Ansiedade: o que é, causas, impacto, sintomas e tratamento

foto das mãos de uma mulher, sentada, apertando os dedos com força e o polegar pressionando o outro

A ansiedade é uma reação humana natural e universal, uma resposta do corpo a situações percebidas como ameaçadoras. É um estado emocional complexo que envolve sentimentos de tensão, preocupação e, frequentemente, alterações físicas, como o aumento da pressão arterial.

É importante notar que a ansiedade, em níveis gerenciáveis, é uma reação funcional. Ela nos estimula a entrar em ação  e a nos preparar para desafios. No entanto, ela se torna um problema de saúde quando é persistente, excessiva e começa a interferir nas atividades diárias e na qualidade de vida, podendo durar seis meses ou mais.   

A ansiedade é uma questão de saúde pública significativa. No Brasil, estima-se que 18 milhões de pessoas convivam com algum tipo de transtorno de ansiedade , sendo um dos temas de saúde mental mais relevantes da atualidade.   

O que é ansiedade?

A ansiedade é, essencialmente, um mecanismo de sobrevivência. Diante de um prazo apertado, uma entrevista de emprego ou um perigo iminente, o corpo dispara uma resposta de “luta ou fuga”. O cérebro libera hormônios, como o cortisol, preparando o corpo para reagir à situação que está chegando.   

Este estado de alerta aguça os sentidos e acelera os batimentos cardíacos. O problema surge quando esse mecanismo é ativado de forma desproporcional ou constante, mesmo na ausência de um perigo real, transformando uma resposta adaptativa do organismo para ter um melhor desempenho em um estado patológico e que prejudica as atividades e relações sociais do indivíduo na maior parte do tempo.

Qual a diferença entre ansiedade e medo?

O medo é uma resposta a uma ameaça imediata, real e específica (como ver um animal selvagem ou sofrer uma tentativa de assalto). 

A ansiedade, por outro lado, é uma reação a uma ameaça futura, incerta ou percebida, mas que ainda não está acontecendo. É a preocupação com o que poderá acontecer, marcada pela incerteza e antecipação.   

O que pode causar a ansiedade?

A ansiedade não tem uma causa única, ela é multifatorial. Geralmente, resulta de uma combinação complexa de fatores biológicos, psicológicos e ambientais.

  • Fatores genéticos: a predisposição hereditária desempenha um papel, tornando algumas pessoas naturalmente mais ansiosas do que outras. Isso não significa que há algo patológico com ela.
  • Química cerebral: algumas hipóteses dizem que desequilíbrios neurotransmissores-chave, como serotonina, dopamina e noradrenalina, estão diretamente ligados à regulação do humor e da ansiedade.
  • Eventos de vida e traumas: experiências estressantes, traumas (especialmente na infância) ou grandes mudanças de vida podem desencadear ou agravar quadros ansiosos.   
  • Fatores sociais: A falta de suporte familiar ou social também pode ser um fator que contribui para o surgimento da ansiedade.   
  • Condições médicas: em alguns casos, a ansiedade pode ser um sintoma de problemas de saúde física, como distúrbios da tireoide ou problemas cardíacos.
  • Telas e redes sociais: O uso excessivo de telas, a cultura das “comparações ruins” e a busca incessante por validação externa (“sou curtido, logo existo”) já são, comprovadamente, fontes diretas de ansiedade e angústia nos sujeitos.   
  • Ansiedade no trabalho e burnout: no ambiente profissional, a “ansiedade no trabalho” é frequentemente causada por “sobrecarga de tarefas”, “pressão por resultados” e, crucialmente, pelo “desequilíbrio entre a vida pessoal e profissional”. Quando essa ansiedade se torna crônica e não é tratada, ela pode evoluir para a Síndrome de Burnout, um estado de esgotamento mental e físico profundo.   

Quais são os sinais e sintomas da ansiedade?

Os sintomas do transtorno de ansiedade variam de pessoa para pessoa, mas geralmente se dividem em duas categorias principais, podendo ocorrer simultaneamente durante uma crise.

Sintomas físicos

O corpo reage intensamente ao estado de alerta constante:   

  • Taquicardia ou palpitações (coração acelerado);  
  • Sudorese (transpiração em excesso), mesmo sem calor;    
  • Tremores ou calafrios;    
  • Falta de ar ou sensação de sufocamento;    
  • Tensão muscular, muitas vezes nos ombros, pescoço e costas;    
  • Dor ou aperto no peito;    
  • Tonturas ou sensação de desmaio iminente;    
  • Problemas digestivos, como náusea, diarreia ou síndrome do intestino irritável.

