Alcoolismo: causas, sintomas e tratamentos

O alcoolismo é uma doença caracterizada pelo consumo descontrolado e compulsivo de bebidas alcoólicas, dependência, aumento da tolerância ao álcool, dificuldade de parar de beber e manifestação de sintomas físicos e psíquicos em situações de abstinência. 

O consumo de bebidas alcoólicas faz parte da vida social de jovens e adultos em diversas partes do mundo. Mas, embora muita gente consiga beber moderadamente, uma parte significativa da população sofre com a falta de controle.

Segundo um relatório recente da Organização Mundial de Saúde (OMS), 400 milhões de pessoas (7% da população mundial acima dos 15 anos), convivem com um transtorno causado pelo álcool. O termo engloba dois cenários: um padrão nocivo de consumo e a dependência da bebida, caso mais grave que afeta 209 milhões de indivíduos. 

A longo prazo, o uso constante da substância pode trazer uma série de problemas de saúde, como esteatose hepática, cirrose, gastrite, úlceras, aumento do risco de doenças cardiovasculares, alterações cognitivas, entre outros. Além de prejudicar a vida social do indivíduo, afetando sua família, amigos e até mesmo desconhecidos. 

No entanto, como várias outras doenças, o alcoolismo pode apresentar gradações. Para entender quem é considerado alcoolista, é preciso analisar a quantidade de álcool consumida, seu nível de dependência e a forma como o consumo exagerado afeta sua rotina. Continue a leitura para conhecer os níveis que o alcoolismo pode apresentar.

Níveis de alcoolismo

Etilista funcional 

Apresenta transtorno leve. O indivíduo não necessariamente bebe com frequência, mas tem dificuldade de controlar a ingestão quando começa a beber, não identifica a hora de parar, e tende a ter alterações do humor e comportamento problemático quando em contato com o álcool.

Etilista crônico

Se enquadra no transtorno moderado a grave. Além de beber com uma frequência maior, é comum que tenha problemas de relacionamento e dificuldade de honrar compromissos, o que pode atrapalhar o trabalho e outras atividades. Não raro, os etilistas crônicos também podem ter problemas financeiros e jurídicos, como infrações de trânsito, desordem pública, e processos por danos. 

Quais são as causas do alcoolismo? 

O alcoolismo é uma doença multifatorial. Seu desenvolvimento pode estar relacionado à genética, transtornos mentais e influências ambientais. 

Um estudo recente publicado no Journal of Adolescent Health apontou que adolescentes têm, aproximadamente, quatro vezes mais chances de beber se seus pais consomem bebidas alcoólicas com frequência. Da mesma forma, pessoas que sofrem com ansiedade, depressão e outros transtornos também têm mais chances de se tornarem adictos ao consumir bebida alcoólica em alta quantidade. 

Por fim, fatores ambientais como estresse, problemas financeiros, pressão social e conflitos familiares também podem contribuir para o problema. Nesse cenário, o consumo exagerado de álcool e um alto índice de violência (urbana e doméstica) costumam estar intimamente relacionados.

Quais são os sintomas do alcoolismo? 

O alcoolismo apresenta sintomas físicos e comportamentais. Alguns são mais fáceis de serem identificados – por terceiros e pela própria pessoa -, outros são mais silenciosos, o que pode dificultar o diagnóstico e atrasar o tratamento. São eles: 

Sintomas físicos: 

  • Perda de consciência 
  • Tontura 
  • Tremores 
  • Suor excessivo 
  • Náusea e vômitos 
  • Fala arrastada ou “pastosa” 
  • Problemas de coordenação 
  • Perda de consciência 
  • Taquicardia 

Sintomas comportamentais: 

  • Agitação 
  • Agressividade/ irritabilidade 
  • Comportamento autodestrutivo
  • Comportamento compulsivo 
  • Falta de moderação 

Sintomas psicológicos: 

  •  Ansiedade 
  •  Culpa 
  •  Euforia 
  •  Descontentamento 
  •  Delírio 
  •  Medo excessivo 

Se você reconhece algum desses sintomas, é importante buscar ajuda. Na Conexa, contamos com diversos profissionais (entre médicos e psicólogos) que podem te ajudar a encontrar a melhor estratégia de tratamento. 

Quais são as complicações do alcoolismo? 

Os danos que o alcoolismo causa vão muito além da saúde física. A doença também pode trazer consequências graves para a saúde mental e para a vida social do indivíduo. Quando ingerida, a substância é metabolizada pelo sistema gastrointestinal. As moléculas são  rapidamente transportadas pela corrente sanguínea até o cérebro, o que causa a maioria dos sintomas. Entenda o que pode acontecer: 

Impacto na saúde física 

A ingestão exagerada de álcool pode prejudicar a absorção de nutrientes, provocar falta de sono e, consequentemente, cansaço mental e físico. 

