Burnout: conheça os sintomas, tratamentos e como lidar no trabalho

burnout burnout sintomas

O estresse e o burnout estão cada vez mais presentes no dia a dia dos trabalhadores, principalmente pelas alterações recentes do processo de trabalho no contexto da pandemia.

De acordo com a Associação Internacional de Gestão de Estresse (Isma),  33 milhões de brasileiros já lidavam diariamente com as consequências da cronificação do estresse e chegam ao esgotamento mental, em dados colhidos anteriormente à pandemia.

O distanciamento social para conter o novo coronavírus impôs grande fragilidade nas redes de suporte social, que tiveram que se adaptar para manter os vínculos afetivos em meio a relações virtuais.

Além disso, os sentimentos de incerteza, de insegurança, luto e morte iminente marcaram presença nos lares. Dessa forma, após serem submetidos a situações tão intensamente estressantes, muitos profissionais acabaram desenvolvendo a Síndrome de Burnout.

O que é Burnout?

burnout burnout sindrome

A Síndrome de Burnout é um transtorno causado pelo esgotamento mental. Onde a pessoa tem um prejuízo muito grande da sua produtividade, alteração repentina de humor, cansaço excessivo, e até mesmo sintomas físicos como dores musculares, náuseas e tonturas.

É considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um grave problema de saúde pública, e já é reconhecida como doença ocupacional pelo Ministério da Saúde.

Como surgiu a Síndrome do Burnout?

Em 1974, foi a primeira vez em que a Síndrome do Burnout foi descrita. Herbert J. Freudenberger, um psicólogo (psicanalista!) estadunidense, percebeu entre os seus colegas, os sintomas de esgotamento mental provocado pela atividade ocupacional exercida por cada um deles, o “staff burn-out”.

Essa acabou sendo a sua principal linha de trabalho, e em 1980, publicou um livro discutindo o preço pago pela alta produtividade no trabalho (Burn-out: The High Cost of High Achievement).

Apesar de ter sido descrita há quase 50 anos, somente na última década a Síndrome do Burnout as empresas começaram a levá-la em consideração. Essa mudança aconteceu graças à ampliação das discussões das pautas sobre saúde mental em diversas esferas na sociedade.

Dessa forma, essas discussões vêm auxiliando no desenvolvimento de novas políticas e de ações para promover a saúde mental dos trabalhadores e reduzir os níveis de estresse ocupacional.

O que a Síndrome de Burnout pode causar?

burnout burnout cid

Em resumo, a síndrome se caracteriza por uma tríade composta por exaustão emocional, despersonalização e baixo sentimento de realização. São os principais sintomas do Burnout:

  • Cansaço excessivo ( físico e mental )
  • Insônia / Dificuldade para continuar o sono
  • Perda de apetite
  • Dificuldade de concentração
  • Tristeza excessiva
  • Sentimento de derrota / Incompetência
  • Baixo sentimento de realização
  • Isolamento
  • Dor de cabeça
  • Negatividade constante
  • Sentimento de desesperança

Se não tratada de forma adequada, a Síndrome do Burnout pode acabar desenvolvendo uma depressão grave.

É importante passar pela avaliação de um profissional capacitado na área de saúde mental caso haja alguma suspeita que você, ou alguém próximo, esteja passando por sintomas parecidos.

O diagnóstico da Síndrome de Burnout é difícil, por ser assemelhar muito a quadros de Transtorno de Ansiedade e Depressão, por isso somente pode ser feito por um profissional da saúde, seja ele médico ou psicólogo.

Quais as fases da Síndrome de Burnout?

burnout sindrome de burnout diagnostico

A Síndrome do Burnout não é uma doença insidiosa. Ela aparece aos poucos e o trabalhador apresenta sinais desde os primeiros momentos.

Freudenberger junto ao seu colega Gail North descreveram 12 fases que uma pessoa com Burnout pode passar.