Sintomas psicológicos e comportamentais

Na mente ou nas ações cotidianas, a ansiedade pode se manifestar como:   

  • Preocupação excessiva, constante e difícil de controlar;    
  • Pensamentos catastróficos (imaginar sempre o pior cenário);
  • Irritabilidade e impaciência;    
  • Dificuldades de concentração e sensação de “branco” na mente;
  • Problemas de sono (dificuldade para adormecer ou manter o sono);    
  • Comportamento de evitação (evitar ativamente situações, lugares ou pessoas que possam gerar ansiedade — mesmo se forem situações desejadas);    
  • Inquietação ou sensação de estar “no limite”;
  • Sensação de desrealização (sentir que o ambiente ao redor não é real) ou despersonalização (sentir-se desconectado de si mesmo, como se observasse a própria vida de fora).   

Se reconhece esses sintomas, pode ser importante buscar apoio de um profissional. Na Conexa Saúde, oferecemos uma extensa lista de especialistas, agendamento simplificado e a conveniência da telemedicina à sua disposição. Você pode dar o primeiro passo em direção ao seu bem-estar emocional.

Como é o tratamento para ansiedade?

O tratamento para os transtornos de ansiedade é altamente eficaz e geralmente envolve uma combinação de psicoterapia e, em alguns casos, medicação, sempre sob orientação profissional.   

Modalidades de psicoterapia

A psicoterapia é fundamental para entender as raízes da ansiedade e desenvolver ferramentas para gerenciá-la. Existem diferentes modalidades eficazes:   

  • Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): É uma das abordagens mais utilizadas. Foca em identificar, desafiar e modificar os padrões de pensamento negativos (cognitivos) e os comportamentos disfuncionais que alimentam a ansiedade.
  • Terapia de Aceitação e Compromisso: Uma terapia comportamental moderna que foca nos processos de aceitação da realidade, disposição, valores para o sujeito e o papel do desconforto, a fim de produzir uma vida mais satisfatória.   
  • Terapia Psicodinâmica: Explora como experiências passadas e conflitos inconscientes podem estar influenciando os sentimentos e comportamentos presentes.   
  • Práticas de mindfulness: ajudam a focar no presente, reduzir a ruminação sobre o futuro e cultivar emoções positivas. O mindfulness é uma ótima ferramenta para entender e lidar melhor com os sentimentos.

Medicação e neurotransmissores

Em certos casos, um médico psiquiatra pode indicar o uso de medicamentos. As classes mais comuns incluem os “ISRS” (Inibidores Seletivos de Recaptação de Serotonina) e “IRSN” (Inibidores de Recaptação de Serotonina-Noradrenalina). É crucial que a medicação seja prescrita e acompanhada por um médico, pois a automedicação é perigosa.   

É válido lembrar que, apesar de aliviar os sintomas, não atinge as causas que geram uma ansiedade mais elevada. Muitos dos processos que geram ansiedade só podem ser resolvidos com a psicoterapia. 

A psicoterapia online é uma opção acessível e eficaz para iniciar o tratamento, permitindo o acesso a especialistas de qualquer lugar do mundo. Na Conexa, você encontra psicólogos de diversas áreas e abordagens que podem te oferecer tratamentos de qualidade para melhorar sua relação com a ansiedade e o manejo de situações difíceis.

Como controlar a ansiedade no dia-a-dia?

Além do tratamento profissional, mudanças no estilo de vida são essenciais para gerenciar a ansiedade no cotidiano:   

  • Praticar exercícios físicos regularmentes: caminhadas, corridas, esportes etc., que liberam endorfinas, trazendo bem-estar e ajudando na regulação emocional.  
  • Priorizar a higiene do sono, pois a privação de sono agrava a ansiedade.   
  • Manter uma alimentação saudável e equilibrada, evitar o consumo de álcool, cafeína e outras drogas.   
  • Praticar técnicas de relaxamento e respiração.
  • Organizar a rotina e estabelecer limites saudáveis, aprendendo a dizer “não” para evitar a sobrecarga.   
  • Buscar apoio social, hobbies, e ter mais contato com a natureza, longe de telas. 