Além de afetar todos os órgãos de maneira geral, o abuso da substância pode sobrecarregar especialmente o fígado, que tem como principal função metabolizar as toxinas que chegam ao organismo. Em excesso, o álcool causa uma série de problemas graves, como gastrite, hepatite alcoólica, pancreatite, inflamação nos nervos, cirrose e muito mais. 

O alto consumo de álcool também está relacionado a um risco maior de doenças cardiovasculares (como hipertensão, miocardite, acidentes vasculares cerebrais e aterosclerose), diabetes e câncer no sistema gastrointestinal, bexiga, próstata e outros órgãos. 

Impacto na saúde mental 

Transtornos mentais e alcoolismo constantemente se retroalimentam, ao ponto de nem sempre ser possível identificar se a depressão e a ansiedade são a causa ou o efeito da doença. Isso porque o álcool é um depressor do sistema nervoso, o que afeta a liberação da serotonina, neurotransmissor conhecido como “hormônio da felicidade”, exacerbando os sintomas incômodos da depressão. 

Com a ansiedade ocorre a mesma coisa. Embora algumas pessoas sintam um alívio momentâneo depois de alguns drinks, no dia seguinte, o corpo pode experimentar sintomas mais severos do transtorno, como taquicardia, respiração acelerada, falta de ar, entre outros. 

Vale lembrar também que boa parte dos medicamentos para depressão e ansiedade não devem ser misturados com álcool. A substância pode agravar o quadro depressivo e intensificar efeitos colaterais. Além de sonolência, tontura e confusão mental, alguns indivíduos podem apresentar alucinações, agressividade e até ideação suicida. 

Importante: caso você tenha pensamentos suicidas ou de autoagressão, ligue para número 188. O Centro de Valorização da Vida é um programa gratuito que dá apoio emocional para quem precisa. 

Na Conexa, também contamos com um Pronto Atendimento Virtual de saúde mental que pode oferecer amparo e cuidados rápidos com profissionais capacitados, para quem precisa de apoio neste momento delicado.

Impacto social 

De acordo com Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor geral da OMS, além de aumentar o risco de doenças crônicas e agravar os transtornos mentais, o uso de substâncias resulta “tragicamente, em milhões de mortes evitáveis todos os anos. Ele impõe um pesado ônus às famílias e comunidades, aumentando a exposição a acidentes, lesões e violência”. 

Dentro de casa, o abuso de álcool prejudica as relações familiares, seja com os pais, os filhos ou o cônjuge. É comum que parentes de etilistas tenham o desempenho escolar ou profissional afetado, sofrendo não só com problemas psicológicos, mas também financeiros. A longo prazo, o alcoolismo tende a desestruturar famílias e trazer graves consequências para todos os membros. 

Nas ruas, o problema não é menor. Segundo o relatório Vigitel 2023, divulgado pelo Ministério da Saúde, 5,9% dos adultos habilitados afirmam dirigir depois de beber. A diminuição do reflexo, capacidade de reação e percepção da realidade, torna uma atividade simples e corriqueira extremamente perigosa para o motorista e para terceiros. 

Outras complicações associadas ao alcoolismo 

O consumo exagerado da bebida também diminui a capacidade de decisão, levando o indivíduo a tomar atitudes contra si mesmo e contra os outros. Além de aumentar o risco de brigas, agressões e lesões, o álcool pode facilitar o uso de outras substâncias, como drogas e medicamentos controlados. 

O álcool também prejudica outras funções cognitivas, como o equilíbrio, o controle emocional, a memória e a atenção. Além disso, como outras substâncias ingeridas, o corpo tende a requerer doses cada vez maiores para ficar sob o efeito esperado do uso do álcool o que leva a um aumento dos riscos à saúde.

Se você já se viu em alguma situação complicada por conta do abuso de álcool, não hesite e marque sua consulta. Nossa equipe está preparada para te atender!

Como é feito o diagnóstico do alcoolismo? 

O alcoolismo pode ser percebido pela própria pessoa. No entanto, faz parte da doença uma percepção alterada da realidade, o que faz com que muitas vezes, amigos e familiares chamem a atenção para o problema. 

Como identificar a hora de pedir ajuda? 

  • Você apresenta algum dos sintomas listados neste artigo? 
  • Você já sentiu que deveria reduzir o consumo da bebida? Tentou algumas vezes sem sucesso? 
  • Já se viu com dificuldade de cumprir obrigações importantes devido ao consumo excessivo? 
  • As pessoas já o irritaram ao sinalizar o consumo em excesso? 
  • Você já se sentiu mal ou culpado em relação a forma como bebe?
  • Você já ingeriu bebida alcoólica pela manhã? 

