Autismo e isolamento social

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Com a advento da modernidade e a interatividade quase que total da sociedade, nos deparamos com a frieza das relações sociais mediadas pelos celulares, tablets e computadores, onde se “tecla” para quem está dentro da própria casa e deixa longe uma comunicação afetuosa, física e real entre as pessoas.

Dentro desta perspectiva nos deparamos com algo novo: o surgimento de um vírus que iria paralisar praticamente o mundo todo, o COVID-19.

Mudanças drásticas

Nossas vidas foram viradas de ponta cabeça, nossa rotina foi alterada, nosso relógio biológico foi completamente revirado e as nossas relações sociais sofreram uma nova configuração.

É preciso viver, de fato, distantes uns dos outros, e o objeto que antes nos afastava agora nos une: a internet e as redes sociais tem sido cada vez mais utilizadas para aproximar as pessoas que estão distanciadas, pela quarentena, e que mesmo assim não querem deixar de “encontrar” – virtualmente – as pessoas queridas.

Sabe-se que essas mudanças nos alteraram completamente – na saúde, nas famílias, no trabalho e na vida escolar. As escolas tiveram que se adaptar e se adequar à nova realidade imposta pelo isolamento do novo coronavírus.

No Espectro Autista

Crianças tendo que se adaptar com toda esta novidade, o afastamento da escola, dos professores e dos amigos, atividades sendo reformuladas, e as aulas acontecendo de forma virtual, uma mudança para todos, principalmente para as crianças do Espectro Autista.

Na quinta-feira (02/04), foi celebrado o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, simbolizado pela cor azul. Para uma criança autista, a rotina é primordial, pois esta o faz ficar mais regulado diante de todos os estímulos sensoriais que lhes são apresentados diariamente.

Isolamento social

Em tempo de isolamento social devido ao COVID-19, esta criança não vai para escola, não realiza as diversas terapias, entre elas, Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional, Psicologia, nem as aulas que a estimulam à psicomotricidade ampla, toda a rotina fora duramente alterada, sendo transferidas ou para modalidade online, ou através de exercícios e atividades de estimulação enviadas aos pais, que passaram a ser os terapeutas aplicadores de seus filhos, o que na maioria das vezes provoca um desgaste emocional, físico e psicológico.

Esses pais estão realizando seus trabalhos em home office, tendo que estar bem emocionalmente para trabalhar, cuidar da rotina diária da casa – pois os funcionários que os auxiliariam em casa também foram dispensados dos serviços – realizarem as terapias, ajudarem e orientarem os filhos nas aulas online da escola e todas as atividades que são propostas aos pequenos.

Curto espaço de tempo

Essas mudanças foram muito grandes, em um curto espaço de tempo para todos, principalmente para as famílias das crianças atípicas.

Sobre a  rotina de estudo e a forma de execução das terapias em casa, todas, de alguma forma, são feitas ou orientadas com o auxílio do computador ou do celular, no caso das aulas, as atividades são adaptadas de acordo com a necessidade de cada criança e enviado ao responsável, onde a professora realiza  transmissões ao vivo ou envia vídeo-aula para que os alunos a vejam e acompanhem a atividade proposta.

É observável, diante de tamanha alteração de rotina, a criança com Transtorno do Espectro Autista, apresenta um comportamento desregulado, neste momento ela precisa ser respeitada no seu tempo de desenvolvimento para começar a perceber que apesar de não ir a escola, às terapia ou outras atividades, elas acontecerão dentro de casa e serão importantes para seu bem estar.

Ampla rede

Ao contrário do que muitos pensam, o Autismo não é um conjunto fechado de sintomas, é uma ampla rede de um modo diferente de perceber o mundo.

Nesse sentido, tem-se autistas com muitas características, todas muito particulares a cada um, que devem ser respeitadas e pensadas de forma única. Assim temos autistas que têm necessidades específicas, como o contato com animais, contato com a natureza, como gostar de caminhar para relaxar, ver o céu, outros já não precisam de nada disso, e preferem ficar em casa.

Aqui se insere algo de muita importância nesses tempos: saber se colocar no lugar do outro e buscar saber suas necessidades, de modo a criarmos um convívio mais humano e confortável a todos – independente do que seja necessário – para juntos conseguirmos vencer esse momento atual de dificuldade com saúde física e mental.

André Quadros, estudante de medicina e estagiário Conexa, e Michelle Cole, Neuropedagoga.

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