Seguir essas regras de rotina básicas costumam proporcionar alívio significativo da ansiedade e outros problemas.  Se isso não estiver sendo o suficiente, considere buscar ajuda profissional.

Técnicas práticas de respiração para aliviar a ansiedade

Durante uma crise de ansiedade, a respiração fica curta e rápida. Focar em exercícios de respiração ajuda a enviar um sinal ao cérebro para ativar o sistema nervoso parassimpático, que atua no relaxamento do corpo e outras funções.

Se você sentir a ansiedade aumentando, tente estas técnicas práticas:

  1. Técnica 4-7-8: Popularizada pelo Dr. Andrew Weil, esta técnica ajuda no relaxamento profundo.  Como funciona:
    • Sente-se com as costas retas. Coloque a ponta da língua no céu da boca, logo atrás dos dentes da frente, e mantenha-a lá.   
    • Expire completamente pela boca, fazendo um som de “whoosh”.   
    • Feche a boca e inspire silenciosamente pelo nariz contando mentalmente até 4.   
    • Prenda a respiração contando até 7.   
    • Expire completamente pela boca com o som “whoosh”, contando até 8.   
    • Isso completa um ciclo. Repita o processo por mais três ciclos.   

  2. Técnica 4/6 : Essa técnica é uma variação da 4-7-8 e pode ser útil no alívio da ansiedade, também. Como funciona:
    • Sente-se confortavelmente e inspire pelo nariz, expandindo o abdômen (respiração diafragmática), contando até 4.   
    • Expire lentamente pela boca, como se soprasse uma vela, contando até 6.   
    • Concentre-se em tornar a expiração mais longa que a inspiração. Repita por 5 a 10 minutos.

Como ajudar alguém com ansiedade?

Ajudar alguém que sofre de ansiedade requer empatia e paciência.

  • Ouça sem julgar: valide os sentimentos da pessoa. Não minimize sua preocupação dizendo “é só relaxar” ou “não é nada”. A experiência é individual, por isso, não use sua vida para tentar explicar o sofrimento de outra pessoa.
  • Ofereça apoio prático: pergunte como pode ajudar. Às vezes, apenas a companhia pode ser reconfortante.
  • Incentive a busca por ajuda: encoraje a pessoa a procurar um profissional de saúde mental. Ofereça-se para ajudar a encontrar um terapeuta ou a marcar uma consulta.
  • Informe-se: entender o que é a ansiedade ajuda a desmistificar a condição e a oferecer um suporte mais eficaz.

Qual o impacto da ansiedade na vida da pessoa?

Quando não tratada, a ansiedade crônica pode ter um impacto profundo e negativo. Ela compromete a qualidade de vida, afeta os relacionamentos pessoais (devido à irritabilidade ou evitação social) e prejudica o desempenho profissional ou acadêmico (devido à dificuldade de concentração).   

A longo prazo, a ansiedade pode levar ao isolamento social, baixa autoestima, sedentarismo e até ao desenvolvimento de doenças físicas mais graves, como hipertensão, problemas cardíacos e diabetes, devido ao estresse crônico no organismo.

Como identificar e diagnosticar a ansiedade?

A auto-observação dos sintomas é o primeiro passo, mas o diagnóstico oficial só pode ser feito por um profissional de saúde mental, como um psicólogo ou médico psiquiatra.   

O profissional avaliará a frequência, intensidade, duração dos sintomas e o impacto que eles causam na vida do paciente.   

A importância do diagnóstico diferencial

O diagnóstico de transtorno de ansiedade é complexo, pois seus sintomas físicos (como taquicardia ou dor no peito) podem ser muito similares a outras condições médicas graves.

Por isso, o exame médico é essencial. O profissional pode solicitar um diagnóstico diferencial, que pode incluir um exame físico e, por vezes, exames de sangue. 

Isso não revela a presença de ansiedade ou não, mas é feito para excluir outras causas físicas, como distúrbios da tireoide, problemas cardíacos ou desequilíbrios hormonais, antes de confirmar o diagnóstico de um transtorno de ansiedade.   

Diferença entre ansiedade e transtorno de ansiedade

Como dito, ter ansiedade ocasionalmente é normal. Todas as pessoas sentem ansiedade e isso pode ser benéfico para viver. 

