08 de Março – Dia Internacional da Mulher

O Dia Internacional da Mulher homenageia a luta das mulheres por sua participação, em pé de igualdade com os homens, na sociedade e em seu pleno desenvolvimento como pessoa.

Foi em 1977 que a Organização das Nações Unidas (ONU) proclamou oficialmente 8 de março como o “Dia Internacional dos Direitos da Mulher e da Paz Internacional” e, desde então, ano após ano, é comemorada a data em todo o mundo.

Mulher, saúde mental não é coisa da sua cabeça

Hoje é um dia de homenagens, mas não podemos deixar de falar sobre a saúde mental da mulher.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as mulheres sofrem muito mais de depressão que os homens, com uma porcentagem de diagnósticos de 70% para elas versus 30% para eles.

O Brasil é o país com as maiores taxas de depressão na América Latina. 

Essa foi a conclusão do Relatório de Depressão e outros Transtornos Mentais Comuns, realizado pela OMS, que conclui que cerca de 5,8% da população tem a doença.

Ainda de acordo a OMS, mulheres jovens, grávidas ou em período pós-parto (puerperal) e idosas representam a maioria das pessoas que sofrem com o transtorno, sendo que o índice de incidência entre elas chega a ser 150% maior do que entre homens.

Além das questões genéticas e hormonais que levam as mulheres a uma maior propensão à doenças de saúde mental, outra causa a ser considerada tem origem cultural e social: a enorme carga emocional decorrente do que se espera da mulher, pelo simples fato de ser mulher, implicando em uma demanda excessiva.

A boa notícia é que as mulheres são mais conscientes da necessidade de buscar ajuda. No Psicologia Viva, por exemplo, 77% dos pacientes ativos são mulheres.

Mulheres na sociedade de hoje

A mulher de hoje se desenvolve em um meio que estimula a busca de muitos e novos objetivos, motivo pelo qual, frequentemente, acabam tendo que se dividir entre filhos, carreira, autorrealização, relacionamento, e ainda lidam com pressões estéticas e comportamentais.

Para piorar, ainda temos os assombrosos números de violência doméstica.

O risco de uma mulher com problemas de saúde mental sofrer violência no casal é multiplicado entre 2 e 4 vezes em comparação com as mulheres sem o diagnóstico.

A evidência é que 80% das mulheres com problemas de saúde mental e que estão em um relacionamento sofreram algum tipo de violência doméstica, mais da metade sofreu violência física e mais de 40% foram vítimas de violência sexual ao longo de sua vida.

Infelizmente, sabemos que esses números são bem maiores já que a maioria dos casos ainda não é denunciada.

Os dados são sim assustadores, mas essa é uma realidade que pode e deve ser alterada.

Como proceder nos casos de violência doméstica: meta sim a colher!

Vivemos em um cultura em que é comum que seja estimulado o silêncio nos casos de violência doméstica. Temos, inclusive, a fatídica expressão “em briga de marido e mulher, não se mete a colher”.

Esse silêncio acaba favorecendo a impunidade dos agressores e agravando a situação.

A verdade é que todos conhecem algum caso de violência doméstica, nem que seja pela televisão ou jornais. Mas você sabe como agir nessas situações?

Vamos elencar alguns meios para que você peça ajuda ou ajude quem esteja precisando, mas lembre-se de colocar a sua segurança em primeiro lugar, ok?

Canais de ajuda

  • Disque 180

O chamado Disque-Denúncia foi criado pela Secretaria de Políticas para Mulheres (SPM). A denúncia, que é anônima e gratuita, está disponível 24 horas por dia, e pode ser feita em qualquer lugar do país.

Os casos que são recebidos pela central de atendimento são encaminhados ao Ministério Público para acompanhamento e procedimentos posteriores.

  • Polícia Militar (190) – DAR PREFERÊNCIA NOS CASOS DE EMERGÊNCIA

A Polícia Militar deve ser procurada nos casos mais urgentes e de emergência. A vítima ou testemunha pode se encaminhar a uma delegacia comum ou chamar pelo telefone.