Nem toda pessoa com Burnout vai passar por todas as fases, e a ordem entre elas pode ser alterada de acordo com as vivências de cada um e de como a pessoa vai lidar com o processo do próprio adoecimento.

  1. Autoafirmação em excesso: É aquela necessidade de provar o tempo todo para si mesmo, para os colegas e para o seus superiores, que dá conta do serviço ao qual foi designado.
  2. Trabalho excessivo: Chegar mais cedo e sair mais tarde para dar conta de toda a demanda do serviço, sentir que está sempre inferior em relação às exigências que coloca para si mesmo (que às vezes são mais duras do que as exigências dos empregadores).
  3. Alteração dos valores: Algumas coisas que antes eram preciosas passam a ser desvalorizadas, como a duração e qualidade do sono, o tempo das refeições, o lazer, férias. Passa a questionar e criticar os colegas de trabalho que valorizam essas questões.
  4. Isolamento: É o momento de maior solidão, onde os laços afetivos estão mais frágeis. Não há esperança de conseguir reconstruir os laços perdidos, ou em criar novos laços. O contato social é pífio.
  5. Postura evitativa em relação a conflitos: por mais que uma pessoa sinta que os sintomas relacionados ao estresse, ainda é incapaz de reconhecer quando precisa de ajuda. A convivência no ambiente de trabalho acaba sendo prejudicada pela irritabilidade e pelo estresse do dia a dia.
  6. Negligência das próprias necessidades: acontecem no contexto em que uma pessoa passa a priorizar o trabalho e abrir mão de momentos essenciais no dia a dia, como o convívio familiar, lazer, e os hábitos saudáveis (atividade física e boa alimentação).
  7. Postura evitativa das interações sociais: as pessoas em Burnout acabam evitando contato com outras pessoas, por causa da demanda de gasto energético e de atividade mental. Acabam se retraindo e evitando esses momentos de troca.
  8. Alterações do comportamento: tornam-se pessoas mais irritadas e mais impulsivas. Isso pode acontecer principalmente pela redução da atividade inibitória de vias importantes do córtex pré-frontal, que torna a pessoa mais propícia a dar respostas impulsivas e sem inibição social, além de tomar atitudes mais imediatistas e impensadas.
  9. Despersonalização: há um distanciamento emocional entre a pessoa em sofrimento daqueles que dividem o espaço de trabalho/espaços de convivência no dia a dia. Tornam-se mais hostis e mais negativas, e por vezes sentem indiferença em relação aos demais.
  10. Vazio: é aquele sentimento de estar incompleto, de sentir que falta alguma coisa no dia a dia. Aí corre o perigo de se envolver com outros excessos nessas tentativas de se preencher de alguma forma. Assim, pode acabar tendo ações como alimentação em excesso, abuso de álcool e outras substâncias.
  11. Depressão: o sentimento de apatia predomina nesse estágio. Pouca coisa diferencia um paciente depressivo de um paciente que sofre com o Burnout e se encontra nesse estágio, como o tempo dos sintomas e a causa deles. No contexto do Burnout, ao ser retirado o estressor, a pessoa acaba voltando a sua normalidade.
  12. Esgotamento: Trata-se do estágio final. Nesse momento, algumas pessoas acabam passando por crises de pânico, taquicardia e muitos sintomas ansiosos. É o momento em que a mente e o corpo não aguentam mais e entram em colapso. O acompanhamento com profissionais adequados é fundamental nesse estágio.

Quanto tempo dura o Burnout?

burnout sindrome de burnout casos reais

A Síndrome do Burnout não tem um tempo definido de duração. Depende muito de fatores individuais, como recursos psíquicos, e da exposição aos estressores no dia a dia.

Dessa forma, uma pessoa com Burnout precisa reconhecer os gatilhos para o desenvolvimento da doença, de forma a evitá-los e prevenir novas crises.