Só falamos em um transtorno de ansiedade quando ela se torna patológica. Isso ocorre quando os sintomas são muito mais intensos, frequentes e duradouros, causando sofrimento significativo e prejudicando o funcionamento da pessoa no trabalho, nos estudos ou nos relacionamentos. A preocupação torna-se excessiva e difícil de controlar.

É comum que pessoas com ansiedade elevada passem a desenvolver estratégias para evitar o contato com as situações ansiogênicas, mesmo que possam ser benéficas ou valorosas para a vida da pessoa. Um exemplo é a pessoa que evita relacionamentos, mesmo desejando ter um, por medo de ser julgado, ignorado ou mal tratado.  

Quais são os principais transtornos de ansiedade?

A ansiedade pode se manifestar de diferentes formas, classificadas como transtornos específicos. Os mais comuns incluem:

  • Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG): Caracteriza-se pela preocupação excessiva e crônica com diversos aspectos da vida (saúde, trabalho, finanças), de forma desproporcional à realidade.   
  • Transtorno de Pânico (Síndrome do Pânico): Marcado por ataques de pânico inesperados e recorrentes — crises intensas de medo e mal-estar físico que atingem um pico em minutos.   
  • Fobia Social (Transtorno de Ansiedade Social): Medo intenso e preocupação com situações sociais comuns, por receio de ser julgado, humilhado ou avaliado negativamente.   
  • Agorafobia: É o medo de situações ou lugares dos quais seria difícil escapar ou obter ajuda caso um ataque de pânico ocorresse (como transporte público, multidões ou espaços abertos).   
  • Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC): Envolve pensamentos intrusivos e obsessivos que geram ansiedade, levando a comportamentos compulsivos (rituais) para tentar aliviar essa ansiedade.   
  • Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT): Pode se desenvolver após a exposição a um evento traumático. A pessoa revive o trauma através de flashbacks e pesadelos, mantendo um estado de hipervigilância ansiosa.

Ansiedade e depressão podem estar relacionadas?

Sim, a relação é muito comum. Estudos mostram que metade das pessoas com ansiedade depressão também sofrem de depressão.   

O impacto crônico da ansiedade na qualidade de vida, o isolamento e o desespero podem levar ao desenvolvimento de um quadro depressivo. Da mesma forma, a apatia da depressão pode gerar ansiedade sobre o futuro. O tratamento deve, nesses casos, abordar ambas as condições.

Além disso, ambas as condições compartilham uma tendência para padrões de pensamento negativos, como ruminação, catastrofização e autoexigência, que podem contribuir para o desenvolvimento e a manutenção dos sintomas.

Outro aspecto importante é o papel do estresse crônico na relação entre ansiedade e depressão. O estresse excessivo e prolongado pode desencadear tanto sintomas de ansiedade quanto de depressão, afetando negativamente o funcionamento do sistema nervoso, do sistema endócrino e do sistema imunológico.   

Quando devo buscar ajuda profissional para a ansiedade?

A ansiedade não é frescura nem sinal de fraqueza. É uma condição de saúde tratável.

Você deve buscar ajuda profissional se:

  • A preocupação e o medo estão consumindo grande parte do seu dia.
  • Você está evitando situações, pessoas ou lugares que costumava frequentar.
  • Os sintomas físicos (palpitações, falta de ar, tensão) são frequentes.
  • Seu sono ou apetite estão severamente alterados.
  • A ansiedade está prejudicando seus relacionamentos ou seu desempenho no trabalho.

Se você se identifica com esses cenários, saiba que existem tratamentos eficazes. A psicoterapia, seja presencial ou online, é uma ferramenta poderosa para retomar o controle e melhorar sua qualidade de vida. Considere falar com um especialista.

Reconhecer a necessidade de ajuda para lidar com essa questão é um ato de coragem. Você pode considerar diversas opções, como a consulta online com um psicólogo para cuidar do seu bem-estar emocional e mental, ou uma consulta com um psiquiatra, que poderá prescrever medicamentos, se necessário. Além disso, existem grupos de apoio e recursos online que podem ser úteis.

Na Conexa Saúde, oferecemos uma ampla lista de profissionais, com a facilidade de acesso à consulta online e os benefícios da telemedicina, proporcionando conveniência e qualidade no cuidado com sua saúde mental. Receba o acompanhamento adequado para o tratamento da ansiedade.

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