sintomas da cirrose?
Seus principais sintomas são: náuseas; vômitos; perda de peso e de cabelo; dor no estômago e abdominal; fadiga; fígado grande; constipação; icterícia (olhos e pele amarelados); urina escura; inchaço, especialmente nos membros inferiores (pernas); ascite, que é a presença de líquido na cavidade abdominal, entre outros.
No agravamento do quadro da cirrose, outros problemas de saúde podem surgir, como: a encefalopatia hepática, que é uma síndrome que causa modificações cerebrais, devido ao mal funcionamento do fígado; insuficiência renal; aumento no risco de infecções, provocado pela baixa de glóbulos brancos no organismo; câncer hepático (no fígado); infecções no organismo e hemorragias e sangramentos internos.
É importante relembrar que a cirrose é uma doença que pode evoluir sem apresentar nenhum sintoma.
Diagnóstico da cirrose
Para se ter um bom diagnóstico, é necessário passar em uma consulta com o médico de família, que poderá identificar possíveis sinais e sintomas da doença, solicitando exames profundos para investigar o quadro de sintomas apresentado pelo indivíduo.
Em alguns casos, pode-se requerer ajuda de médicos especialistas, de hepatologia ou de gastroenterologia, por exemplo, para contribuírem na análise dos sintomas, exames e, também, no histórico de hábitos que geram possíveis fatores de risco para o desenvolvimento da cirrose e, se for o caso, encaminhar para o tratamento adequado.
Na Conexa, você pode contar com mais de 30 especialistas em saúde e, ainda, realizar seu primeiro atendimento por meio da telemedicina, o que possibilita explicar ao médico todos os sintomas, tendo um suporte individualizado e sem sair de casa.
Inclusive, se caso for necessário, no próprio atendimento online é possível o profissional solicitar os encaminhamentos para a realização dos exames físicos. No caso da cirrose, entre os exames pedidos, estão:
- Exames laboratoriais: são feitos exames de sangue para avaliar o fígado, mas no sentido de verificar a presença de anemia, baixa contagem de plaquetas, anormalidades no sangue e hepatites, porque o fígado continua funcionando mesmo danificado.
- Exames de imagem do fígado: as imagens servem para indicar a cirrose no seu estado avançado, mas para o estágio inicial é pouco eficiente, como: ultrassonografia, tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética (RM). Já os exames de imagens especializadas, conseguem identificar a cirrose de forma precoce, como: elastografia transitória, elastografia por ressonância magnética e imagem por impulso de força de radiação acústica.
- Biópsia do fígado: ela é feita quando o diagnóstico ainda é impreciso e consiste na retirada de um pedaço do tecido do fígado, para confirmar o quadro de cirrose.
Para saber mais sobre esses exames ou até mesmo falar com um médico, conte com a plataforma super dinâmica da Conexa para agendar sua consulta, de forma simples, fácil e prática.
Como ocorre o tratamento da cirrose?
É importante deixar claro que a cirrose não tem cura, porque é uma doença crônica e irreversível. Contudo, após o diagnóstico precoce, é possível impedir o agravo da doença e evitar o aparecimento de complicações.
O primeiro passo do tratamento é identificar e eliminar o agente agressor: parar o consumo de álcool e drogas; combater os vírus das hepatites; cuidar das doenças autoimunes; controlar e diminuir peso (obesidade); controlar o diabetes; entre outros.
Entretanto, para casos mais críticos é necessário a realização de um transplante hepático (de fígado) para a cura da doença. Este recurso somente é feito quando o fígado já está comprometido e não responde ao tratamento médico.
A Conexa conta com um time de médicos especialistas e nutricionistas, que darão todo o suporte ao paciente, incluindo sugestões de dieta para cirrose e outras patologias, para melhorar a saúde e agregar mais qualidade de vida.
Como prevenir a cirrose?
A cirrose é uma doença que pode interferir no bem-estar, saúde e qualidade de vida de qualquer pessoa que a desenvolva. Por isso, adotar algumas ações no dia a dia, como mudança de hábitos, podem ajudar na prevenção da cirrose e, ainda, agregar mais saúde ao seu organismo, como:
- Evitar o abuso de álcool;
- Ter a vacinação contra a hepatite B em ordem;
- Usar preservativo nas relações sexuais;
- Utilizar seringas descartáveis para evitar contaminação pelos vírus das hepatites B e C;
- Evitar o compartilhamento de objetos pessoais;
- Sempre seguir o tratamento à risca em casos de hepatites ou doenças autoimunes;
- Realizar atividades físicas;
- Manter uma alimentação equilibrada e controlar o peso.
Também é importante manter um rastreamento regular para os tipos de Hepatite B e C em populações consideradas de risco, auxiliar rigorosamente o controle metabólico em pacientes com esteatose hepática não alcoólica (NAFLD); e, ainda, colaborar com a mudança de estilo de vida de pessoas com obesidade e diabetes.
Tais cuidados com estes grupos específicos é devido à sua susceptibilidade em desenvolver a cirrose mais rápido, pela sua condição de saúde.
Todas essas dicas irão ajudar na prevenção da doença. Entretanto, para maior eficácia do diagnóstico e, por consequência, sua prevenção, é necessário a realização de exames regulares, incluindo o famoso check-up, e sempre ter um acompanhamento médico a qualquer momento.
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Revisado por:
Ana Luisa G. O. Credidio
Médica com residência em Medicina de Família e Comunidade pelo Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa do Hospital Israelita Albert Einstein, pós-graduada em Liderança e Inovação pela Fundação Getúlio Vargas, pós-graduada em Data Science e Informática na Saúde pelo Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa do Hospital Israelita Albert Einstein. CRM: 183841 RQE: 93958