Essas são apenas algumas perguntas que podem servir para balizar uma relação abusiva com o álcool. No entanto, o Código Internacional de Doenças (CID) estabelece alguns critérios que devem ser considerados pelos médicos. Para ser considerado alcoólatra, o indivíduo deve apresentar pelo menos três das seguintes condições nos últimos 12 meses: 

  • compulsão por bebidas alcoólicas 
  • falta de controle para começar, parar ou reduzir a ingestão 
  • sinais de abstinência física 
  • aumento da tolerância ao álcool 
  • perda de interesse por atividades de rotina que não envolvam bebida
  • insistência no consumo, apesar de entender as consequências do ato 

Os exames toxicológicos podem alertar para a quantidade da substância na corrente sanguínea, mas para entender as extensões dos danos causados pela bebida, é comum que os médicos peçam também exames de imagem e laboratoriais. 

Ainda que seja necessário realizar algum teste presencial, alguns testes simples também podem ser usados para identificar o alcoolismo. É o caso do CAGE e do AUDIT. Além disso, é possível fazer uma consulta online, onde o médico especialista pode encaminhar o paciente para os exames. O importante é buscar ajuda o mais rápido possível. 

Como ocorre o tratamento do alcoolismo? 

Muita gente ainda tem dúvida em como tratar o alcoolismo. A boa notícia é que, sim, a doença tem cura. A melhor estratégia vai depender do grau do alcoolismo e como ela afeta o paciente. 

Tratamento para alcoolismo leve

Geralmente envolve consultas com um psicólogo e um psiquiatra. Uma conversa franca e aberta no primeiro encontro ajuda a compreender a real dimensão do problema. A partir de então, os profissionais podem traçar um plano que vise a redução ou o corte no consumo de álcool. 

Tratamento para alcoolismo moderado a grave 

Em casos mais graves, nem sempre o acompanhamento psiquiátrico e psicológico são suficientes. As estratégias podem então envolver um período de desintoxicação (que pode ocorrer dentro do ambiente hospitalar), reabilitação, e até o uso de medicamentos. Hoje já existem no mercado algumas opções de fármacos que podem ajudar a controlar o desejo pela bebida, mas é importante que eles sejam prescritos por um profissional habilitado. Jamais tome medicamentos por conta própria. 

Em todos os cenários, o paciente pode se beneficiar de sessões semanais de terapia. Elas ajudam a lidar com o estresse decorrente da falta de álcool, com situações que agem como gatilhos para a vontade de beber e angústias que podem exacerbar o problema. 

Vale lembrar que, em qualquer um dos cenários, o sucesso do tratamento vai depender do grau de comprometimento do paciente. 

Na Conexa, você pode encontrar uma equipe de saúde treinada, de médicos a psicológos, capaz de usar as estratégias mais efetivas no combate ao alcoolismo. Não deixe de cuidar da sua saúde.

Como prevenir o alcoolismo? 

Como não há quantidades seguras para o consumo da substância, o ideal seria não beber. No entanto, vivemos em um mundo onde o álcool está constantemente associado a resolução de problemas ou celebrações. Se não for possível evitá-lo, o melhor é conhecer os seus limites, entender como o seu corpo se comporta com o álcool e estar sempre atento a sinais de uma relação pouco saudável com a bebida. Ao menor sinal de abuso, procure ajuda. Principalmente se você tiver casos de alcoolismo na família. 

Qual profissional procurar para tratar o alcoolismo? 

Como o alcoolismo é uma doença multifatorial, seu tratamento também envolve alguns profissionais. Conheça alguns: 

  • Psiquiatras: podem diagnosticar e tratar problemas relacionados à doença, inclusive prescrevendo medicamentos que se façam necessários. 
  • Psicólogos: oferecem uma gama de abordagens psicoterapêuticas que podem ser utilizadas para ajudar o paciente a entender e mudar comportamentos e pensamentos relacionados ao consumo de álcool.
  • Terapeutas de dependência química: são especializados em tratar transtornos relacionados ao abuso de substâncias e podem ajudar em intervenções específicas. 
  • Assistentes sociais: em alguns casos, podem ajudar no acesso a recursos, grupos de apoio como os Alcoólicos Anônimos (AA) e serviços comunitários.

Na Conexa Saúde, você encontra mais de 30 especialidades que podem ajudar no diagnóstico e tratamento de diversas doenças, incluindo o alcoolismo e suas complicações. Esse é um dos benefícios da telemedicina: cuidar da saúde sem sair de casa!


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