A importância do afeto na relação com o adolescente que apresenta sintomas depressivos 

Depressão é definida no dicionário como: “a ação ou efeito de deprimir, de se abater física ou moralmente. Também é definida como uma doença psiquiátrica, de origem crônica, que causa alterações de humor, caracterizada por uma tristeza intensa e permanente”. 

De acordo com o DSM-V (2014), a depressão apresenta características físicas, cognitivas, emocionais e volitivas. Como, por exemplo, alterações de sono e apetite, fadiga e dores crônicas, autoestima rebaixada, dificuldades na memória e concentração, tristeza persistente, perda de sentido das atividades prazerosas, estados de apatia e passividade. 

Apesar de a Classificação Internacional das Doenças (CID-10) denominar alguns tipos de depressão (por exemplo Episódio Depressivo Leve, Episódio Depressivo Moderado, Episódio Depressivo Grave e Transtorno Depressivo Recorrente), é importante ressaltar que cada pessoa irá perceber e sentir seu ajustamento disfuncional de maneira idiossincrática.

Além disso, os fatores biológicos, psicológicos, sociais e culturais influenciam diretamente no modo como entendemos o que é saudável ou adoecido, como entendemos o que é considerado “normal” ou “patológico”.

Tudo é, também, uma construção social. Por isso, levar em consideração a história de vida e o contexto onde a pessoa está inserida, é salutar para pensar e elaborar formas de intervenção.  

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Estatísticas importantes

Pesquisando a temática em alguns artigos, é possível encontrar dados alarmantes sobre o quanto a depressão tem afetado a população brasileira. Fatores como pandemia, desemprego, violência e desigualdade social são preponderantes e relevantes para o desenvolvimento de intensos sofrimentos emocionais.

Quase um milhão de pessoas cometem suicídio a cada ano e os transtornos mentais são uma de suas principais causas. A OMS ainda aponta que a depressão será a doença mais comum no mundo em 2030, afetando mais pessoas do que qualquer outro problema de saúde, incluindo câncer e doenças cardíacas (ETAPECHUSK, FERNANDES, 2018). 

O número de pessoas que vivem com depressão está aumentando drasticamente em todo o mundo. Cerca de 18% entre 2005 e 2015. Em 2017, a doença já afetava 4,4% da população mundial. O Brasil é o segundo país com maior número de depressivos nas Américas, com 5,8% da população diagnosticada, ficando atrás somente dos Estados Unidos, com 5,9% de pessoas acometidas pela depressão, segundo a Organização Mundial da Saúde – OMS (2017) (DIETTRICH, MIRANDA, 2022).

Lembrando que esses dados ainda não dão conta do contexto referente à Pandemia, muitos dados ainda precisam ser atualizados. Mas, de acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde, estima-se que a Pandemia da Covid-19 desencadeou um aumento de 25% na prevalência de depressão e ansiedade no mundo. 

[tie_index]Depressão na adolescência[/tie_index]

Depressão na adolescência

A adolescência é uma fase marcante, por ser crucial para a construção da nossa identidade. E toda construção e desconstrução perpassa por conflitos, mudanças e uma montanha russa de emoções. Por isso, o suporte familiar, a orientação e o acolhimento nessa fase são tão imprescindíveis. 

O diálogo, a construção de vínculos de confiança e o não julgamento são aspectos necessários para o estabelecimento de uma relação saudável entre os adultos responsáveis e o/a adolescente.

“Tendo em vista que nas crianças a depressão pode vir disfarçada de agressividade e isolamento, nos adolescentes, por sua vez, a depressão pode estar relacionada a comportamentos antissociais: mentiras, pequenos furtos, violência, ruminação, comportamentos de autolesão, drogadição” (ETAPECHUSK, FERNANDES, 2018).

[tie_index]Orientação para as famílias[/tie_index]

Orientação para as famílias

É fundamental que as famílias se atentem a alguns aspectos importantes que facilitarão o contato com o/a adolescente.  

#1 – Uma educação baseada no diálogo e não na violência

Evitar posturas agressivas, julgadoras e depreciadoras com os filhos. Muitas vezes, o/a adolescente não comunica o que está acontecendo ou como está se sentindo por não confiar nos adultos que são referência para ele/a.

Reflita se você tem dado abertura para que esse/a adolescente se sinta bem conversando com você. Inclusive, sugiro a leitura do livro “Educação não violenta”, de Elisama Santos.

# 2 – Pergunte como foi o dia, como foi na escola, como foi a saída com os amigos

Mostre interesse genuíno em saber esses detalhes, não seja indiferente. Acompanhe seu filho(a), sobrinho(a), enteado(a) adolescente com amor e zelo.

# 3 – Oriente, converse abertamente sobre tudo

Peça ajuda caso não consiga dar essas orientações de forma adequada. Não existe uma “receita de bolo”, por isso, sempre busque conhecimentos atualizados para proporcionar informação de qualidade ao adolescente quando uma pergunta surgir.

# 4 – Se perceber que o/a adolescente que convive com você está mais deprimido, não hesite em pedir ajuda

Peça ajuda aos profissionais como psicólogos, psiquiatras e solicite uma avaliação.

# 5 – Não se limite a dar presentes. Seja presente

Seu amor, carinho e afetividade podem salvar uma vida.

Referências bibliográficas

  1. DIETTRICH, Marlon; DE MIRANDA MEURER, Luzia. VIDA NO QUE SE TEM DE MAIS PROFUNDO: A DEPRESSÃO NA ADOLESCÊNCIA E UM OLHAR DE ENFRENTAMENTO À LUZ DA ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação, v. 8, n. 1, p. 302-337, 2022. 
  2. ETAPECHUSK, Jéssica; FERNANDES, L. R. S. Depressão sob o olhar gestáltico. Revista Luso-Brasileira de Psicologia, 2018. 
  3. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais- DSM-5; 5. Edição. Editora Artmed; Porto Alegre 2014: 

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