O que está acontecendo no Amazonas

amazonas covid

Quando os casos de Covid-19 começavam a dar sinais de estabilidade em alguns estados- com a consequente flexibilização de muitas atividades- brasileiros assistiram à chegada da segunda onda da pandemia no País.

O Amazonas, que foi o primeiro a ter o sistema de saúde colapsado no ano passado, volta aos noticiários com o pior número de casos e mortes, desde que a pandemia começou.

Com o sistema de saúde tanto público, como privado em colapso, não houve como atender a demanda. Sem leitos e sem oxigênio, vimos o desespero de familiares e profissionais de saúde, com pacientes morrendo por asfixia.

Novamente as imagens eram de sofrimento na porta de hospitais; caminhões frigoríficos na frente das unidades de saúde; cemitérios de portas abertas 24 horas, com covas prontas.

Diante desse triste cenário, o governo local decretou estado de calamidade pública. Começou então a corrida para salvar vidas, seja na busca por oxigênio ou através de transferência de pacientes para tratamento em outras capitais.

Quer entender o que está acontecendo no Amazonas e como essa situação pode servir de exemplo para a conscientização da população quanto à manutenção das medidas sanitárias preventivas à Covid-19? Então continua a leitura!

Drama da falta de oxigênio

A procura por atendimento nas unidades de saúde e hospitais aumentou na capital, Manaus, após as festas de final de ano. Em pouco tempo a demanda de leitos clínicos e de UTIs foi muito maior do que a oferta do sistema de saúde.

Hospitais tiveram que improvisar leitos em enfermarias e até na ala de descanso dos médicos, na tentativa de reduzir a fila de espera. Mas no dia 14 de janeiro a situação ficou mais grave, com a falta de oxigênio tanto para pacientes de Covid-19, como os demais.

Segundo a White Martins, maior empresa fornecedora de oxigênio hospitalar do Brasil, a demanda aumentou cinco vezes na primeira quinzena do ano, chegando a 70 m3/dia, número que é três vezes maior do que sua capacidade diária de produção, de 25 mil m3/dia.

Nova variante

Segundo nota técnica da Fiocruz/Amazônia e Vigilância em Saúde do Amazonas, a nova variante da SARS-CoV-2 foi encontrada em 91% das amostras que tiveram seu código genético sequenciado em janeiro no estado do Amazonas.

A nova cepa foi identificada pela primeira vez em uma amostra coletada em 4 de dezembro,  mês que teve 51% de presença dela nas amostras analisadas. Esse crescimento  aponta dominância da variante no estado, o que pode explicar o aumento de casos de covid-19.

Além da capital, casos foram identificados nos municípios de Careiro, Anori, São Gabriel da Cachoeira, Iranduba, Rio Preto da Eva, Presidente Figueiredo, Tabatinga, Careiro e Manacapuru.

O pior janeiro

A crise sanitária piorou no Amazonas no final do ano passado e a situação ainda não está normalizada.  Tanto que a segunda onda da Covid-19 resultou no pior janeiro desde o começo da pandemia.

Basta comparar os números entre maio de 2020, o pico da primeira onda e; janeiro deste ano. Em maio de 2020, foram registrados 36.124 casos. Esse número quase dobrou em janeiro deste ano, para 66.381 registros.

As internações foram mais do que dobro na mesma comparação de meses, sendo 5.205 agora, contra 2.128, no ano passado. Alta também nas mortes, de 1.599, para 2.832 nesse início de ano.

Todos pelo Amazonas

As dificuldades de acesso terrestre também atrasaram a chegada dos primeiros cilindros ao estado. A situação é pior ainda no interior, cujas unidades não têm estrutura suficiente para abarcar uma segunda onda da pandemia.

Imediatamente, uma grande mobilização se formou no Brasil e no mundo para socorrer o Amazonas. Artistas, Governo Federal, iniciativa privada e até a Venezuela se mobilizou para ajudar com o insumo.

Mesmo com a corrente de solidariedade que se formou, a situação ainda não foi contornada. No início de fevereiro, a taxa de ocupação de leitos para Covid-19 ainda está em 90% e mais de quinhentos pacientes esperam por um leito.

Responsabilização

A situação é tão grave, que a AGU (Advocacia-Geral da União) enviou ao STF (Supremo Tribunal Federal) , uma manifestação, onde aponta que o Governo Federal sabia, desde o dia 8 de janeiro,  sobre o risco da falta de oxigênio naquele estado.

Isso deu origem à abertura de um inquérito no STF, por solicitação do procurador-geral da República, Augusto Aras, para apurar a conduta do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, no caso do colapso de saúde no Amazonas.

Vacinação e prevenção

A vacinação dos idosos no Amazonas estava prevista para o dia 4 de fevereiro, mas foi antecipada para o primeiro dia do mês, em razão do baixo quantitativo do grupo e, por medida preventiva. No primeiro dia, quase 14 mil foram imunizados.

Independente dela, a situação do Amazonas deve servir de alerta para evitar o alastramento para o resto do Brasil. O Pará, que faz divisa com o estado, também identificou dois casos da nova cepa de Manaus.

Por isso, é hora de reforçar a prevenção, com atitudes de segurança sanitária: máscara, higiene das mãos e distanciamento social.  Eles são ainda mais importantes agora, já que está comprovado que a nova cepa tem maior capacidade de transmissão.

Texto: Luciana Cavalcante

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