Se a violência for flagrada pelos policiais, o agressor será encaminhado à delegacia para registro da ocorrência. Somente na audiência de custódia é que será decidida a manutenção ou relaxamento da prisão pelo juiz.

Atenção! Ao efetuar o chamado pelo telefone, tente manter a calma para ser capaz de fornecer todos os dados necessários para que os agentes possam chegar até o local.

  • Defensoria Pública

A Defensoria Pública presta assistência jurídica para aqueles que não possuem condições de arcar com os custos de um advogado.

Nos casos de violência doméstica, além de fornecer orientações, o defensor público pode auxiliar a vítima requerendo uma medida protetiva judicialmente.

Essa medida, quando deferida, determina o afastamento do agressor da convivência com a vítima, estipulando uma distância mínima entre eles.

A vítima também pode ingressar com ação de divórcio, pensão ou qualquer outro pedido envolvendo a seara familiar, civil ou criminal.

  • Delegacia da Mulher

A Delegacia da Mulher, como o próprio nome indica, é voltada para o atendimento da mulher em situação de agressão.

No entanto, nem todas funcionam 24 horas por dia.

Para saber quais são as delegacias que não fecham, segue mapa com todos os órgãos com esse tipo de funcionamento no país:

Para interromper o ciclo de violência, é necessário reconhecer que você está em um relacionamento abusivo e, assim, tomar as devidas atitudes, como pedir ajuda a pessoas confiáveis ​​e mobilizar a rede de proteção disponível.

Se você for testemunha, não se cale.

É muito comum que em casos assim a vítima recuse ajuda por medo do agressor ou estigmas sociais, mas, mesmo assim, não desista de ajudar.

Se achar que é muito difícil, peça ajuda de outras pessoas próximas ou de especialistas.

A sua ação pode fazer a diferença na vida de uma mulher!

A (re)construção da autoestima

Vítima de violência ou não, a autoestima da mulher deve ser ser um ponto a ser valorizado diariamente. Essa preocupação possui um papel muito grande na prevenção e tratamento de doenças mentais.

No campo da Psicologia, a autoestima é fundamental, já que ela é a avaliação que cada um faz de si mesmo. O resultado reflete em todas as áreas da vida de uma pessoa.

A autoestima direciona a nossa personalidade e interfere em nossas relações pessoais, familiares e profissionais.

A criação ou reconstrução de uma autoestima abalada não é uma tarefa linear, ela sofre alterações, avanços e retrocessos.

Mas você pode tentar repetir essas 4 etapas diariamente:

1. Seja mais construtivo e pense positivo. Nem sempre é fácil, mas tente enxergar o crescimento que cada situação nos traz.

2. Se conheça, se avalie, se entenda. O primeiro passo para a mudança é a aceitação.

3. Aprenda a lidar com as frustrações da vida. Elas irão acontecer inevitavelmente, mas saber lidar com elas é algo que pode ser aprendido.

4. Converse com um profissional de psicologiaVocê não está sozinha. Se achar que está muito difícil lidar com os próprios sentimentos, procure ajuda profissional. Não há nada de errado com isso! Terapia psicológica não é sinal de fraqueza, mas sim de autocuidado.

A mulher, diariamente, cumpre vários papéis, mas muitas vezes esquece o principal deles: ser ela mesma, em sua plenitude, identidade, dissabores e delícias.

Mulher, nesse dia de tantos significados, não se esqueça que tão importante quanto as lutas lá fora é a luta aí dentro. Por isso, cuide-se! 


Referências:

Mirim, L. A. “Balanço do enfrentamento da violência contra a mulher na perspectiva da saúde mental.” Vinte e cinco anos de respostas brasileiras em violência contra a mulher: alcances e limites (2006): 266-287.

Rennó Jr, Joel, et al. “Saúde mental da mulher no Brasil: desafios clínicos e perspectivas em pesquisa Women’s mental health in Brazil: clinical challenges and perspectives in research.” Rev Bras Psiquiatr 27.Supl II (2005): S73-6.

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