Pessoas que já passaram pelo Burnout são mais propícias a ter um novo episódio. Isso acontece porque se tratam de pessoas mais sensíveis e porque a maioria delas não busca uma ajuda profissional adequada, dessa forma, acabam desenvolvendo medidas paliativas para se estabilizar e se reerguer, sem retirar o gatilho do dia a dia.

Chega um momento em que a medida paliativa não é o suficiente para sustentar o estressor, e a pessoa acaba desenvolvendo novamente a Síndrome do Burnout.

Além disso, algumas medidas paliativas podem ser prejudiciais como o uso de álcool. Pessoas em sofrimento mental devem evitar o álcool, uma vez que se trata de uma substância depressora do sistema nervoso central e altera a percepção do sensório, facilitando a tomada de decisões impensadas que podem impactar no dia a dia de uma pessoa.

Como sair de um Burnout?

burnout estresse burnout

A fim de acabar com os sinais de esgotamento, é importante lembrar que a primeira coisa a ser feita é descansar.

Ou seja, usar o tempo fora do trabalho para “recarregar as baterias”, ter momentos de lazer, encontrar as redes de apoio (familiares, amigos, vizinhos, ou até mesmo ir à igreja), fazer atividade física, gastar um tempo para si, com a sua própria saúde e bem estar.

Outra forma de lidar com o Burnout é evitando os hábitos que causam um efeito reverso e podem piorar o estresse, como o abuso de álcool e uso de outras drogas recreativas.

A montagem de um novo cronograma, com horários específicos para atividades ligadas ao trabalho e atividades de lazer, é importante para delimitar um tempo para descanso e para reduzir os níveis de estresse.

Além disso, é importante reconhecer a importância de um acompanhamento adequado com um profissional de saúde mental.

Somente eles podem dar o diagnóstico, avaliar a necessidade de iniciar alguma medicação e para ajudar a desenvolver estratégias psíquicas para lidar com o cansaço excessivo provocado pelo trabalho, minimizando os déficits na produtividade ocasionados pelo Burnout.

Pessoas com mais inteligência emocional são mais resilientes, por isso, acaba sendo mais difícil passar pelo processo de adoecimento do Burnout.

Como prevenir o Burnout

É importante que os gestores tenham em mente algumas estratégias para prevenir o Burnout entre a sua equipe de trabalho.

Entre eles, criar objetivos de curto prazo, ser flexível e aberto às negociações de prazos, criação de um ambiente acolhedor, com respeito entre os funcionários, e aberto para que o colaborador se sinta à vontade para expor alguma situação acerca da própria saúde mental.

Estimular hábitos saudáveis entre os membros da equipe.

Além disso, há os cuidados individuais, como se programar para ter atividades de lazer durante a semana, praticar regularmente atividade física, fazer alimentações bem balanceadas (reduzindo a quantidade de gorduras e de açúcares consumidos), prezar por uma boa qualidade do sono. Evitar consumo de bebidas alcóolicas, fazer uso da cafeína sem exagero.

E ficar atento aos sintomas, sempre aberto a procurar uma ajuda profissional caso seja necessário. Saiba mais: Como evitar a síndrome do Burnout?

Qual o tratamento indicado para a Síndrome do Burnout

O tratamento para a Síndrome do Burnout varia de caso a caso. A maioria das pessoas se beneficia do tratamento com a psicoterapia. Entretanto, caso os sintomas afetem o dia a dia, pode ser necessário uso de alguma medicação antidepressiva, ansiolítica ou até mesmo para regular o sono.

De qualquer forma, a mudança de hábitos de vida é o que surte maior efeito: práticas diárias de atividade física, associado a uma alimentação saudável e momentos de lazer, são extremamente eficazes para controlar a maioria dos sintomas causados pela Síndrome do Burnout.

Quais as profissões mais afetadas pelo Burnout?

burnout burnout tratamento

Os profissionais que acabam desenvolvendo mais a Síndrome do Burnout são aqueles que trabalham em ambiente de extrema competitividade e cobrança intensa, com muita pressão e uma carga mais pesada de  responsabilidade.

Ou seja, profissionais da área da saúde, educação, comunicação, e a força policial, por exemplo.

Além disso, trata-se de profissionais que lidam diretamente com outras pessoas, e por isso, muitas vezes é submetido a situações que extrapolam as condições de estresse que um indivíduo consegue lidar. Um estudo demonstrou que pessoas mais empáticas tendem a desenvolver mais facilmente a Síndrome do Burnout. Isso acontece porque se importam tanto com as questões de terceiros, que acabam absorvendo e tomando as dores para si. Esse é o momento em que a empatia atravessa o limite da compaixão, em uma posição que é prejudicial a si mesmo na maioria das vezes.

Síndrome de Burnout no ambiente de trabalho

A Síndrome de Burnout é uma doença ocupacional, assim, entende-se como uma enfermidade causada pelo ambiente de trabalho, e diretamente relacionada com ocupações que demandam maior responsabilidade do trabalhador.

O trabalho, muito embora seja fonte de uma realização pessoal, pode acabar sendo uma experiência negativa por vários fatores: além de questões organizacionais do mundo empresarial, que muitas vezes são inflexíveis e com demandas desproporcionais, um ambiente estressante contribui muito para o adoecimento da equipe de trabalho.

Quando uma equipe está exposta aos fatores de risco para desenvolvimento do Burnout, a produtividade cai exponencialmente.

É perceptível a desmotivação dos trabalhadores, o sentimento de pouca realização profissional, a dificuldade em seguir os prazos; além disso, se atrasam mais e tendem a faltar mais ao emprego.

Como identificar se um funcionário está com Burnout?

Alguns padrões de comportamento são fáceis de serem percebidos quando uma pessoa está em esgotamento.

Entre eles, a pessoa pode acabar mais sonolenta (devido ao sono agitado), mais apática ou tendo oscilações abruptas de humor, ou até mesmo irritada. Além disso, nota-se excesso no uso de estimulantes para conseguir ficar acordado por mais tempo, como café e energéticos e uso mais frequente do cigarro e do álcool para relaxar.

É muito importante reconhecer quando uma pessoa está começando a apresentar sintomas importantes de estresse no ambiente de trabalho.

Dessa forma, é possível que um profissional de saúde mental atue mais precocemente e consiga reverter o quadro efetivamente, antes que outros transtornos sejam desenvolvidos.

Quem tem Síndrome de Burnout pode ser demitido?

Como já foi dito anteriormente, a Síndrome do Burnout é reconhecida como uma doença ocupacional pelas instituições governamentais. Dessa forma, uma demissão no contexto de adoecimento não ocorre por justa causa.

Não são raros os casos em que foi determinado judicialmente a reintegração do posto de trabalho e pagamento de indenização pelo empregador ao trabalhador que foi demitido em um contexto franco de adoecimento mental.

Assim, o trabalhador tem os mesmos direitos previdenciários do que qualquer pessoa que tenha desenvolvido outra doença ocupacional – inclusive auxílio doença acidentário, nos casos em que seja necessário ter afastamento por mais de 15 dias.

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Além disso, oferece relatórios para ajudar a monitorar a saúde dos colaboradores da sua empresa. Conheça mais sobre a Conexa Saúde e seus serviços disponíveis no site.

Conclusão

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A Síndrome do Burnout ainda acompanhará a sociedade por muitos anos. Dessa forma, é imprescindível levar em consideração a saúde mental dos trabalhadores ao se falar de desenvolvimento econômico.

As medidas para melhorar as condições de trabalho são de responsabilidade de todos, inclusive dos cargos administrativos do contexto empresarial.

Dar assistência aos profissionais diante um processo de adoecimento é importante para que a equipe se sinta amparada e fortaleça os vínculos entre o empregador e os empregados, aumentando a motivação e o sentimento de realização profissional.

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